Capítulo 4

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P.O.V. Maya Bishop

Nunca fiz um esforço tão grande na vida quanto para apertar a mão de Carina naquele momento. Minha cabeça doía e meu corpo não correspondia a qualquer comando. Até que finalmente consegui abrir os olhos e a imagem de Carina me olhando espantada invadiu meu campo de visão. Tento pronunciar alguma coisa, mas não consigo.

- Calma, meu amor, já estão chegando. - assim que Carina fala isso, Amelia aparece acompanhada de duas enfermeiras. A mão da italiana solta a minha e sinto falta do contato, mas eu não tinha força suficiente para protestar.

- Vamos lá, Maya. Acompanhe o meu dedo, ok? - sigo o dedo de Amelia com o olhar e em seguida uma luz. - Consegue falar? - nego com a cabeça e ela sorri e assente, voltando-se para Carina. - Sei que tudo que você deseja é ficar com a sua esposa agora, mas é importante fazer alguns exames agora. Logo, logo vamos trazê-la de volta.

E foi assim que me tiraram daquele quarto e fiquei o que pareceram horas fazendo exames e ouvindo conversas de médicos. Durante esse tempo, consegui pronunciar algumas palavras. Ainda não conseguia formar frases grandes, mas minha consciência havia voltado. Amelia me disse que provavelmente em alguns dias eu estaria me comunicando normalmente, o que me tranquilizou.

Quando percebi que estava voltando ao quarto, não pude conter minha felicidade. A única coisa que eu queria agora era segurar a mão da minha esposa e que ela me contasse tudo que aconteceu, porque até agora ninguém me falou nada e eu preferi esperar e escutar de Carina. Ao chegar lá, quase infarto ao olhar para ela, que estava adormecida na poltrona, e perceber sua barriga sobressalente na blusa. Ela está grávida? Mas antes que eu pudesse surtar ela acorda e dispensa as enfermeiras, vindo até mim e acariciando meus cabelos.

- Eu quase morri de saudade, bambina. - deixa um beijo em meus lábios e me esforço para pronunciar algumas palavras.

- O que aconteceu? - perguntei e levei minha mãe até sua barriga em um movimento quase em câmera lenta.

- Aconteceu que o teste estava errado. Nós vamos ser mamães. - consigo sorrir e ela continua. - Olha só o que o Jack comprou. - me solta por alguns segundos e volta com uma roupinha de bombeiro. Comecei a chorar instantaneamente. - Ei, meu amor, não chora, o pior passou. - Carina deita ao meu lado e volta a falar. - Sei que não te explicaram tudo, então vou fazer isso. Você caiu e bateu a cabeça quando estava correndo na esteira. Acredito que o que agravou a situação foi que passou algum tempo até ser socorrida. Eu passei na estação para falar com você e encontrei você desmaiada no chão. - aperto sua mão ao sentir sua voz embargada. - Tive tanto medo de perder você, Maya.

- Nunca. - afirmo e ela sorri. - Menino ou menina?

- Ainda não sei. Estou muito curiosa, mas preferi esperar que você acordasse. Ou saber na hora do nascimento. Mas hoje foi um dia de bênçãos. Sente. - guia minha mão e sinto o bebê mexer. - Hoje foi a primeira vez que eu senti. Você acordou no exato momento. Nem nasceu e já te trouxe de volta para mim. - não sabia o que falar. Eu lembrava muito bem o momento péssimo do nosso relacionamento quando tudo aconteceu. Eu estava perdendo a minha esposa por conta de problemas do meu trabalho, mas não era minha intenção fazer com que ela sentisse que não é importante para mim, porque ela é. Mais que o amor da minha vida, agora vamos ter uma criança juntas.

- Eu te amo. - digo e antes que fale de volta, Amelia entra no quarto.

- Oi de novo, mamães. Boas notícias. Até eu que estou acostumada fiquei impressionada com o resultado dos exames. Maya, você não teve qualquer dano permanente. Lógico que você vai ter algumas dificuldades no começo, mas acredito que eu algumas semanas já vai poder até voltar ao trabalho. - essa era a notícia que eu queria escutar.

Tentei fingir que não estava afetada, mas só de pensar em nunca mais poder atuar como bombeira me fazia ter náuseas. Lógico que irei me aposentar um dia, mas ainda estou jovem demais para encerrar minha carreira, ainda mais por conta de um acidente. - Ah, a fisioterapia já começa essa sexta.

- E quando ela vai receber alta? - Carina pergunta.

- Amanhã pela tarde. Agora se me derem licença, já irei sair porque... - dá um sorrisinho e sussurra algo para Carina que dá uma gargalhada.

- Ela disse...? - questiono depois que a neurocirurgiã deixa o recinto.

- Que hoje vai fazer muito sexo em nossa homenagem. - responde ainda rindo. Entrelaça nossas mãos e leva a boca até minha orelha, mordendo levemente, o suficiente para me fazer arrepiar. - Senti inveja. Mal posso esperar pela sua recuperação, sinto tanta falta do seu corpo, Bella. Do se gosto. - ela enfia a mão por baixo do meu lençol e passa as unhas pelo meu abdômen, me fazendo suspirar alto. - Infelizmente não podemos fazer nada agora, mas em casa eu vou te dar o que você precisa depois de tanto tempo deitada nessa cama. - retira a mão e olho indignada para ela, que apenas dá de ombros. Essa mulher ainda ia me matar.

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