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Como desgraça pouca sempre foi besteira, as coisas iam além de algo momentâneo, infelizmente, sentimentos também estavam envolvidos. Sem saber como, Maraisa tinha certamente se apaixonado pela melhor amiga, e aquilo era tão louco, tão sem noção, tão longe da realidade, que a morena estava fugindo de todas as pessoas que amava, e de alguma forma tentando enganar a si mesma. 

Maraisa point of view

Estávamos passando por uma avenida qualquer da cidade, meus fones tocavam uma música alta que me impedia de escutar qualquer barulho de fora, passei o endereço para o motorista e logo deixamos o lugar, eu sabia que seria um longo caminho então a ansiedade já me dominava.

"É óbvio que eu não queria deixá-la, mas eu precisei, se eu continuasse perto de todos eu não resistiria, ao menos enquanto estiver distante não tenho chances de encontrar Marília novamente."

Depois de algum tempo, chegamos ao destino, tudo parecia perfeito, um lugar afastado, difícil de encontrar, assim eu finalmente poderia viver em paz. A casa era incrivelmente chique, tinha móveis modernos, dois andares, piscina e um grande jardim. Subi as escadas e fui direto ao meu quarto, pedi para que Henrique subisse com as malas e Tereza arrumasse as roupas no closet.

Fui ansiosa até o escritório, lugar onde eu iria passar a maior parte do tempo. Assim que adentrei o local fiquei completamente encantada, era um lugar magnífico, simplesmente perfeito, seria extremamente agradável ficar ali por longas horas. Sentei na cadeira confortável que estava atrás da grande mesa e abri o notebook, tinham alguns problemas pendentes e eu precisava resolve-los ainda hoje, já que agora o meu trabalho é a única coisa que importa.

Narrador pov's

Era uma manhã de caos na mansão Pereira, Marco e sua esposa estavam extremamente nervosos na sala enquanto Maiara ainda dormia em seu quarto. A ruiva se levanta da cama e faz sua higiene matinal normalmente, estava tensa e parecia pressentir algo ruim mas a penas ignorou e continuou sua rotina. Procurava sua irmã pela casa mas sem sucesso, foi até o quarto de Maraisa porém se assustou ao encontrar o cômodo vazio, apenas alguns móveis, também vazios, sentiu um aperto no coração ao perceber que a irmã havia ido embora, mas no fundo a compreendeu pois sabia que a morena não se sentia bem ali. Saiu do cômodo vazio e foi em busca de seu pai, provavelmente aconteceu algo muito sério para Maraisa ter deixado a casa tão rápido, desceu as escadas percebendo a energia negativa que vinha da sala, Marco parecia nervoso, já sua madrasta parecia não se importar. 

- O que está acontecendo? - Maiara fala chamando atenção do casal.

- A mimada da sua irmã querendo atenção. - Marco disse seco. 

- Sua irmã saiu de casa hoje mais cedo e não disse nada ao seu pai. - A madrasta sussurrou para a ruiva. 

Marília point of view

Despertei sonolenta passando a mão no espaço vazio em busca de Maraisa, mas acabei encontrando um papel dobrado no lugar, me sentei na cama ainda confusa e abri o papel que era preenchido por uma caligrafia perfeita e simétrica. 

"Marília, estou deixando esse bilhete pois não teria coragem de fazer isso olhando em seus olhos, eu tive que ir, eu não me encaixo na sua vida e essa foi a única solução que eu encontrei para não te atrapalhar. Eu não poderia, nem se eu quisesse, estragar tudo que você construiu, não posso ser egoísta dessa forma. O que eu tenho pra dizer pra você é, Seja feliz, Marília, viva seu conto de fadas, liberte-se de mim, embora pareça impossível, eu te garanto que não é, então, por favor, queira isso, eu imploro, não faça nenhuma bobagem, sendo sincera, eu não sei se me perdoaria caso recebesse alguma notícia trágica sobre você. Então, por favor, se cuide, e se não quiser fazer isso por mim, faça por você, apenas faça, por favor. Adeus, me perdoe por tudo isso, eu juro que se eu pudesse, se existisse algum jeito, eu tomaria toda sua dor para mim, eu juro que faria sem pensar duas vezes, mas infelizmente isso não é possível, então tudo que me resta é te pedir perdão.  - Maraisa Pereira"

Tentei resistir, mas falhei, apenas me permiti sofrer sem culpa, e em alguns segundos as lágrimas já rolavam incessantemente em meu rosto.

[...]

Maraisa point of view

Era madrugada de uma sexta-feira, já não dormia a alguns dias, faz uma semana desde que me mudei e desde então uma dor imensa tomou conta de mim e me consumia cada dia mais. Eu estava deitada no sofá com uma garrafa de bebida na mão já pela metade, meu olhos se encontravam vermelhos e já se tornou difícil piscá-los, os últimos acontecimentos e toda essa situação perambulavam insistentemente pelos meus pensamentos. Subi para o meu quarto e fui para o deck de madeira onde tinham uma cadeira confortável e uma pequena mesa de centro, chovia forte e o clima estava frio, uma ótima madrugada, ao meu ver. Parei em frente ao pequeno muro e apoiei meus braços sentindo a brisa gelada bater em meu rosto, logo senti uma lágrima solitária escapar dos meus olhos enquanto tomava um gole do líquido que segurava e continuei ali em silêncio por algumas horas. A noite passava e eu permanecia ali, no sereno da noite, apenas observando o movimento e perdida em pensamentos.  

Continua...


Um amor entre dúvidas - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora