Holdland

10 | Recomeço

                    Emy Manchery

Acordo cedo e vou tomar um banho antes das damas de companhia chegarem. Quero um tempo sozinha.
  Antes eram somente eu e Felipe, ter tanta gente perto de mim ainda é agoniante.
 
  Saio do banho com um roupão e uma toalha na cabeça, quando chego no quarto tomo um susto com as damas me procurando até debaixo da cama.

  — Meu deus gente, eu não posso nem tomar um banho sem acharem que eu sumi - digo gargalhando da situação. a pequena Julia e Flávia sorriem junto enquanto Rita fica seria quase saindo fumaça pelas orelhas - Rita, qual a graça da vida se você só fica de cara fechada - digo indo abraçá-la - tem que sorrir mais um pouco - ela não gosta de abraços então fica estática, me separo dela e me viro para as meninas - o que separaram para mim vestir hoje em meu último dia com vocês ?

  - temos um lindo vestido azul para a senhorita - Júlia responde.

  A cor da bandeira de Wendervil é azul, com certeza pensaram neste detalhe de eu voltar com a cor de meu reino.

  - Ótimo,  me separa um vestido simples agora.  Quero ir à praia antes de partir.

 

A praia estava ótima,  o sol não estava tão quente, e a brisa estava muito boa. Mas deu hora de partir.
  Me despeço de frederic com um beijo no rosto. Depois uma reverência para a rainha. Quando vou me despedir do rei ele chega perto o suficiente para falar perto de meu ouvido.

  — não me disse os propósitos de meu irmão.

  — Ele disse que está com Estefano pois não confia no senhor majestade - faço uma pequena reverência enquanto ele se afasta.

  Subo em minha carruagem e ela parte.

  Wendervil não é muito longe daqui, chegaremos em algumas horas, mas não sei ainda se estou preparada para pisar lá de novo.

   

Depois de horas de viagem finalmente chegamos, passamos pelo porto que é na entrada da cidade, poucos barcos haviam ali, estavam velhos e gastos. Passamos pelas vias da cidade onde antes era de casas coloridas, hoje da lugar a marcas de queima. Quando a carruagem passa o povo começa a sair nas ruas e se aglomerar. As vias eram bem largas, o que dava para juntar muita gente, mas foi quando passamos pela praça principal que ficava poucos metros do castelo, que eu pedi ao cocheiro para parar. Fui obedecida imediatamente. Arthur havia mandado guardas para me acompanhar na viagem. Quando desço da carruagem sou acompanhada pelos mesmos.

  Olhar para o povo, o meu povo, era surreal. Saber o quanto sofreram mas agora estou aqui para mudar essa situação.

   — você é mesmo a princesa ? - um senhor já de idade, sujo de terra, com certeza estava arando a terra, me pergunta

  — Sim - digo um pouco alto para todos ali escutarem. - sou Emy Manchery de Wendervil e voltei para o meu povo.

Dito isso todos ali se abaixaram em reverência, com exceção dos guardas que estavam atrás de mim.

— gostaria que se apresentasse dois representantes do povo para tratarmos de suas conveniências. Decidam entre si e que se apresentem até as 17hrs do dia de hoje. O restante, desejo vê-los em breve. - termino o caminho até o Palácio à pé. O clima está agradável, só não contava com tanto lixo nas ruas.

Chegando no castelo vejo as bandeiras de Wendervil com a cobra estampada no nosso brasão, todos os empregados que sobreviveram ao ataque estavam  frente ao palácio. E quando desci da carruagem na acreditei o no que vi, Ama Lili estava ali na minha frente. Perdi toda a minha postura de rainha séria e voltei a ser aquela criança assustada. Corri direto para seus braços e as lágrimas caíram em meu rosto.

— Ama Lili - disse entre o choro - como ? Eu achei que você tinha morrido. - me afasto de seu abraço - todos ficaram aqui ? - aponto para os outros empregados.

— Continuamos aqui minha querida, cuidamos de tudo, todos os dias limpamos todos os quartos e as salas e cuidamos do jardim de sua mãe. Não deixei ninguém aqui perder as esperanças de te ter de novo minha menina. - diz secando minhas lágrimas - agora seja a rainha que eles precisam - ela sai da minha frente.

  Me recomponho e me direciono aos empregados.

  — Gostaria de primeiramente agradecer pelo cuidado que tiveram com o Palácio, irei precisar da ajuda de todos para me reabilitar na realeza - digo sorrindo.

  — Será um prazer alteza - o ancião James, que era conselheiro real de meu pai fala. - estarei aqui para lhe deixar à par de tudo do império.

— Pode contar comigo também alteza - diz Charles, ele tem a minha idade crescemos juntos no palácio mas não brincávamos muito juntos pois meu pai não me deixava brincar com criados, não por ele, mas os outros que faziam parte do conselho criticavam muito. - hoje sou o mago real - diz em tom brincalhão.  O mago não fazia nada mais nada menos que guardar papiros e coisas antigas em uma sala. Ah e fazer perfumes e remédios.

— Claro que você seria o mago - digo rindo.

— Conte com todos nós alteza - disse o chefe da guarda. Acho que é Kai o nome dele.

  — Muito obrigada a todos. Semana que vem daremos um banquete aos 6 reinos para a minha coroação,  precisarei da ajuda de todos. Ancião, pode marcar uma reunião por favor pra daqui a uma hora com todos do conselho que sobrou?

— Claro alteza. Peço permissão para me retirar.

— Pode ir. - falo ao ancião - Kai, quantos guardas oficiais do palácio nós temos ?

  — Temos apenas 200 alteza - diz com tristeza - perdemos muitos homens, e não temos mais jovens para se alistar, todos jovens que tem já estão na guarda.

  — Tudo bem kai, na reunião do conselho resolveremos isso. Os 10 guardas de Holdland que vierem comigo  estarão sob a suas ordens.

— Ama Lili. Mande preparar um ótimo almoço e que seja servido no campo atrás do Palácio, ainda existe aquela mesa ?  - Lili afirma com a cabeça - Ótimo, quero todos os empregados almoçando comigo. Peça para preparar uma mesa para os soldados que não estiverem em patrulha também. Iremos confraternizar todos juntos.

  Subo para o meu quarto somente para ver como estava. E impressionantemente estava do mesmo jeito em que havia deixado.