Sempre que você precisar

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NAN POV

— Então... vamos começar a aula?

O entusiasmo que eu estava sentindo era raro pra mim.

— Vamos!

— Ah! — Jungkook pareceu ter se lembrado de alguma coisa — Deixa eu ver como tá cicatrizando — ele segurou gentilmente o meu punho e virou o meu braço pra ver a tatuagem.

— Tá direitinho — eu disse, levantando mais o braço pra que ele visse melhor — Tô passando a pomada todo dia.

— Tá coçando?

— Não.

— Quando começar, tenta não coçar, tá?

— E atrapalhar a cicatrização dessa tatuagem maravilhosa? Jamais! — segurei o braço perto do peito, abraçando-o — Ela vai continuar perfeita, do jeito que tá!

Jungkook sorriu, feliz com o elogio.

— Mas se mesmo assim alguma parte ficar falhada, eu retoco pra você. Não se preocupa.

"Que atencioso!"

— Obrigada!

Então, iniciamos a aula. JK deixou que eu sentasse em sua cadeira ao lado da bancada, pegou um outro banquinho pra ele e começou a me explicar sobre os equipamentos e, em seguida, sobre biossegurança:

— Tudo que você toca que não é descartável tem que estar protegido por plástico filme porque você vai estar constantemente em contato com o sangue de outra pessoa. Então, uma vez que você termina, você tem que trocar todos os plásticos.

No dia que ele me tatuou, eu já tinha reparado que ele seguia as normas de biossegurança. Mesmo assim, era bom saber que ele dava importância pra isso na hora de me ensinar.

Ele continuou:

— As agulhas não podem ser reaproveitadas mesmo que seja de alguém da mesma família, porque elas vão ter o contato direto com o sangue. E como elas são perfurantes, precisam ser jogadas em um lixo específico, o... — parecia que tinha dado branco no nome, então completei:

— Descarpack.

Jungkook ficou surpreso por um segundo. Mas logo em seguida, se lembrou:

— Você é médica — ele abaixou a cabeça e levou uma mão ao rosto, com um sorriso envergonhado — Eu tava explicando biossegurança pra uma cirurgiã.

Não pude segurar uma risadinha, até porque era bonitinho que ele estivesse com vergonha só por causa disso.

— Só pra esclarecer, eu não sou cirurgiã. Eu larguei a especialização no meio. E você explicou direitinho!

Ele suspirou.

— É sério! — insisti.

— Bom — ele disse, as mãos agora na bancada — já que você já sabe sobre biossegurança, vamos pra próxima parte da aula — ele se levantou, pegou algo em uma gaveta e voltou. Eram alguns papéis, um lápis e uma borracha — Eu quero ver você desenhando.

— H-hein?

Agora eu estava nervosa.

— Não precisa ficar bom — ele explicou — Eu só quero ver um desenho seu pra ter uma noção de quais são as suas dificuldades, o que você precisa melhorar...

— Ah... ok... mas... o que eu desenho?

— O que você quiser.

Olhei pra página em branco, tentando pensar em algo. Não é como se eu estivesse preparada pra isso. Eu não desenhava desde o colégio. E eu não queria desenhar algo completamente da minha cabeça e passar vergonha.

Desde que você voltouOnde histórias criam vida. Descubra agora