Treino de quadribol

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Eram três da manhã e eu havia acordado de um pesadelo. Tentei voltar a dormir, virei-me de um lado para o outro mas o sono não vinha.

Coloquei um pé para fora da cama, me arrependendo instantaneamente pois o chão gelado fez meus pelos se arrepiarem e uma enorme vontade de espirrar me assolou. Corri para calçar uma meia quente e silenciosamente peguei meu livro na mesinha de cabeceira, saindo para o salão comunal.

Deitei-me de barriga para cima e enfiei a cara no livro, nem vi o tempo passar quando escutei a porta de um dos dormitórios masculinos abrindo e fechando, acompanhada por alguns sussurros e murmúrios que foram ficando mais altos. Virei o olho de canto para observar alguns garotos reunidos na frente da lareira, do outro lado da sala.

Voltei a ler até que escutei passos vindo em minha direção e suspirei, sabendo que seria interrompida, tirei o foco do livro e olhei para trás, vendo Regulus parado por trás do enorme sofá verde em que eu estava deitada. Ele brincava com a chama da vela que iluminava minha leitura e que estava em cima da mesinha que ficava encostada nas costas do sofá.

— Bom dia. — Ele falou passando os olhos pelo meu corpo, fazendo com que eu me sentisse um pouco constrangida com a falta de pudor, senti minhas bochechas ficarem quentes e me sentei cruzando as pernas.

Regulus entendeu a deixa para caminhar até mim e se sentar entre meu corpo e o braço do sofá.

— Que horas são? —Perguntei, pegando sua mão e brincando com seus anéis de prata legítima que chegavam a brilhar.

— Quase quatro. — Respondeu, então arqueou uma sobrancelha. — O que está fazendo acordada essa hora?

— Não consegui voltar a dormir, então vim ler. E você?

Ele pegou o livro em meu colo e começou a analisa-lo, então respondeu com a voz mansa.

— Treino de quadribol.

Estalei a língua, eu havia esquecido que Regulus era parte do time, para ser sincera, quando ele está por perto eu tendo a esquecer muitas coisas, sua presença me deixa nervosa e seu olhar me faz imaginar as coisas mais pecaminhosas possíveis.

— Está gostando? — Perguntou segurando o livro com a mão direita.

Encarei "O retrato de Dorian Gray". O exemplar da biblioteca de Hogwarts era bem velho, a primeira edição do clássico, a capa estava com alguns rasgos mas o conteúdo em si estava em boas condições.

— Adorei, é bem mórbido... e gay.

— Alguém falou em gay? — Barty perguntou num tom exagerado, chegando subitamente na conversa. Ele estava sem camisa e com os cabelos bagunçados, se jogou no sofá do meu lado e jogou um braço por trás dos meus ombros.

Regulus se inclinou para a frente, para falar com ele, mas seu rosto se contorceu numa careta.

— Você está fedendo. —Disse se afastando de mim e se grudando mais na ponta do sofá, imitei seu ato.

— A quê? — Barty perguntou franzindo as sobrancelhas e levando o nariz ao braço para cheira-lo.

— À sexo. — Respondi fazendo uma careta.

Barty se recostou no sofá de forma desleixada e deu um sorriso sacana.

— Ah, faz sentido.

Revirei os olhos.

— Vai tomar banho, seu nojento! — Falei em tom zombeteiro e tentei empurra-lo com meus braços mas o moreno nem se mexia

— Não é uma má ideia... vou ver se Evan quer se juntar a mim. — Ele concluiu sorrindo de lado e se levantando do sofá. Parou em nossa frente e fez uma reverência sem jeito para nós antes de nos deixar, andando praticamente desfilando de volta para o próprio dormitório.

Midnight Rain ||| Regulus BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora