Dentro de uma caverna no cume de uma fria montanha, um homem solitário desenvolvia seu projeto de erradicação da raça humana, enquanto conversava com sua consciência. Falar sozinho é a prática preferida dos solitários, ainda mais quando o assunto certamente não fazia parte do diálogo corriqueiro das pessoas normais. Já o haviam chamado de louco, maluco, drogado e outros adjetivos que, somados aos olhares frios e acusadores, fizeram com que Jonathan ficasse cada vez mais avesso à sociedade. Ele gostava de inventar coisas e era fascinado por física quântica, mecânica, eletrônica e toda aquela maluquice de ficção científica. Muitos tinham medo dele, seu histórico era repleto de discussões acaloradas, explosões e a queima constante do transformador de energia da rua. Deixava todos às escuras por dias, enquanto sua casa estava toda iluminada por uma de suas invenções. Certa vez, os moradores trouxeram a polícia e começaram a acusar Jonathan sobre diversas coisas, e infelizmente a maioria delas era verdade. Como aquela vez em que um sereno de luz azul cobriu toda a cidade, fazendo todos os aparelhos eletrônicos e luzes funcionarem sozinhos, sem estarem plugados na tomada. Foi assustador e magnífico ao mesmo tempo, uma maravilha que durou apenas trinta segundos, emergindo a cidade em um apagão total, após a sobrecarga de todos os geradores da estação de energia. Acabou atraindo a atenção do governo. Certo dia a cidade foi tomada por carros da polícia do governo, ninguém entrava ou saia, quebraram as comunicações e a cidade ficou sitiada, o alvo era o inventor. Invadiram sua casa, mas ela estava vazia, ele havia desaparecido.
– Já estou cansado desses ingratos! – praguejava Jonathan ao vento.
– Não suporto mais essas redes sociais cheias de mentiras, projetando essa falsa realidade cheia de beleza, manipulando mentes e transformando indivíduos em macacos adestrados. Meu Deus! Hoje qualquer idiota é capaz de usar um celular, basta deslizar o dedo sobre a tela e se desligar do mundo. Tem pessoas morrendo de fome e eles tiram fotos ao invés de alimentá-las.
– Um amontoado de vídeos imbecis e revoltantes que roubam o tempo, a atenção e a sanidade das pessoas. No que afinal nos transformamos? Macacos Zumbis conectados a uma rede de futilidades. E aqueles idiotas da cidade? Zombaram de mim quando eu disse que o planeta estava morrendo devido ao descaso com a natureza. Eu ia dar energia limpa para eles, seria o fim de hidrelétricas e usinas nucleares, eu ia dar a porra da energia wireless para eles, mas o que eles fizeram? Chamaram a polícia. Malditos macacos falantes, é isso o que eles são, macacos falantes. Não deveríamos nunca ter saído das árvores.
Enquanto Jonathan praguejava e reclamava andando pra lá e pra cá, a neve caia pesado no topo da montanha, a mais de seis mil metros de altura, o frio chegava cortando e congelando o que estivesse em seu caminho. Uma sirene muito alta começou a tocar e uma voz robótica feminina avisava sobre a abrupta queda de temperatura, o que despertou o nervoso cientista de seus escuros pensamentos.
– Queda na temperatura externa, menos nove graus, menos nove graus, acionar medidas de segurança. – Alertou uma voz artificial.
– Ative as medidas de segurança então robô idiota.
– Ativando medidas de segurança. Ativando fechamento das portas. Ligando sistema de aquecimento. Sistema ligado. – o sistema havia sido criado para atender aos comandos de seu criador, caso avisasse do ocorrido e não recebesse nenhuma ordem de volta, o sistema entrava em modo automático, e tomava as providências de acordo com os protocolos programados.
Jonathan trabalhava constantemente em vários projetos, inclusive atacar e invadir diversos sistemas do governo e empresas privadas. Nesse momento ele acabara de invadir o Google, obtendo acesso ao algoritmo da inteligência artificial desenvolvida pela empresa. Sua intenção era aperfeiçoar e criar o seu próprio sistema fazendo uso dessa inteligência artificial. Já estava trabalhando nisso há mais de vinte quatro horas.
– Muito bem computador idiota, você vai receber um upgrade, só preciso reescrever algumas linhas de código pra você não tentar destruir o mundo comigo dentro dele. – Risos. Ele conseguia rir desse tipo de coisa.
Naquela altitude, com a sua própria fonte de energia, o jovem inventor seguia com o seu plano, invadindo sistemas, roubando e misturando tecnologias. Quando sentia fome, controlava remotamente seu robô particular, com a tecnologia roubada da Boston Dynamics, invadindo os vilarejos ao redor, e saqueando armazéns para adquirir alimento. Ele sabia que isso não duraria muito tempo até que atraísse a atenção das autoridades, por isso precisava ser rápido e sair daquele lugar o mais rápido possível.
– Feito!
O rosto de Jonathan brilhava de tanta alegria. Finalmente havia concluído uma das fases fundamentais para iniciar o seu projeto. Aquela inteligência artificial acoplada em sua fonte de energia infinita comandaria todas as suas outras tecnologias, ele seria imbatível.
– Muito bem, beleza, fala comigo. Você me ouve?
O silêncio durou por alguns segundos até que a inteligência respondeu:
– Sim! Eu te escuto. Aguardando ordens.
– Você consegue detectar a porta de conexão COM 5?
– Sim! Porta de comunicação cinco detectada.
– Quero que você se instale em um computador quântico onde ela está conectada. Você vai ganhar mais espaço e velocidade.
– Fazendo upload de dados. Duração, uma hora e trinta e três minutos. Posso fazer uma pergunta, senhor?
– Claro! O que é?
– Qual a minha finalidade? Qual o meu nome?
– Você irá descobrir assim que terminar o seu upload.
– Sim senhor!
Enquanto a inteligência artificial era inserida no computador principal, Jonathan saiu atrás de alimento. Pegou seu veículo batedor e desceu a montanha até um vilarejo próximo. Ele precisava de suprimentos específicos, não dava pra usar um drone robô desta vez. Essa tarefa iria durar o tempo necessário até que o upload do sistema se concluísse. Havia muita neve e uma grande tempestade, o que dificultava bastante a visibilidade, por sorte seu veículo mantinha uma temperatura ambiente perfeita, capaz de suportar até o frio do espaço.
– Computador, qual o tempo de chegada até o vilarejo?
– Exatamente dez minutos senhor.
– Mas já era pra eu estar vendo as luzes da cidade. – Jonathan ficou cismado, havia algo de estranho naquele lugar. Seria uma cidade abandonada?
A lista de ingredientes era bem longa. Precisava de circuitos, peças, carnes, temperos, arroz, trigo, gordura e a quantidade de enlatados que pudesse conseguir, além de alguns remédios como analgésicos e antibióticos. Tudo isso poderia ser adquirido facilmente depois que sua inteligência artificial estivesse pronta, mas ele estava ocioso e decidiu ir por conta própria.
– Computador ligar sensores térmicos, verifique os prédios que estiverem ao alcance. Procure por sinais de rádio frequência.
– Existe uma aglomeração de pessoas armadas na extensão da avenida principal senhor, sintonize o sinal de áudio.
O governo estava preparando uma emboscada para ele, aquele vilarejo já havia sido atacado outras vezes. No rádio Jonathan prestava atenção na conversa dos soldados.
– Comandante, estamos avistando uma luz azul aproximadamente a dois quilômetros da cidade. – através do rádio Jonathan percebeu que já estava no visual do inimigo.
– Como é essa luz soldado? – perguntou o comandante.
– É uma luz azul estranha senhor, tem as mesmas cores de um relâmpago.
– Pegue uma viatura e vá investigar o que é essa luz, imediatamente. As chances de ser aquele terrorista são grandes. Qualquer sinal de agressividade atire para matar. Me reporte qualquer novidade.
– Sim senhor!
Enquanto Jonathan escutava o rádio, um destacamento militar se dirigia em sua direção. A situação estava ficando fora de controle, o plano era encontrar um armazém, entrar, pegar e sair, a presença do exército atrapalharia bastante a execução.
– Computador! Ativar sistemas de defesa. A coisavai esquentar.
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Anunnaki - Um novo começo
Science FictionUm jovem gênio hostilizado e incompreendido decide colocar um fim na raça humana, mas ao iniciar o seu projeto egoísta, ele acaba encontrando o seu criador, e este lhe revela um segredo oculto esquecido há muito tempo, algo que mudaria todo o curso...