*-Theo-*
A luz mal adentrava pela aquela pequena janela do quarto e gritos já invadiam os meus ouvidos naquela manhã de segunda-feira.
Mais um suicídio.
Ou como eu gosto de chamar, mais um "homicídio indireto da casa Eichen".
O tumulto no corredor já podia ser escutado. Provavelmente era a hora do café da manhã e as pessoas estavam saindo de seus quartos quando o incidente aconteceu. E pelo eco havia sido nas escadarias.
Nesse lugar tudo faz eco. Tudo ecoa em algum momento.
A ala C é a mais conhecida pelos suicídios dos pacientes. Não sei porquê as pessoas ainda se espantam. Ou talvez o problemático sou eu, que depois de passar 1 ano aqui já tenha me acostumado.
Não é como se fosse surpresa pacientes de um hospital psiquiátrico se suicidarem. Infelizmente eu não tive tanto sucesso quanto eles.
Levanto daquela cama desconfortável e vou em direção a porta com alguma esperança que ela magicamente abra. Tentativa falha.
Fico pensando que a qualquer momento alguém vai abrir essa porta e me tirar desse lugar. Que a qualquer instante mamãe e Tara aparecerão aqui e dirão que estávamos indo para casa . Mas isso não aconteceria. Não aconteceria pois elas não estavam mais aqui.
Não sei que horas são, mas chutaria por volta de umas 7:30. Isso significa que daqui a alguns minutos eles virão me buscar.
Meus pés descalços entram em contato com o piso frio enquanto eu dou voltas pelo quarto. Sempre a mesma rotina. Eu sinto falta de bricar com outras crianças.
Sinto falta da natureza, de sentir a grama nos meus pés enquanto brincava com Tara no jardim. Sinto falta de jogar na pequena liga com as outras crianças, e logo depois passar no sorveteiro antes de ir para casa. Sinto falta das comidas gostosas e de passar na loja de conveniências após a aula. Sinto falta de andar de skate mesmo que eu não fosse muito bom. Sinto falta da mamãe, da mamãe de antes da doença. Sinto falta de Tara, da Tara brincalhona que alegrava meu dia. Mas não sinto falta de Jonathan. Nunca sentiria falta de Jonathan.
Escuto passos no corredor vindo em direção ao meu quarto. Estava na hora.
Minha porta é aberta e 3 médicos com máscaras esquisitas entram no meu quarto.
- 5 aplicações de Hadol. - ouço um deles falar.
Eu sei o que significa. Significa que eles vão me sedar e me levar para a ala isolada. E lá farão infinitos testes.
Um dos médicos se aproxima com a seringa e eu sinto como se algo estivesse preso na minha garganta, é doloroso, destroi minhas cordas vocais me deixando incapaz de emitir algum som. São todos os gritos que eu guardei com o passar do tempo se acumulado na minha goela.
Nesse lugar não adiantava gritar. Mesmo que tudo aqui pudesse ser escutado ninguém ligava. Você só seria mais um maluco no meio de vários outros. Eu demorei um tempo para entender isso.
Sinto uma pontada no pescoço e logo sou levado à inconsciência.
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Acordo suando e com a mesma sensação na garganta de anos atrás.
Casa Eichen. Já fazia um tempo que eu não sonhava com aquele lugar.
Eu sabia que eu não conseguiria voltar a dormir, mesmo que ainda fosse por volta das 7 da manhã. Então, peguei minha toalha e fui tomar um banho.
Já era costumeiro a perda de sono. Não saberia informar quando foi a minha última boa noite de descanso.
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The night of the bands
Fanfic"The night of the bands" ou "A noite das bandas" é simplesmente um dos eventos mais aguardados do ano para os moradores de Beacon Hills. E é claro que os "Heart thieves" entraram de novo, eles que ganharam o primeiro lugar no ano passado e pretendia...