A Tranquilidade da Água

O Festival das Lanternas

Quanto mais perto da rua principal da vila eles chegavam, mais movimentada ficava. Os discípulos moveram-se sutilmente para que Lan Xichen estivesse no meio do grupo o tempo todo; algo que Lan Xichen definitivamente poderia apreciar. Apesar dos discípulos ao seu redor, ele podia sentir a multidão de pessoas. O barulho só aumentava de volume, aromas sobrepostos preenchiam o ar e cores vivas e lanternas ondulantes chamavam a atenção.

Lan Xichen concentrou-se em regular sua respiração. O fato de ainda poder ver Jiang Cheng à frente ajudou a estabilizá-lo. Era como um lembrete visual de que ele ficaria bem. Que ele estava seguro. Ele ainda não pôde evitar o violento estremecimento quando alguém quase ao lado deles gritou em voz alta para um companheiro.

"Shi-xiong?" Jiang Yatan perguntou suavemente. "Você está bem?"

"Estou bem," disse Lan Xichen, respirando fundo outra vez. "Não se preocupe comigo."

Ele não queria atrapalhar a diversão dos discípulos. Eles já estavam sobrecarregados com sua presença. Ele deve simplesmente acompanhá-los e deixá-los se divertir.

Jiang Yatan parou na frente dele, de frente para ele, e pegou suas mãos. Lan Xichen notou vagamente dois dos discípulos se afastando do grupo para verificar uma barraca próxima.

"Demore um pouco para se acostumar com isso", disse Jiang Yatan, apertando suas mãos levemente. "Há muita coisa acontecendo. Você pode fechar os olhos; Eu estou bem aqui."

Apertando as mãos de Jiang Yatan, Lan Xichen fez o que ela sugeriu. Ele fechou os olhos, nivelando a respiração, e passou por seus sentidos como se examinasse seu corpo após uma caçada noturna, em busca de ferimentos internos. Quando ele piscou e abriu os olhos novamente, sentiu-se mais no controle. Ainda havia tensão em seu corpo, um estado de alerta que não era totalmente saudável, mas ele sentia que poderia lidar com isso.

"Obrigado", disse ele.

Ela sorriu para ele. "Espero que não se importe que o chamemos de shixiong", disse ela. "Achamos que é melhor do que usar seu nome."

"Não, eu não me importo," Lan Xichen disse com um pequeno aceno de cabeça. "Eu agradeço."

Seus olhos desviaram-se para o lado, certo de que Jiang Cheng já devia ter ido embora há muito tempo. Para sua surpresa, ele ainda estava à vista, conversando com um aldeão de aparência rica.

"O prefeito", Jiang Yatan forneceu. "Tecnicamente, nosso líder de seita também é o chefe da cidade, mas ele disse que a cidade deveria se governar, então ele os fez escolher um prefeito. Eles ainda se submetem a ele quando se trata de casos complicados, mas o prefeito opera perfeitamente por conta própria."

"O líder da seita Jiang é o chefe da cidade de Lotus?" Lan Xichen repetiu, surpreso.

"Tecnicamente, sim."

"Além de administrar a Seita, isso seria uma carga de trabalho impossível."

"Exatamente", concordou Jiang Yatan. "Pelo que entendi, antes de nosso atual líder da seita, o trabalho seria dado a um segundo ou terceiro no comando, com apenas as questões mais complexas indo para o próprio líder da seita. É uma das razões pelas quais o prefeito ainda vai ao Líder da Seita de vez em quando."

"Velhos hábitos custam a morrer", disse Lan Xichen.

E não era ele o principal exemplo disso? Quantas vezes da-ge disse a ele que ele confiava demais quando eles ainda eram jovens. Veja onde isso o trouxe agora.

"Isso, e é do interesse da seita e da cidade manter boas relações."

Lan Xichen acenou com a compreensão. Afinal, fazia sentido. Jiang Yatan deu a ele um último olhar avaliador, antes de dar um passo para o lado. O grupo seguiu em frente, indo de baia em baia. Logo, todos os discípulos estavam comendo figuras de açúcar ou algum outro lanche.