Acordei cedo pra ir pra faculdade, como o Gabriel confirmou na mensagem, o Pedro ia de carona com a gente, eu já era a carona do Gabriel, então à partir de hoje ia ter mais um convidado.
Fiquei esperando na frente de casa, mandei mensagem mas ele não respondia. Geralmente a gente não é de se atrasar. Fui pra porta da casa dele e entrei. Tomei um susto, dei de cara com o Pedro todo arrumado no sofá, calçando o tênis. Tipo, quem começa faculdade sempre vai arrumadinho né, ele tava de calça jeans azul e uma camisa quadriculada, já com a mochila nas costas. Entrei sorrindo na casa, olhei pra ele e desfiz o sorriso. Ele só abaixou a cabeça de novo e continuou calçando.
Andei até a cozinha, a tia tava sentada na mesa tomando café.
— Benção Tia. -Dei um beijo no topo da cabeça dela.— Deus te abençoe meu filho.-
Era comum chamar os pais do Gabriel de tio e tia. Meus pais e os pais dele educaram a gente assim.
Gabriel desceu a escada, sorrindo, animado como se fosse o primeiro dia dele.
Vestia uma bermuda vermelha e uma camisa regata, de chinelo.Ele girou o boné pra trás e empinou a barriga, ficou parecendo aqueles meninos que tu olha a cara e já sabe que são atentados.
— Benção tio!- Ele estendeu a mão dele pra eu beijar. Eu segurei e beijei a costas das mãos dele e ele fez o mesmo.— De manhã cedo na putaria mlk. - Comentei rindo.
A gente se despediu da tia e fomos pra faculdade. Gabí go foi dirigindo, eu fui no passageiro e Pedro atrás. Hoje eu tava animado, a gente foi cantando e rindo.
Gabriel dirigia com uma mão no volante e a outra segurava minha nuca, puxando minha cabeça na direção da dele. Algumas vezes também ele segurava minha mão e colocava na perna dele.
— Que porra é essa, filho da puta! - Eu dizia tirando minha mão da perna dele.
— A gente parece um casalzinho gay feliz, e o Pedrinho é o nosso filho. -Respondeu ele rindo.
— Mano que viagem é essa, de manhã cedo. - Comentou Pedro colocando as mãos no cabelo.
No primeiro bloco da faculdade era onde tinha a administração da facul, Pedro desceu lá, porquê tinha que passar na secretaria. Gabriel mandou um mapa pra ele por whatsapp, e seguimos pro terceiro bloco, o nosso bloco.
Apesar de preferir fazer as coisas juntos, a faculdade que eu queria não era a mesma que o Gabriel, mas era quase no mesmo bloco.
O pai dele era contador, e ele queria seguir a mesma área.Entreguei uns trabalhos lá, e fui pro campus. 10:00hrs e eu já tava morrendo de fome. Comi uns dois pastéis com suco, conversei com a Maria, uma amiga minha de classe. Parece que ia ter uma festa esse final de semana e que uma galera da faculdade ia comparecer. Pensei na ideia e deixei pra dar a resposta depois.
Gabriel chegou por trás de mim, tampando meus olhos e cantando no meu ouvido:
— Nossa Silva tu mudô, fico bonito do nada, quando nós vamo sair, quando vai passar lá em casa...-— Pô nem pra comer eu tenho paz contigo. - Respondi rindo, com a boca cheia.
— Mano, eu vou dar uma passada pra ver como o nosso Pedrinho está, bora comigo? - Ele riu.
Por mais que as coisas não estejam de boa, com esse cara, Gabriel é meu parceiro, sei que ele se sente responsável pelo bem estar do primo e se preocupa com ele.
— Bora lá matar esse cabrito. - Respondi. ( É uma gíria daqui do bairro, tipo, fazer algo como se fosse um sacrifício).
Quando a gente chegou na sala dele, o professor tinha saído, tinha só alguns alunos na sala, com o Pedro, cinco, como era o primeiro dia, pensei que não fosse obrigado ficar até o final.
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O Fut de Sábado
Short StoryUm clube de futebol para crianças, e uma tradição que se manteve mesmo depois de adultos. A história de dois amigos de infância, e a chegada de mais um membro pro time. Que mudaria todo o destino dos envolvidos. 1-"Essa história tem um vocabulário...