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Maraisa point of view

- Está tudo bem Maraisa, não se preocupe com isso, acho melhor irmos descansar.

Concordei e então subimos os degraus até seu quarto. Deitei na cama e deixei espaço para que Marília se deitasse também, dei três tapinhas no lugar vazio ao meu lado e logo ela se juntou a mim repousando sua cabeça no meu peito, estendi minha mão até seus cabelos longos e loiros já soltos e comecei um carinho suave.

Eu realmente queria beijá-la, era tudo o que eu queria, mas eu tinha medo, medo de estragar a família perfeita que ela iria construir com Murilo, eles se amam e com certeza eles iriam se resolver e serem felizes para sempre, eu só estava ali para atrapalhar tudo, eu não posso arruinar a vida de Marília dessa forma, mas eu não sei o que fazer, se agora ela sabe dos meus reais sentimentos.

Alguns minutos e Marília já havia pegado no sono, pra mim, foi impossível dormir, não conseguia parar de pensar em como teria coragem para agir. Senti meus olhos encharcarem quando cheguei a conclusão da atitude que precisava tomar, mas me segurei e aguentei firme, não posso deixar isso transparecer, era doloroso, mas eu não tenho outra escolha.

Horas se passaram, e eu travava uma batalha com meu próprio sono, escarava o teto tentando não chorar, abaixei a cabeça para encará-la e ela permaneceu da mesma forma, dormindo igual a um bebê, fiquei um certo tempo apenas a observando, logo as lágrimas teimosas que insistiam em sair escorreram pelo meu rosto, senti um aperto no coração quando lembrei do que precisava fazer.

Levantei da cama com cuidado para não acordá-la, sai do quarto e encostei a porta devagar, desci as escadas e juntei minhas coisas, colocando de volta na mochila. Abri uma gaveta na mesinha ao lado do sofá, retirei uma caneta e um pedaço de papel em branco, comecei a escrever e novamente senti um nó se formar em minha garganta, uma dor forte tomou conta de mim e eu já chorava desesperadamente, precisava sair logo dali antes que minha coragem fosse embora.

Escrevi o bilhete e retornei ao quarto onde Marília dormia tranquilamente, deixei a carta no mesmo lugar onde eu estava minutos atrás, fiquei parada na porta por alguns instantes a observando e novamente senti as lágrimas caírem, fechei a porta e desci as escadas com o coração apertado, peguei minha mochila e deixei a mansão, senti que estava deixando um pedaço de mim ali, um pedaço que iria deixar um imenso vazio.

Entrei no carro e dirigi o mais rápido possível para longe dali, o dia amanhecia chuvoso, o relógio marcava 4:00 da manhã, decidi ir em um lugar afastado de tudo, um lugar onde nada e nem ninguém me incomodaria. Passei por uma rua deserta e escura, meus olhos já se encontravam vermelhos enquanto choravam sem cessar, pisei com força no acelerador e descontei tudo o que sentia. Pude sentir o vento forte e gelado da madrugada soprar em meu rosto e tive a sensação de receber um tapa.

Estacionei e desci do carro, me sentei em uma pedra que tinha ali. Nda me importava mais, então fiquei horas ali, apenas observando o nascer do sol.

Era pouco mais de 7:00 da manhã, eu precisava seguir meu rumo, não poderia ficar ali sentada me lamentando para sempre. Voltei para o Land Rover preto e fiz o caminho de volta para casa do meu pai. Eu já sabia o que me esperava, respirei fundo e me preparei mentalmente para encarar meu "querido" pai mau humorado. Destranquei a grande porta de madeira e adentrei a mansão, Marco e minha madrasta tomavam seu café da manhã na mesa, me juntei a eles e servi uma xícara de café tranquilamente.

- Bom dia pra você também senhorita Maraisa. - Marco fala me fitando.

- Bom dia. - Falo seca.

- Onde você estava? Passou a noite toda fora e ao menos me disse onde.

- Isso não importa para você.

- Você trate de me respeitar! Eu sou seu pai e enquanto viver de baixo do meu teto me deve satisfações.

- Ótimo, resolvido então. - Falo me levantando da mesa e indo direto para meu quarto.

Peguei meu celular e disquei o número de Valentina e mandei comprar uma casa afastada de todos, principalmente bem longe de Marília. A mulher do outro lado da linha ficou confusa mas logo acatou a ordem dada, pedi que agisse o mais rápido possível e que hoje mesmo iria sair dali.

Os motivos de nunca ter saído da casa do meu pai era minha irmã, Maiara, desde pequenas somos muito apegadas uma a outra, e não sei se suportaria estar longe dela. Outro motivo são as memórias afetivas desse lugar, vivi momentos inesquecíveis nessa mansão, quando éramos a família perfeita. Mas agora eu não tenho outra opção, não quero ter contato com ninguém, talvez assim eu evite machucar outras pessoas ou ser machucada, eu tenho dinheiro o suficiente para manter a empresa em home office. Peguei algumas malas dentro do closet e coloquei minhas roupas e todos os meus pertences. Esperei até que a casa estivesse vazia, para garantir que ninguém me atrapalhasse. Pedi para que meu motorista buscasse minhas malas e levasse até o carro, quando estava saindo do quarto, fiquei um tempo observando o lugar vazio que foi somente meu por muitos anos. Desci as escadas e fui direto para fora.

Após as malas serem colocadas no porta malas, Henrique sentou no banco do motorista e esperou até que eu desse as coordenadas.

Bom dia, senhorita Pereira. - Disse o homem batendo a porta ao seu lado.

Bom dia Henrique, dirija até a empresa, por favor.

Certo. - Assentiu e então deu partida no carro.

Chegando no prédio avistei Valentina já a minha espera com a papelada para a compra da mansão. Fomos até minha sala e então resolvemos todos os assuntos pendentes, assinei todos os documentos e ela me explicou sobre a vizinhança e localidade o imóvel. Peguei as chaves com o corretor que já havia resolvido tudo com Valentina e sai do prédio retornando ao carro.


Continua...

Um amor entre dúvidas - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora