ACONTECE | niffany shortfic

CLARÃO

Notas da autora em um capítulo separado!

Sejam bem vindes a ACONTECE!

Boa leitura!

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2022.

Nem preciso fazer esforço para chamar a atenção. Mesmo em Hackensack, uma cidade do tamanho de um ovo de tartaruga, as pessoas sabem meu nome, sabem onde eu moro e sabem mais da minha vida do que eu mesma. Tudo bem que o nome Valentine é comum e muitas pessoas com "sangue azul" possuem esse sobrenome. Só que, no meu caso, eu consegui isso tudo sozinha, todo o dinheiro que tenho, consegui com minhas próprias mãos.

Meu pai, coitado, era um zé-ninguém. Minha mãe morreu muito cedo e ele foi quem me criou para os desafios da vida. Uma pena que a bebida consumiu sua alma e tomou conta da sua vida muito mais rápido do que deveria. Ele morreu quando eu tinha uns doze anos, nem me lembro mais do rosto dele agora, só do corpo dele jogado na rua, sozinho, abandonado e sujo, que se tornou uma imagem criada na minha mente fértil conforme as pessoas comentavam.

Com os conselhos dele, consegui subir na vida. Minha loja de varejos, em que eu trabalhava inicialmente como atendente, vendendo roupas, joias e calçados e produtos de beleza, agora é uma franquia própria. As pessoas fazem fila para serem atendidas, bem nas primeiras horas da manhã. E apesar de eu gostar de tudo isso, de toda aquela atenção, preferiria minha vida comum.

Afinal, na minha concepção, alguém que realmente tem sangue azul deveria estampar as capas de revistas que eu estampo, os ensaios que eu faço. Alguém tipo a Rainha da Inglaterra, seus filhos e netos e bisnetos. Alguém que realmente nasceu para isso, alguém que não tenha uma origem humilde e sofrida. Porque esse alguém nunca vai cair na boca do povo que gosta de inventar boatos para desmerecer o sucesso dos outros, pura inveja.

Mas, apesar disso tudo, apesar do peso de não conseguir pertencer ao mundo da fama, acho que amo o que eu faço e amo ser quem eu sou. Amo ser a Tiffany Valentine, cercada por paparazzis rondando suas casas espalhadas pela cidade pequena. Amo ser capa das revistas mais badaladas e mais vendidas das bancas. Amo fazer entrevistas para contar histórias sobre a minha vida nada comum. Amo ser quem eu sou. Agora já não trocaria mais por nada.

Quer dizer, uma coisa e outra, quem sabe...

É por isso que mal consigo pisar no cais com a lancha branca reluzente ao sol forte de Hackensack sem que pelo menos umas dez câmeras espalhem seus flashes pelo meu rosto. O VALENTINE marcado em um dos lados da lancha reluz no sol e cega meus olhos, apesar da lente dos meus óculos escuros tampar metade da vista. Eu dou um sorriso forçado e aceno com uma mão, esperando que Jerome recolha minhas malas e me ajude a levar as coisas para dentro.

- Tiffany, aqui!

- Ei, Tiff, dá um sorriso, gata!

- Faz uma pose bonita, Tiffany!

- Então era verdade a história da casa na praia?

Eu me viro devagar, parando de tentar acender meu cigarro, os pés na areia, para encarar Glenda. Meus filhos estão aqui, os dois gêmeos [N/A: Peço desculpa se eu errar alguns pronomes, na verdade, estou tentando adaptar os gêmeos como não-binários, exatamente como na série, mas algumas palavras ficam bastante confusas em pronome neutro, então relevem alguns dos erros...], provavelmente pela primeira vez. Não se lembram da primeira vez verdadeira que vieram na casa de praia Valentine, tinham apenas dois anos, e eu geralmente uso essa casa apenas para festas badaladas da família, então, quase nunca entramos aqui. Ah, sim, antes que me perguntem, elus são não-binários, e não posso dizer que isso afeta em nosso relacionamento. Continuam sendo crianças que vieram de mim, não faz diferença alguma.