Os Três Mosqueteiros.

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-vamos repassar o plano- Daniel engoliu a seco, estava com o coração acelerado, e por ser o mais velho da turma ela não iria demonstrar medo. -eu vou na frente, vocês dois ficam na minha cola, a gente tem menos de meia hora pra fazer tudo entenderam?- questinou o mais velho enquanto olhava para o garoto boliviano baixinho e uma garota com sinal na bochecha e que vestia sua tradicional blusa de lã rosa com um gorro pendurado nas costas.

Os três estavam reunidos em frente a uma casa de muro baixo e um portão enferrujado que qualquer pessoa poderia abrir, aquilo era o tipo de lugar onde em apenas um terreno, havia várias casas. Nesse caso, os quatro imóveis eram divididos por um corredor duas casas na frente e duas atrás, as crianças iriam direto para a última casa da extremidade esquerda, essa fazia parte do grande plano.

-eu quero entrar com você- protestou Brenda, a garota com a blusa rosa, ela estava segurando uma lanterna que provavelmente teria roubado do pai, pois sua mão não conseguia fechar o cabo totalmente.
-você não pode eu o Josué...- Daniel disse apontando com que parecia um pedaço de madeira que havia se tornado uma estaca grotesca para o garoto mais baixo da turma. -vamos entrar e você vai ficar na porta e nos avisar quando alguém aparecer- o mais velho colocou uma mão no ombro da garota e apertou com delicadeza. -eu sei que você tá nervosa ok?, mas vai ser melhor desse jeito, pensa que ele iria querer que fosse assim.

Josué o mais novo da turma e o mais calado também, olhou aquela cena desviou para rua, primeiro para direita e depois esquerda. Parecia que o mundo inteiro em uma própria sincronia havia dormido, tudo em um assustador silêncio, esse sentimento fez o mais novo apertar a corrente que ele mesmo arrancara de sua bicicleta mais cedo e colocou mais próximo ao corpo, depois de tentar afastar os pensamentos e irrompeu o silêncio.

-galera, não tô me sentindo bem, vamo acabar logo com isso- disse o mais novo se aproximando dos dois.
-tem razão Jô- falou Daniel depois de conseguir convencer Brenda a ficar na guarda do portão -lembra do que eu falei, apenas de um grito e depois sai correndo daqui, não se preocupe com a gente- Daniel não esperou a resposta da garota e se virou, estava com medo que a mais nova exitase, provavelmente ele adoraria que ela fizesse isso.

Os dois garotos se aproximaram do portão, forçaram os olhos e o longo corredor estava tomado por trevas, não era possível ver a uma casa a direita dali, porque o corredor fazia duas curvas antes de chegar até lá. Daniel ergueu o braço que pesava horrores agora e tateou o trinco da porta até encontrar o ferrolho que ficava logo embaixo. assim que encontrou o pedaço de metal frio, ele puxou pra sua esquerda e sem muito barulho, tentando ser o mais discreto possível, empurrou o portão para dentro.
Aquilo não estava nos planos, porém não estávamos falando de dois polícias, e sim, de duas crianças, Daniel com 14, e Josué apenas com 11, eles descobriram que aquela escuridão conseguiu ficar mais densa e fria quando atravessaram o portal de entrada.

-usa a lanterna idiotas- Brenda sussurrou quase no ouvido deles, ela estava colada no portão, bem próximos dos dois que não haviam andado um passo depois de estarem no corredor.

Mas um pequeno sussurrou foi capaz de fazer Josué dar um pulo, e, o coração de Daniel subir até a garganta, os dois se viraram e o mais velho estendeu a mão e pegou a lanterna gigante da mão da garota de rosa, ele apenas balançou a cabeça em agradecimento e se virou. O medo logo se amenizou temporariamente por conta do enorme jato de luz emitido pela lanterna, e finalmente, tomando o coragem, os dois amigos, caminharam juntos para os braços da escuridão.

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