Festa? Festa!!

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A música ensurdecedora me infecta com suas batidas e ritmo alegre, danço e danço no meio da multidão. Jogos uns olhares para uns, pisco um olho para outros. Festas servem para isso. Se divertir e pegar alguém.

Festas são a exceção para a regra de não falar com ninguém, para a regra de que é perigoso. O clima está tenso, e só festas podem melhorar.

Todos tristes e cabisbaixos, com medo da guerra, amigos traindo amigos e inimigos se mostrando extremamente poderosos. Cada vez mais é vista a necessidade de momentos de descontração, de diversão, somos apenas adolescentes sendo obrigados a passarmos pelo pior momento da história.

As vezes, diversão é necessária, e os marotos são ótimos em providenciar diversão.

Paro um pouco e aproveito a música lenta que se inicia para os casais dançarem e vou em direção a lareira, onde um verdadeiro bar foi montado com direito até a uma bancada de barman.

— Aproveitando a festa, White? – O garoto do bar pergunta. Não lembro de comhece-lo, mas ele obviamente me conhece, então sigo a conversa.

— Festas da grifinória sempre foram minhas favoritas, não posso negar. – Falo dando de ombros e apontando com a cabeça para a garrafa de vodka atrás dele. O mesmo entende e começa a preparar minha bebida.

— Somos a melhor casa. – Ele diz com um sorriso convencido. Ah, então ele é da Grifinória, penso, guardando a informação.

— Não foi isso que eu disse. – Afirmo com um sorriso de lado e deixo as moedas para pagar a bebida em cima da bancada. — Bom papo – Falei e dei as costas, dando um gole na bebida e cruzando a sala para ir em direção aos sofás, do outro lado do salão.

Dispositivos de fumaça foram liberados e agora, além da sala estar escura, sendo iluminada por poucas luzes de festa bem posicionadas, também está cheia de fumaça falsa. Além disso, os cheiros se misturam, drogas, álcool, cigarro...

Escuto o garoto do bar gritar:  " A gente se vê!" e apenas dou um tchauzinho com a mão livre.

Até que ele era bonitinho. Penso, dando de ombros. Quem sabe, talvez role algo.

Me sento numa cadeira alta e sozinha, próxima a parede e de frente para a multidão. Do meu lado, no grande sofá vermelho, um casal está se pegando com nenhuma consideração de que estão em um local público.

Mal consigo escutar o barulho de seus beijos e seus atos, a música os abafa e ninguém consegue ouvi-los.

Deito minha cabeça na parede e dou outro gole na bebida, me relaxando mais e aproveitando para descansar.

Não sei quanto tempo se passa até que escuro uma voz que (in)felizmente reconheço.

Maldita escuridão e fumaça que não me permitiram ve-lo chegar.

— Se sentindo solitária? – Fala comigo pela primeira vez em mais de um mês.

— Não entendi o que você quis dizer. – Respondo a Regulus e me viro para encara-lo. Em meio a fumaça, consigo vê-lo e analisa-lo. O garoto estava usando uma camisa de linho branca com alguns botões abertos, uma calça de alfaiataria com um blazer preto por cima. Tinha que ser o príncipe da Sonserina para se vestir assim. Ele não parecia bêbado, tampouco se encaixava na festa, mas ele estava aqui.

Ele estaria vestido de forma luxuosa, se não fossem os malditos botões de sua camisa abertos, e eu talvez possa ter passado tempo de mais olhando para sua pele por debaixo da camisa.

Em meio a pessoas quase sem roupa e jaquetas de couro, Regulus exibe classe e nobreza em sua postura e roupas.

— Você estava encarando os casais com uma cara de... não sei dizer ao certo? Talvez  ódio... – Ele diz fazendo uma cara de confuso e em seguida abrindo um grande sorriso convencido. – Como se quisesse mata-los. O que foi White? Está com inveja? Nenhum dos seus peguetes te chamou para dançar? – Provoca, e finalmente seu rosto se abre num sorriso debochado, e seus olhos apresentam um brilho divertido, eu nunca tinha o visto desse jeito.

Cerrei as sobrancelhas, ultrajada.

— Quem ainda fala "peguete" hoje em dia?

— Eu falo.

Reviro os olhos.

— Tinha que ser. – Bufei e dei um pulo da cadeira, sem aviso prévio e saí andando até o bar, com Black obviamente me seguindo. Mesmo sem eu ter pedido, mesmo sem eu ter mandado, o garoto me segue como vem fazendo há muito tempo. Como uma sombra. — Me vê aquele de menta, por favor. — Pedi para o garoto do bar e me virei, encostando as costas e apoiando meu braço na bancada.

— E você, princepezinho? Vai querer alguma coisa? – Pergunto, soltando uma risada debochada. — Devo dizer que não temos bebidas da realeza...

Regulus fechou a cara.

— Princepezinho seu c...

— Ele não quer nada. – Interrompi, antes que Regulus cometesse um erro. — Obrigado McGuill. – Digo me lembrando de repente do nome do garoto.

Enquanto esperávamos minha bebida, ficamos em silêncio. Paguei e voltei ao lugar que eu estava sentada antes. O casal já não estava mais ali e o sofá ficou vazio. Apesar disso, não sentei ali. Ele estava molhado.

Dei um gole na bebida e virei minha cabeça para Regulus.

— O que você está fazendo aqui?

Ele deu um sorriso de lado e senti meu coração errar uma batida enquanto ele encostava a cabeça na parede e a levantava de leve, expondo seu pescoço branco e fazendo seu cabelo negro cair por entre seu rosto.

A fumaça ainda se fazia presente mas já era em menor quantidade, então conseguia ver os detalhes com mais atenção.

— Não posso gostar de festas? Vim me divertir. – Respondeu.

Soltei uma risada genuína.

— Para de mentir. Nós dois sabemos que você veio por minha causa. Está me seguindo feito um stalker desde mês passado.

Ele mordeu o lábio inferior e se posicionou em minha frente. Pegou o copo da minha mão e o tomou num gole rápido.

— Você tem razão... Podemos ir dançar. – Ele disse, me surpreendendo e mudando de assunto de repente.

O que eu fiz em seguida me surpreendeu mais ainda.

Suprimi um sorriso, e em resposta, peguei sua mão e nos conduzi a pista de dança.

Regulus foi colocar suas mãos em minha cintura, e nesse movimento, percebi que elas eram cheias de anéis, entre eles um com uma pedra verde se destacava. Senti suas mãos pousando em mim devagar, ainda meio hesitante, como se eu fosse quebrar a qualquer momento.

Outra música lenta se iniciou e coloquei minhas mãos ao redor de seu pescoço, não deixando de arranha-lo de leve com as unhas enquanto o fazia.

— Ei! Isso significa que você é meu peguete? – Perguntei me lembrando de nossa conversa à segundos atras e ri, e ele apenas sorriu sem mostrar os dentes. –Afinal, você me chamou para dançar...

Sua resposta consistiu em apertar subitamente minha cintura e girar nossos corpos enquanto dançavamos em sincronia com a música

Meus olhos estavam vidrados nos dele, nossas respirações se encontrado em meio a fumaça. Sua feição marcada, seu rosto bonito, suas mãos em mim... A forma como eu odeio que ele seja filho de quem é. Odeio que ele é um Black. Odeio que ele provavelmente é um seguidor de você-sabe-quem.

Acima de tudo, odeio como ele é bonito. E como consegue me desestabilizar com um olhar.

— Me responde, Regulus. – Eu mando, ordeno. E o garoto sustenta o sorriso, o brilho perigoso no olhar.

Ele aproxima mais seu rosto do meu e sua boca vai direto a minha orelha, ficando à milímetros dela, quando ele finalmente responde e eu posso sentir o seu hálito quente em contato com a minha pele.

– Veremos. — Ele fala. E sinto um arrepio me percorrer.

Regulus é perigoso. Letal. Sua família é mais perigosa ainda. Se meter com ele dá problema.

Mas eu não ligo.

Regulus é como o oceano, uma piscina. Eu me afundo em suas águas cada vez mais.

Não consigo evitar.

Midnight Rain ||| Regulus BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora