57- O amor Pedresa

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Teresa estava destruída, como se tudo que pertencesse a um passado tenebroso tivesse voltado para atormentá-la novamente. De um lado, ela tinha certeza de que o que Tonico havia lhe dito eram grandes mentiras. Acreditar no Deputado Tonico Rocha não era algo muito confiável, mas em boa parte de seu coração algo lhe dizia que o que ele havia dito era verdade.

Quando Teresa perguntou a Pedro o porquê de Tonico ter vindo, ele parecia tenso, e não teria sentido sair tão tarde para vir falar sobre uma reunião. Teresa estava se sustentando em uma parede dos corredores; seu corpo estava em choque. Ela não se sentia bem, mas logo respirou fundo indo em direção aos seus aposentos.

Na Câmara dos Deputados, todos estavam reunidos em uma pequena reunião com alguns deputados debatendo algumas ideias.

- A ideia de criarmos alianças com a França não será aceita! E eu já havia falado sobre isso, respeitem! - afirmou Pedro em tom alto.

- Eu não entendo suas ideias, majestade. Quer acabar com nossa maior riqueza, os escravos, mas não quer se unir com outros países - afirmou um dos deputados.

- Concordo! - afirmou Tonico. - Os escravos que conseguimos com nosso suor, compramos com o nosso dinheiro quer nos tirar...

- Não são objetos! São pessoas! Vocês os tratam como mercadorias, e alianças com a França não serão aceitas! Acho que não temos mais que falar sobre isso! - afirmou Pedro em ato de ordem.

A reunião foi encerrada por Caxias, e Pedro se despediu de boa parte dos deputados.

Na Quinta de Boa Vista, os corredores estavam vazios, apenas um guarda no corredor em frente ao quarto imperial. Sua postura fazia com que ninguém desconfiasse. Passaram-se exatos trinta segundos, e a quinta estava quieta. As princesas estavam na parte de baixo. O guarda adentrou o quarto imperial, olhou novamente para os corredores e fechou a porta. Logo que entrou no cômodo, fechou a porta e pegou um objeto de dentro do bolso do paletó, colocando-o dentro de uma gaveta da estante do Imperador. Abriu devagar a fechadura da porta, saiu do cômodo e voltou à sua postura de guarda real, posicionando-se novamente à frente do quarto imperial.

Pedro chegou no Palácio e logo se deparou com as filhas.

- Meu pai, como está minha mãe? - perguntou Isabel, preocupada.

- Ela está bem - afirmou Pedro. - Eu tentei trazê-la, mas sabem como é, Teresa... - sorriu.

- O que aconteceu? - perguntou Gastão. - Por que minha sogra saiu? Aconteceu algo?

- Não... ela disse que queria ficar um tempo sozinha. Eu acredito que todos sabemos o porquê... - Pedro olhou para Madalena, que estava sentada no sofá.

- Ela se foi porque quis! Não tenho culpa se minha presença a deixa incomodada... - Madalena sorriu.

- Se minha mãe saiu de casa e o senhor acha isso normal e prefere ficar ao lado de sua tia, então o erro está em você! - afirmou Dina.

- Dina... - Augusto a repreendeu.

- Eu exijo respeito, Leopoldina! Você não sabe o quanto tentei fazer com que Teresa voltasse para a quinta... - Pedro foi interrompido.

- O senhor pensou... e acabou não fazendo o óbvio! Com licença... - Dina afirmou e saiu do cômodo.

As semanas se passaram, e várias cartas chegaram. Pedro escrevia para Teresa, mas nenhuma delas era correspondida.

"Dina fez várias reclamações ao saber que não veio comigo... As coisas aqui estão tão complicadas, Teresa. Os deputados resolveram se juntar na tentativa do Brasil se unir com a França. Em meio a uma guerra entre esses dois países, não podemos tentar nos afiliar com um... O Brasil precisa de paz... Não faremos alianças... Sinto sua falta, Imperatriz... Volte logo..."

O amor Pedresa...Onde histórias criam vida. Descubra agora