CAPÍTULO 10: Recomeçar?

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Fazia uma semana que a chuva estava castigando a cidade do Rio de Janeiro. A única solução para Andrea era se trancar em seu quarto e trabalhar em um material de apresentação de um produto novo no mercado alimentício.

Seu relacionamento não andava muito bem. Jonas estava aflito com alguns assuntos de trabalho. Era o que ela imaginava. Ele não se abria, as conversas ficaram escassas de repente. Ela sentia que algo estava acontecendo, mas não queria se precipitar. Se estressar por pouco não era mais uma opção.

O melhor a se fazer era investir em seu trabalho, que crescia a cada dia. Mesmo que a contragosto de Jonas, que achava que ela deveria investir o tempo dela fazendo uma faculdade, um curso de línguas, entre outras coisas que para ela não eram importantes.

Andrea era muito boa no que fazia e seu único investimento era os cursos online dentro de seu nicho de trabalho.

Ela se levantou de sua cadeira e resolveu esticar as pernas andando pela casa. O enclausuramento não era bom em suas condições. Saindo de seu quarto, ela percebeu que a casa estava silenciosa e gostou disso. Desceu as escadas dos aposentos superiores e foi até a cozinha.

— Deseja alguma coisa, senhora?

— Apenas um suco.

— Já providencio. Levo em seus aposentos?

— Não precisa, eu mesma pego.

A empregada não a questionou. Não era do feitio dos empregados de Eleonor questionarem seus patrões. E Andrea, ainda que não fosse a dona daquela casa, deveria ser vista como patroa.

Com um suco de goiaba em mãos e alguns biscoitos caseiros, ela decide retornar para seu quarto.

Contudo, ao passar pelo cômodo onde seu marido mantinha um aconchegante escritório, ela ouviu algumas vozes. Reconheceu a voz de sua sogra e pensou que seria de bom tom ir cumprimentá-la.

— A Andrea já sabe disso?

Andrea parou e ficou aguardando a resposta, pois tudo indicava que com certeza o teor do assunto não era se seu conhecimento.

— Você não pode tomar uma decisão como essa e não comunicar sua esposa, Jonas.

— Ainda vou falar com ela.

— Quando? E se ela não aceitar?

— Andrea não tem opções, mãe. Sou eu que a sustento, ela é minha esposa e vai aonde eu determinar.

— Eu não acredito que você está dizendo essas palavras. Machismo? Sério? — Foi debochada.

— Não tem nada a ver, mãe. Estou dizendo apenas que não faz diferença se conto agora ou... quando estivermos de partida.

— Você não pensa na sua esposa? Não pensa no quanto ela já abriu mão pela sua ambição?

— E o que isso tem a ver? Afinal, não é o papel de uma esposa? A senhora mesma não abriu mão de tudo e foi cuidar da família?

— Somos mulheres diferentes, Jonas.

— Ela não tem escolha.

— E se ela não quiser?

— Já disse. — Estava visivelmente chateado com toda essa inquirição de sua mãe. — E ela não tem como se sustentar, vai viver do quê? O que ela ganha não paga a vida de luxo que está acostumada.

Andrea ouvia tudo do corredor, sem nada dizer. Ela era incapaz de se mover. Afinal de contas, o que estaria acontecendo? Do que eles estavam falando? Por que Elenice a defendia daquela forma?

Não diga: Eu Te Amo. Mostre-me. [Degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora