Capítulo 2

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Já fazia algumas semanas desde que Colin me beijou na floresta proibida, desde então eu só o via de longe, ele me olhava e sorria e eu acenava para ele.

Estava tímida demais para me aproximar, mas eu o observava, os ferimentos se curando e dando lugar a novos, o semblante sombrio quando ele achava que ninguém o estava vendo.

A última aula daquele dia era adivinhação, e eu sempre ficava para ajudar a juntar todas aquelas xícaras, não era boa na matéria e isso me dava alguns pontos extra.

Quando ganhei o corredor, agora vazio, vi Colin parado na parede oposta, ele desencostou e caminhou ao meu lado ainda com as mãos nos bolsos.

- Oi.

- Oi, Colin.

- Como você está?

- Bem, e você? - eu apertava as mãos tentando conter a ansiedade.

- Bem - aquele sorriso de novo.

- Andou me evitando.

- Eu? Não. Eu não sabia se você queria ser vista comigo... esperei o quanto pude, mas senti saudade.

- Porque eu não ia querer ser vista com você?

- Você sabe...- ele disse de forma casual - o lance do sangue ruim e tal.

Eu parei no meio do corredor, encarando-o.

- Eu não sou assim, Colin.

- Nesse caso, Bunny...

- É Bonnie.

- Eu sei, mas te dei esse apelido depois de ver você como um coelhinho assustado fugindo do lobo.

- Você é um idiota.

- Eu sei disso também.

Ele andou até o outro lado do corredor e abriu uma das portas, fazendo sinal com a cabeça para que eu entrasse.

- O que tem ai?

- Eu não sei. Deve ser a sala de história da magia ou algo assim.

- Algo assim?

- Eu não faço essa matéria.

Eu dei de ombros e entrei na sala vazia, composta de varias mesas em forma de arquibancada e a mesa do professor é frente.

- Parece um teatro, ali poderia ser um palco. Você quer cantar? - Colin subiu no palanque em um salto.

- Eu não canto.

- Todo mundo canta.

- O que estamos fazendo aqui?

- Conversando - ele encostou na mesa do Professor e cruzou os braços a frente do corpo.

- Com frio?

- Não.

- Está mentindo... você nunca usa capa?

- Depois de alguns acidentes com portas e vasos sanitários, eu parei de usar.

- Está brincando?

- Na verdade não.

Nós rimos e eu me aproximei dando a volta e subindo no palanque pelos degraus laterais, me sentei ao lado dele ao que deu início á um longo silêncio.

- Tem sido um ano difícil pra vc, não é?

- Um pouco, mas eu fui petrificado no meu primeiro ano então acho que dou conta de uma escola tomada por supremacistas de sangue que querem a minha morte.

- Você leva tudo como piada?

- Não... mas se deprimir não adianta nada.

- Você podia ter ficado em casa esse ano, muita gente ficou.

Valente - Collin CreeveyOnde histórias criam vida. Descubra agora