Haether - Salvis

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Tudo isso denovo...

Isso é oque se passa na minha cabeça enquanto meu pai me batia pela milésima vez, denovo e denovo, como um ciclo sem fim, eu não sabia oque tinha feito pra merecer isso na minha vida. Eu acho que meu pai tem razão, eu não dou digno dos céus e mereço sofrer na terra por meus pecados, essa é a única explicação...

Enquanto meu pai me batia com cinto eu fico encolhido no canto do meu quarto segurando o choro mas as lágrimas insistiam em descer do meu rosto sem eu querer, eu levanto o olhar quando ele para por um momento, os olhos dele eram de puro ódio e nojo, de mim.

-VOCÊ AINDA TA CHORANDO?! ENGOLE ESSE CHORO SEU VIADINHO DE MERDA!- Ele diz com tanta raiva que ele quase cuspia no chão, eu me encolho pelo grito e o olho com dor e ódio no meu peito. Aos poucos eu vejo ele se acalmar e ele segura o cinto ainda com força e olha pra mim de cima a baixo como se eu fosse um lixo qualquer, com desgosto, como se eu nem fosse seu filho.

-Você com certeza foi o maior erro da minha vida, você nem ao menos merece ter o sobrenome Phelps no seu nome- Ele diz ainda me olhando com desgosto de forma rígida, mas ele apenas coloca o cinto novamente e sai do meu quarto batendo a porta com força.

E eu fico ali, no chão, chorando com as mãos enterradas entre meu cabelo, eu os segurava com força como se quisesse descontar toda a angústia e dor que eu sinto durante todos esses anos, meu corpo tremia sem eu ter o menor controle, era como de ele tivesse vida própria, minha dor estava indo de dentro para fora de mim mesmo sem eu querer, eu não sei e não entendo o porquê isso continua acontecendo comigo, eu não entendo! Não entendo! Não entendo!

Eu estava em silêncio e apenas me levanto dali cambaleando por causa da dor dos meus machucados e vou andando em passos curtos em direção a cama do meu quarto e me ajoelho com um pouco de dificuldade e fechos os olhos começando a rezar como todas as noites.

-Deus, por favor, eu sei que errei como ser humano e sou uma desonra pra ti, eu não queria ser assim, eu realmente sinto muito por ter nascido dessa forma e ser um pecado, mas por favor, se eu senhor puder ter um pouco de compaixão por mim, me ajuda a não ser mais assim... amém- Eu digo com lágrimas escorrendo por minhas bochechas machucadas, eu engulo em seco e me levanto me deitando na cama e me encolho abraçando minhas pernas e fecho os olhos com força sentindo as lágrimas molharem meu travesseiro.

"Eu não sei o porque isso acontece comigo", é oque eu repito pra mim mesmo todas as noites, mas no fundo, eu sei o porquê...

Com isso eu fecho meus olhos e começo a adormecer lentamente, meus sonhos eram o único lugar onde eu tinha paz. Na manhã seguinte eu acordo com o barulho do despertador, eu logo o desligo e me sento na cama e levo meu olhar aos meus pés, eu fecho os olhos por um segundo respirando fundo antes de me levantar e começar a me arrumar para ir a escola. Eu termino rapidamente e escondo meus machucados que não havia como eu cuidar deles agora, eu vou andando em direção a cozinha com a casa silenciosa, como todas as manhãs que era a hora que meu pai estava na igreja, logo apenas tinha os meus passos naquele local solitário que eu chamava de lar, logo chego a cozinha e tomo meu café silenciosamente e lavo a louça antes de pegar a mochila, eu apago a luz e tranco a porta e saio dali indo em direção a escola.

Meu amor é paranormal - SalvisOnde histórias criam vida. Descubra agora