Capítulo 5

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4 anos atrás (autora narrando)

  Clary estava parada na porta do quarto de Nathaniel, o coração afundando enquanto tentava compreender o que via. Ele estava sobre uma garota qualquer, alguém cujo nome ele mal devia saber. Quando seus olhos encontraram os dela, paralisados pelo choque, Nathaniel saiu de cima da menina, a pressa e o pavor estampados em seu rosto.

-- Clary, eu... — tentou, mas ela já corria, fugindo antes que ele pudesse completar a frase.

  Enquanto atravessava a porta, o eco de uma única pergunta martelava em sua mente: por quê? Por que ele fez isso? Ele dizia que a amava... onde havia se perdido aquele amor?

  Nathaniel não sabia que ela havia ido até ele para dizer que seus pais decidiram se mudar para uma cidade próxima. Ela queria compartilhar essa notícia, talvez com esperança, talvez com medo, mas o destino traçou outro caminho.

   Nas semanas seguintes, Clary desapareceu. Mudou-se, trocou de número e cortou qualquer laço, como se quisesse apagar sua existência do mundo de Nathaniel. E deu certo. Ele nunca a encontrou.

  Após aquela noite, Nathaniel Banks tentou de todas as formas alcançá-la. Telefonemas não respondidos, recados que se perderam no vazio. Era como se Clary Rossi tivesse se dissolvido no ar, deixando-o a questionar se ela não era apenas um sonho, uma personagem criada em algum canto de sua mente solitária.

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Presente

  O beijo terminou apenas quando o ar faltou, deixando ambos ofegantes, os corações acelerados. A noite parecia ter voado, e logo chegava o momento em que todos precisariam ir embora.

  Já na porta da balada, sob o céu ainda escuro das 2:12 da manhã, o grupo começou a se dispersar.

-- Vou levar Emily para casa. Tchau, pessoal. - disse Matheo, já se afastando com ela ao seu lado.

-- E eu vou levar Bianca. Até mais! — Lucas seguiu na mesma direção, desaparecendo.

    Aos poucos, todos se foram, restando apenas Nathan e Clary sob a luz fraca da rua.

-- Vou pegar um táxi, deixei meu carro em casa. - disse Clary, segurando o salto nas mãos, sentindo o cansaço da noite.

--  Eu te levo, princesa. — respondeu Nathan, pegando os sapatos dela com um sorriso e caminhando até o carro.

  Clary mal teve tempo de recusar; quando percebeu, já estava sentada no banco ao lado dele. O silêncio os envolveu durante o trajeto, até que Clary quebrou aquietude e falou.

-- Então, acho que tudo volta a ser como antes assim que eu sair desse carro... - Clary disse, sua voz trêmula, enquanto seus olhos se encontravam com os de Nathan.

  Ele suspirou, como se o peso de anos o sufocasse.

-- Não precisa acabar assim. Eu te procurei em cada canto deste mundo por quatro anos, Clary. Quatro anos! Era como se você tivesse se apagado da minha realidade, como um sonho que nunca foi real. E agora você quer que eu simplesmente esqueça esses dois dias? Que apague o fato de que, depois de tanto tempo, te encontrei de novo? Como posso fazer tudo voltar a ser como era? — a dor em sua voz era palpável enquanto ele parava o carro abruptamente, deixando o silêncio da estrada envolvê-los.

    O mundo parecia ter congelado ao redor, mas o ar entre eles estava carregado de tudo que nunca fora dito.

--  Eu... não posso... - Clary murmurou, desviando o olhar para a janela, como se escapar da intensidade daqueles olhos fosse a única forma de se proteger.

  Mas Nathan não deixou. Com delicadeza, ele virou seu rosto, fazendo-a encará-lo, seu toque suave, mas irresistível.

Meu doce DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora