Last Chance: Dangerous Back

Cap.1: 4 Years After

New York City - NY

Point of view Angel 16:27 p.m.

Meus quadríceps estavam contraídos e sentia minhas panturrilhas queimarem. Me sentia exatamente como se estivesse malhando horas em uma academia do bairro, mas na verdade era o tal exercício que eu fazia todos os dias ao subir as escadas pro meu apartamento.

Longas escadarias pro 4° andar do apartamento. Todo dia eu fazia esse percurso, não era a toa que minhas coxas e panturrilhas engrossaram. Afinal, era um bom exercício trabalhando todos os dias os mesmos músculos.

Bem, por onde começo o que me aconteceu nos últimos 4 anos? Minha entrada na faculdade, morando sozinha, longe de Atlanta e da minha família, de alguns dos meus amigos?... É, realmente muitas coisas aconteceram, mudaram e outras nem tanto.

Toda vez que eu parava pra pensar no rumo que segui após a morte do Justin uma caralhada de emoções tomava conta da minha cabeça. Fiquei em negação por alguns meses, sendo bem sincera eu chuto quase 1 ano.

Foi um tempo bastante obscuro e perturbador. Até sair de Atlanta para me mudar para Nova York as coisas eram estranhas. Era como se eu tivesse em um labirinto sufocando dia após dia, as mesmas condolências, os mesmos conselhos e as mesmas palavras.

Quando me toquei de que eu não podia mais viver daquele jeito eu tive que pensar em mim mesma. Lembrei das palavras de vovó, eu era jovem e não iria perder tudo o que o universo tinha a me oferecer. Não esqueci o Justin, jamais, ele vive na minha memória, mas optei por continuar vivendo, afinal eu estava viva.

Depois que conheci o Aster muita coisa mudou, inclusive não me sentia mais sozinha. Ele tem iluminado meus dias, tem dado cor a minha vida e tem me feito se sentir amada mais uma vez. Minha cena favorita sempre era acordar pela manhã pra ir para a faculdade e vê-lo me olhando com aquele olhar apaixonado de quem acorda já querendo carinho.

Sorria grandemente e feliz todas as vezes que pensava nele.

Inclusive já conseguia imaginar a sua imensa felicidade quando ver que lhe comprei sua comida favorita.

Quando abrir a porta do meu apartamento, procurei o botão da luz pela parede até que ascendi. Entrei com certa dificuldade devido as compras que eu trazia, mas consegui fechar a porta na chave e levar tudo pra cozinha.

Suspirei aliviada e passei uma mão na cabeça, notando um silêncio estranho pelos cômodos. Aster? Notei que ele não tinha vindo até mim.

— Aster? — Lhe chamei e caminhei lentamente pela sala, indo na direção do quarto e sentir meu coração na garganta. — Filho... — Parei de falar quando vi ele estraçalhando meu travesseiro. Essa não. — Não acredito que você fez isso, Aster. — Me aproximei da porta do banheiro e ele ficou paradinho enquanto eu juntava o algodão de enchimento. — É a segunda almofada que você destrói! Não vou gastar dinheiro pra você ficar fazendo isso. — Ele baixou a cabeça e grunhiu. Cachorro manhoso.

Levei tudo pro lixo da cozinha que estava tomado por baba de cachorro, tanto na espécie de lã como na fronha.

O meu cachorro me seguiu e ficou parado na porta da cozinha.

— Na próxima vez você vai pro castigo. Tá me ouvindo? — Ele levantou as orelhas e me aproximei. — Não me olhe assim, eu não vou ceder...

10 segundos depois eu já tava sentada no chão da cozinha matando meu bichinho de amor.

— Coisa fofa! Mamãe te ama! — Beijei seu pescoço e ele me olhou. — Finalmente as aulas acabaram. Formatura já passou. Baile fantasia. Vou te levar pra conhecer a cidade do vovô Carl. Você tá ansioso? — Ele deu um uivado e sorri. — Bem, tenho que fazer faxina antes de entregar o apartamento. À noite vou sair com algumas amigas, vai ser a nossa festa de despedida. — Suas orelhas murcharam e dei um sorriso pequeno, colocando ele no chão e me levantei. — Não posso te levar. Vamos pra um bar e o dono é um chato. Não aceita bichinhos lá. — O Aster se deitou no chão e peguei sua vasilha. — Então você vai ficar quietinho, certo? E nada de destruir minhas coisas. — Peguei a banana cortada em rodelas e coloquei em sua vasilha no chão. Ele amava bananas. Era quase um macaquinho.