Um carinha de meia altura.

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𝓐𝓵𝓲𝓬𝓮

Depois que a Sr se foi tivemos tempo para nos arrumar.

O Quarto não é pequeno, mas como são duas pessoas vivendo nele, se torna pequeno.

Tem banheiro e até uma televisão, que por incrível que pareça, funciona.

De qualquer jeito, não trouxemos muita coisa.

— Vamos descer logo... — fala meu irmão com a cara emburrada desde que chegamos.

— A Sr disse para esperamos. — Falei colocando minhas roupas na gaveta.

— Desde de quando você começou a obedecer alguém?

— Qual é seu problema? Tá com esse humor de merda desde que chegamos.

— Não queria parar nesse lugar com você. — Falou desviando o olhar.

— Bom, se quer ficar emburrado com alguém, fique com sua mãe, ela tem culpa aqui!

Já estava começando a me estressar tanto com ele, nem dobrando as roupas não estava mais.

— Ela culpada? Não somos culpados por não sermos os filhos perfeitos que eles tanto querem? — Falou dando um sorriso cínico.

— eles? Você então mete o papai nisso? Ele em nem momento mostrou que estava de acordo com isso, e-

— Mais é claro! ele nem sequer falou nada, como sempre.

o tom dele me irrita, e me irrita mais ainda ser interrompida.

— Porra Will qual é seu problema? Por que uma implicância tão grande com o papai ele-

— Meu problema? Qual é meu problema Alice? Porra você literalmente me faz rir, eu não sei se você é ingênua ou idiota mesmo.

Pare de me cortar!!
pensei comigo mesma.

—Pare de ser uma idiota Alice! e acorde para a sua realidade de merda.

—Pare! Eu não quero ouvir mais nada que saia da sua boca!

Eu não quero falar coisas que eu possa me arrepender...

— Alice você-

—CALE A BOCA PORRA, DA PRA PARAR DO SEU DRAMINHA DE MOLEQUE REBELDE? IDAI SE O NOSSO PAI NÃO TE DEU A ATENÇÃO QUE VOCÊ TANTO QUIS? IDAI? EU NÃO PRECISO OUVIR A PORRA DOS SEUS PROBLEMAS!

Eu falei tão alto que quando acabei, estava ofegante.

Olhei para seus olhos, ele não chorava, mais eu senti a dor dele.

O nosso problema é que...

Nenhum de nos aguenta tudo calado.

— Desde quando eu coloquei meus problemas em você? Você era nova demais pra carregar tudo aquilo e-

— Apenas pare de falar mal do papai, ele não é alguém ruim. — o interrompi.

Naquele momento, eu vi seus olhos brilharem por conta das suas lágrimas, mais elas não desceram.

Aquelas lágrimas, eram de dor ou de ódio ?

— por que... porque ele tem que ser um alguém tão incrível pra você? Porra claro que ele iria ser, você não se lembra é não sabe de literalmente nada!então não venham defender alguém como ele.

— olha voc-

-VOCÊ QUER SABER ALICE? QUER MESMO SABER? NOSSO PAI ERA UM PUTO DE UM BÊBADO NOJENTO, QUE CHEGAVA EM CASA QUEBRANDO TUDO!! E SABE POR QUE VOCÊ NÃO SE LEMBRA SABE? PORQUE EU SEMPRE SABIA O QUE IA ACONTECER NO FINAL!

— TODAS AQUELAS VEZES QUE EU PEDIA PARA QUE VOCÊ COLOCASSE OS FONES DE OUVIDOS, ERA PRA QUE VOCÊ NÃO OUVISSE OS GRITOS DA MAMÃE E NEM OS MEUS!

__ PORRA ALICE EU SÓ TINHA 8 ANOS, FODIDOS 8 ANOS.

— AS MANCHAS ROXAS, OS OLHOS INCHADOS, NUNCA FORAM QUEDAS DE BICICLETA CARALHO...

Ele fala tudo aquilo sem algum momento respirar.

— Você era tão pequena... eu,eu não queria que você visse tudo aquilo, poxa você era tudo aquilo eu tinha naqueles dias de merda... eu tentava sorrir ao máximo para você ver o quão estava bem, mas nada estava...

Ele começa a chorar mais e mais.

— eu nou sou assim por que eu quero, mais era um modo de sair daquela realidade. Eu recebi mais pancadas do meu pai do que abraços. E ver ele te tratar como uma princesa não é como ter ciúmes é como ter ... inveja? Sim, inveja!

Ele respira fundo

—eu acho que senti ódio algumas vezes de você, Alice.

Eu não consegui falar nada, as malditas lágrimas desciam pelo meu rosto.

—Mais eu jamais posso sentir ódio da única pessoa que amo. Me desculpe Alice.

Depois de falar tudo o que precisava, ele se levantou e saiu.

Eu apenas fiquei parada no quarto tentando raciocinar tudo.

Foi a primeira vez que meu irmão brigou comigo, e foi a primeira vez que ouvi ele dizer que me amava e me odiava também.

Alguns minutos passram e estavam batendo na porta.

Fui correndo achando que era o Will mais era um carinha de meia altura.

É bonito e tem olhinhos puxados.

— Oi, bom dia.
Fala com um sorriso no rosto.

— você é a Alice certo? — Perguntou.

— Sim. — Confirmo.

—Me chamo Jim-hoom, mais pode me chamar só de Jim! — Continua com o mesmo sorrizinho.

Fofo.

— A Sr.Mary pediu para que eu viesse buscar você e seu irmão, aliás cadê ele?

— ah, a gente teve uma pequena discussão e ele saiu.

—acho bom ele estar no auditório, senão ele leva uma ocorrência.

—vou só pegar meu celular e já volto, pode entrar se quiser.

Ele passa pela porta atrás de mim e solta um sorriso tímido.

—O que foi?

— nada, só que esse dormitório é pequeno pra duas pessoas.

—Minha mãe é uma louca, pelo menos tem duas camas. — Falei calçando o tênis.

—Pronto.

Coloquei o celular no bolso e saímos do quarto, incrível como surgiu gente até do além. Jim ia na frente já que o lugar é grande e eu me perderia facilmente.

— Uma hora você se acostuma com os corredores.

— Espero que sim.

Fomos o caminho todo em um completo silêncio, não era um silêncio constrangedor muito pelo ao contrário foi muito bom.

Depois de uns três minutos andando descemos uma pequena escada e entramos no auditório onde estava lotado de adolescentes.

Vejo meu irmão de longe se sentando ao lado de uma garota loira.

— Chegamos, agora vai ser uma hora ou mais explicando um monte de coisas que os novatos precisam saber.

Ele fala tudo isso me puxando para as duas últimas cadeiras que tinham na última fileira.

Fiquei observando tudo enquanto o Jim não calava a boca, confesso que isso era engraçado já que eu só confirmava o que ele estava me perguntando.

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