Bufou novamente ao ver como sua amiga estava tão cabisbaixa sem sua parceira ao lado, estavam a caminho da escola e, naquele dia, a alfa não poderia acompanhá-los, tendo de encontrá-los na entrada. Revirou os olhos ao escutar um choramingo da ômega ao seu lado e exclamou:
— Yaoyorozu, estamos quase chegando na escola, não precisa ficar chorando assim só porque a Kyouka não pôde nos acompanhar dessa vez.
— Eu me sinto desprotegida sem ela. — Estremeceu, encarando o amigo com os olhos cheios d'água. — Como se fossem me atacar a qualquer momento.
— Não acho que teriam coragem de fazer isso, tem uma marca enorme na sua nuca e não sobraria nenhum alfa vivo caso acontecesse. Eu quem deveria me sentir assim — resmungou, tirando da sua mente se algum dia teria um alfa e poderia andar na rua um pouco mais livre, caso tivesse uma marca em sua nuca.
— Kyouka! — Se sobressaltou ao escutar o grito animado da amiga, sorrindo discretamente ao vê-la abraçada com sua parceira. Jirou fora uma das únicas alfas capazes de se aproximar de Shouto. Além dela, somente Hitoshi também havia conseguido tal feito.
Mesmo tendo sua repulsa por alfas, sabia que não eram todos como ele. Portanto, era inevitável não pensar quantos ômegas passaram pelo mesmo que sua mãe, apenas por ser inferior e ter dado à luz a alguém como ela.
Shouto sabia que sua mãe havia sofrido por sua culpa, sabia que, por ser um ômega, Rei havia sofrido nas garras de Enji Todoroki, ou Endeavor, um dos empresários mais influentes de Musutafu. Ele se sentia culpado por ter causado tanto sofrimento para alguém tão angelical como a sua mãe.
Às vezes, chegava a pensar que nem sequer deveria existir.
Mas Rei esteve por perto quando esses pensamentos tomavam sua mente, sempre deixando claro para o caçula que a culpa nunca fora dele, e sim do alfa amargurado que é Enji Todoroki.
"Não se odeie por ser um ômega, tampouco se culpe por isso. Está tudo bem em ser um, querido. O erro não está em você, e sim na sociedade que acredita sermos fracos."
Mas era inevitável não pensar no quão fraco ele era. Porque ele não conseguiu protegê-la. Falhou miseravelmente com quem mais amava naquele universo.
Sua mãe estava em pedaços, e Shouto prometeu a si mesmo que iria juntar cada pedaço para reconstruí-la.
Porque ele só queria sua verdadeira mãe de volta.
— Terra chamando Todoroki — Shinsou quase gritou no ouvido do meio albino, fazendo-o sobressaltar e encarar o alfa com sangue nos olhos. — Não me olhe assim, você estava pensando demais de novo.
— Sinto muito — murmurou. — Eu só... não consigo parar de pensar na minha mãe. Eu tenho medo dela nunca conseguir superar o que aconteceu.
— Vai dar tudo certo, Todoroki-san. — Momo apertou o ombro do amigo e sorriu, tentando confortá-lo. — A sua mãe é a ômega mais forte e corajosa que eu já conheci, ela vai sair dessa.
O bicolor suspirou, sorrindo sem mostrar os dentes.
— Obrigado.
— Sempre estaremos com você, sabe disso — Kyouka diz, recebendo mais um sorriso simples do amigo.
— Que movimentação é essa na entrada? — Yaoyorozu pergunta, intrigada com o tanto de aluno congestionando o caminho.
— Aparentemente, são os alunos novos que o Aizawa tinha falado — sua alfa respondeu.
— Hm — Hitoshi e Shouto resmungaram, fingindo desinteresse, ainda assim a arroxeada sabia que eles estavam interessados no assunto.
— Parece que são dois alfas — Yaoyorozu comenta, encarando o alfa esverdeado, que ria de algo que o alfa loiro ao seu lado dizia. — Ei, cadê o Kiri e o Den?
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𝐕𝐈𝐍𝐂𝐔𝐋𝐔𝐌, tododeku
Teen FictionEle não pediu para nascer um ômega, não pediu para ser frágil, dependente e submisso demais. Ele não queria se prender ao seu subgênero, não queria viver amarrado e acorrentado nas sombras daqueles que estavam no topo. Por isso, decidiu ser livre, p...