Capitulo 2 - Rotina

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Minha manhã não era muito incomum, eu acordava, fazia minha higiene, tomava um café e tomava minha medicação, bom, quando tinha ... Nos meses que eu conseguia comprar a caixinha eu intercalava, tomava um dia e pulava dois, ou tomava um dia e pulava o outro, era certo ? Com toda certeza, não ! Mais era oque dava pra fazer, após isso saia de casa e ia pro Russel's de dia restaurante e a noite sabe se Deus oque aquilo era ... a Russel's era o único emprego que eu tinha mais se fosse olhar bem eram dois empregos, um diurno e outro noturno, dois salários coisa que eu precisava bastante fora que as gorjetas as vezes ajudavam demais, afinal, eu pagava a clínica da minha mãe, meu aluguel, fora despesas mensais mais medicamento, aposto que estão pensando " Menina do céu, como você paga tudo isso ?" Essa é uma pergunta que eu me faço constantemente e a verdade é que eu não faço ideia ... Passei pela porta do Russel's e pude ver Áurea conversando com Russel sobre algo que daqui não dava pra ouvir, me aproximei me sentando na banqueta e encarando os dois

Russel: Eu vou me arrepender, eu sei disso, mais fale ..

Áurea: Porque a formiga tem quatro patas ?

Céus, não, Áurea era péssima nisso, trocadilhos  que ela achava que era bons o suficiente mais só serviam pra vergonha alheia

Russel: Não faço ideia

Áurea: Porque se tivesse cinco se chamaria fivemiga

Russel: Não ... Áurea, não ... meus clientes vão fugir assim

Comecei a rir e foi quando os dois me notaram

Alexia: Se superou dessa vez ruiva

Áurea: Eu sempre me supero ... Pera aí, não era pra você pegar serviço só mais tarde ?

Alexia: Tenho médico

Informei como se não fosse nada demais

Alexia: Pedi ao Russel pra entrar mais cedo pra poder sair no meio do expediente

Áurea: E como você está ?

Alexia: Não precisa me perguntar isso todo dia ruiva, eu tô bem e ainda não morri

Áurea: Credo, vira essa boca pra lá

Alexia: Um dia todos nós morreremos

Áurea: Em um futuro muito distante, é meio pesado ficar pensando em nossa morte

A verdade é que eu já tinha aceitado a minha, cada dia mais perto, mais próximo, as vezes eu sentia falta de ar e era como se eu ouvisse a morte ali, mais de acordo com o doutor Cassian eu era exagerada e minhas faltas de ar se resumiam a um pequeno ataque de pânico ... passei pra dentro do balcão e guardei minha bolsa em um canto e logo comecei limpando as mesas e varrendo o chão, algumas garrafas estavam espalhadas pela noite de ontem e cigarros pra cada canto

Alexia: Bando de nojentos

Disse pra mim mesma enquanto limpava tudo, Áurea estava por conta do caixa e sabia que o fechamento de ontem estava sendo feito somente hoje, assim que terminei de passar o pano no chão a porta se abriu e alguns clientes foram se acomodando na mesa e apenas deitei minha cabeça no balcão

Áurea: Oque foi ?

Alexia: Acabei de limpar tudo

Áurea: Eis a situação natural da vida, você limpa pra sujar logo depois

A encarei desanimada quando um homem levantou a mão e caminhei até ele anotando seu pedido, quando terminei todo o processo de atende cliente, repassa pedido, busca pedido, entrega pedido, limpa mesa, atende cliente, repassa pedido e o restante já sabem ... notei que já era 14:40 e minha consulta seria as 15:20, peguei minha bolsa avisando a Áurea que voltaria em breve e comecei a andar pelas ruas de Moscou, morava aqui desde os meus treze anos mais nunca me acostumei com alguns pontos da cidade, eram muito espalhafatosas oque fazia a cidade mais parecer um circo do que um local renomado, entrei em um ônibus indo pro bairro que menos gostava aqui mais era aonde eu conseguia atendimento com um preço de banana e eu até gostava do doutor Cassian, ele era um gato apesar de não ser muito meu estilo e se tornou uma grande amigo no decorrer dos anos, desci do ônibus e andei por mais duas quadras quando cheguei em uma casa que servia como clínica, a fila estava enorme pro horário e eu sabia que alguns estavam em situações piores que a minha

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