Por um fio

3- When you come close, I just tremble

Giovanna respirou fundo antes de entrar no restaurante, ultimamente vinha fazendo muito isso, parou para falar com a Hostess e a mesma foi encaminhar ela para a mesa.
Seu coração acelerou quando percebeu que todos já haviam chegado. Que ele já havia chegado.

Ele estava rindo de alguma coisa que foi dita na mesa, passou a mão no cabelo, que agora estava muito maior, o tempo só tinha feito bem. E então ele a olhou, foi como se tudo estivesse congelado, como se só existesse os dois alí, ele continuou sorrindo, mas era um sorriso diferente agora, ela tentou se acalmar, tentou muito não sorrir, mas era quase impossível.

Ele se levantou quando ela chegou a mesa, os olhos fixos nos dela, o sorriso de um espelhando o outro, o frio na barriga dela ainda estava alí, mesmo depois de tanto tempo. Ela chegou mais perto e ele abriu os braços, tudo parecia em câmera lenta.

Ele segurou os braços dela a encarando e então a puxou para um abraço apertado, o coração dos dois batia como se estivessem corrido uma maratona, ela respirou fundo o cheiro dele, ainda era o mesmo perfume, que ela sempre reclamava que ficava impregnado em suas roupas, mas que ela nunca admitiu o quanto amava aquele perfume.
Ela gostaria de ficar alí, daquele jeito, como se nada tivesse mudado, mas estavam em um restaurante cheio de gente, pior ainda, com mais pessoas na mesa que estavam. Ela deu o primeiro passo e afrouxou o braço, ele percebeu e a largou contrariado.

—Precisa de uma terceira parceria pra gente se ver? —Ele brincou puxando a cadeira ao lado dele para ela sentar.

Ela deu risada sem saber muito o que dizer, o que não era o normal de sua personalidade. Antes de se sentar ao lado dele, deu um abraço em Luci e Glória.

—Por mim teríamos conversado no projac, mas o Nero insistiu em vir aqui. —Gloria disse enquanto analisava o cardápio.

Giovanna entendia o porque, era o restaurante deles, eles começaram frequentar esse lugar quando gravaram salve jorge e seguiram frequentando em a regra do jogo, era um hábito, durante o almoço eles fugiam e ficavam na mesa escondida, conversando e rindo até perder a hora, e quando acabavam as gravações, ou até mesmo dias de folga eles arrumavam uma desculpa para se encontrarem alí, aquele lugar era cheio de lembranças, então de certa forma, ela entendia o porque dele querer falar da terceira parceria alí. Era confortável, era nostálgico, mas também doía.

—Boas lembranças desse lugar. —Ele disse sorrindo e olhando para Giovanna.

—Já sabem o que vão pedir? —O garçom perguntou, interrompendo a conversa.

—Filé à Oswaldo Aranha. —Giovanna e Alexandre disseram juntos e imediatamente riram.

—Certas coisas nunca mudam. —Luci comentou baixinho.

—Muita coisa não mudou... —Ele disse baixo também, mas não baixo o suficiente para Giovanna não ouvir.

Ela engoliu em seco pensando muito sobre esse comentário, não deixou passar também que ele não usava aliança, mas não se permitiu ter esperanças, na verdade essa era a última coisa que ela teria, concluiu que ele apenas esqueceu de coloca-la.

Todos a mesa pediram e quando seus pedidos chegaram eles finalmente começaram a conversar sobre o novo projeto.

—Então, só vão ser nós três? —Giovanna perguntou enquanto tomava um gole de vinho.

—Sim, pensei em trazer apenas vocês três porque primeiro estou sendo quase ameaçada a trazer Helo e Stenio. —Gloria deu risada. —E a dupla dinâmica não estaria completa sem a Creusa.

—E você já pensou em como trazer eles de volta? —Luci finalmente perguntou.

—Eu não quero perder a essência dos personagens, nem quero perder o jogo de gato e rato dos dois, então vão voltar separados, e a Creusa obviamente sendo o cúpido do casal e fiel escudeira da Helô.

—Separados? —Alexandre quase engasgou. —De novo?

—Eles são difíceis, se amam muito e não conseguem viver um sem o outro, mas antes de voltarem de novo, precisam aprender a lidar com a vida profissional. —Gloria elaborou. —Quero trabalhar nisso, mas claro que vão terminar juntos.

—Almas gêmeas. —Luci sorria. —Seria um inferno nas redes se eles não ficarem juntos.

—Eu acho que da para trabalhar nisso, ficou muita coisa a ser trabalhado nos dois em Salve Jorge. —Giovanna por fim disse.

—Bom, se a Gio topou, quem sou eu para falar não? Embora eu ainda ache que eles poderiam trabalhar nisso juntos e não separados. —Nero disse sorrindo. —Como eu já disse uma vez, tudo o que você toca vira ouro Giovanna.

Ele disse essa última parte, o nome todo e não o apelido e soou quase como um flerte, Giovanna tentou lutar contra a queimação que subia pelas suas bochechas e apenas sorriu.

O resto do almoço seguiu com eles acertando os últimos detalhes de tudo e com eles marcando a leitura de texto coletiva com os outros atores que já estavam escalados, ela e Nero sorriam e brincavam um com o outro como nos velhos tempos e ela se perguntou o porque ficou tão nervosa com o encontro, parecia que nada tinha mudado entre os dois.

—Você lembra como começamos a bater os textos? —Ele perguntou sorrindo. —A gente falava um atropelando o outro.

—Era completamente insano. —Ela deu risada.

—Deveriamos trazer isso de novo para os dois. —Ele sugeriu.

—É uma ótima idéia. —Gloria concordou. —Vou mandar o roteiro para os três e vocês podem começar a trabalhar nisso, estou muito feliz que isso finalmente está acontecendo.

—Eu também. —Luci sorria.

Eles conversaram mais um pouco e combinaram o restante das coisas, quando saíram do restaurante já era final de tarde, se despediram, Alexandre novamente a puxou para um abraço apertado, sem dizer uma palavra a largou sorrindo e seguiu para o seu carro.

Ela respirou fundo e ficou parada em frente ao volante, repassando tudo o que tinha acontecido, quando seu celular vibrou.