00: Prólogo

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Seokjin respirou fundo e levantou o telefone. Ele apertou os botões e respirou fundo outra vez. Esperou até ouvir alguns toques e o som de alguém atendendo a outra linha.

— Sim?

— Oi, senhor Ahn? Aqui é o Jin...

— Sobre o seu livro de novo?

— Na verdade, sim, senhor... eu queria saber se a editora publicaria o rascunho do livro? E quando?

Ahn Hyuk foi gentil o suficiente para oferecer a ele a chance de escrever seu primeiro livro publicado. Apenas um curto, nada extravagante, nada profundo. Seokjin não pedia muito, nem mesmo em dinheiro. Só queria a chance de ser publicado, para descobrir como era.

Confiava em sua escrita. Mas, simplesmente não tinha uma ideia sólida de quão boa poderia ser, e queria descobrir. Demorou alguns meses (porque escrevia e rabiscava durante seu tempo livre — quase nenhum), mas finalmente terminou um rascunho de um pequeno livro e o passou para o senhor Ahn. Então, esperou por uma resposta do editor.

E Seokjin esperou, e esperou.

Nas primeiras vezes, senhor Ahn disse estar ocupado, ou que a editora estava ocupada, então o livro não estava sendo impresso. Mas, eventualmente, ele percebeu que a espera estava ficando cada vez mais longa. Seokjin perguntou francamente a ele. O problema era com o livro, certo?

— É, sim, Jin. A editora acha sua história muito séria e triste. Lembre-se que estamos tentando fazer o nome em comédias românticas. Além das histórias de fantasmas, é claro...

— Sim claro...

— Sua história é boa, você sabe. Mas, tem que mudá-la um pouco, torná-la mais leve e mais engraçada.

O orgulhoso escritor de Seokjin não estava registrando o que ele estava dizendo.

— Exatamente onde eles querem que isso mude, senhor?

— A tentativa de suicídio do protagonista, por exemplo.

— Mas, senhor...

— Jovens leitores não vão gostar. Nem os leitores mais velhos. Você entende, certo?

Seokjin suspirou. O resto dele caiu para dentro. A tentativa de suicídio foi um ponto crucial em sua pequena história. Era o ponto em que causaria um impacto real, e algo como um relacionamento poderia começar. Mas, sim, ele viu o ponto que o homem estava levantando. Até ele estava um pouco assustado com sua própria escrita quando chegou a esse ponto. Mesmo assim, foi um ponto crucial!

— Mas, senhor, se eu mudar isso, vai arruinar o efeito que quero dar para a história — ele lamentou. — Não vai ser o mesmo.

— O fato é, Jin, a história é muito séria. A editora quer uma comédia romântica agradável, leve e calorosa. Não esse negócio de suicídio.

Seokjin coçou a cabeça.

— Então a história não tem chance de ser publicada?

— Apenas remova o suicídio. Torne a história mais leve.

— Algo mais? — Seokjin questionou por último.

— É mais ou menos isso. Boa sorte.

— Sim, senhor — Ele desligou o telefone.

Mudar a história seria impossível agora. Não ficaria igual. Teria que ser reformulada ou abandonada, completamente. Então, Seokjin teria que começar do zero. Mas, se ele partir do zero, qual deveria ser a nova história?

A menos que contasse suas experiências estranhas de romance, mas Seokjin não tinha nada sólido no amor. Ele não lia exatamente romances, sabe, apesar de ter conquistado uma reputação com isso. Histórias de suspense policial e literatura clássica eram suas favoritas. O romance estava presente, mas não exatamente, e ele gostava assim. Nem sequer leu o tipo de livro que estava sendo solicitado a fazer — o que, ele agora percebia, era um grande erro.

Seokjin perguntou a um de seus amigos, em desespero.

— Faça uma história de sua experiência de vida, Jin — sugeriu.

— Você está brincando — Seokjin empalideceu.

— Não. Só pode ser uma leitura interessante.

Seokjin lamentou novamente.

— Mas... mas... isso é uma informação altamente confidencial! Eu prometi!

— Então, torne-o ficcional. Os autores já fizeram isso antes.

— Mas, as pessoas iriam adivinhar!

— Não se você mudar até que ninguém possa reconhecê-las.

— Mas, ele faria! Eu não posso deixar meu relacionamento com ele, qualquer que seja, acabar em público.

— Então, mostre para ele antes de enviá-lo, caso queira que as coisas mudem, ou não queira que seja impresso.

— Se ele não me deixar imprimir, não tenho livro! Porque não tenho mais histórias em mim!

— Kim Seokjin, sem plots? Desde quando?

— Desde agora!

O rapaz deu-lhe um tapinha nas costas.

— Você está apenas entrando em pânico. Vá, pense sobre isso. Então encare seu computador e digite.

— Mas, essa história? Sério?

— Claro. Além disso — ele riu. — quem acreditaria que realmente aconteceu?

Ele tem razão, pensou Seokjin, enquanto se sentava à mesa, olhando para a casa deserta ao lado. Era uma história que nem ele mesmo acreditava, até que fosse tarde demais. Era coisa de lendas, romances e fanfics.

Seokjin ligou o computador, ainda pensando no assunto, enquanto o computador iniciava. Ele respirou fundo.

— Espero que ele não fique bravo comigo.

Olhou para o documento branco em branco por mais de cinco minutos, perguntando-se por onde e como deveria começar. Ele decidiu contar a história. Agora, queria saber como. E tudo tinha que começar nas primeiras palavras.

Seokjin finalmente decidiu por apenas uma linha. Ele digitou rapidamente.

Isso é dedicado ao Joon.

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