2- O Resto do fim de semana

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—Essa cara vermelha e esse sangue escorrendo da boca é do futebol né? - Indagou minha mãe sem tirar os olhos da TV.

Não existiria desculpa melhor:

—É Mãe, mas pelo menos meu time ganhou. - Falei, indo em direção ao quarto.

Meu pai e minha mãe ainda são casados, quando meu tio David morava na cidade, todos os domingos a gente fazia churrasco aqui em casa, com a família dele, a nossa e do Gabriel, lembro de assar carne e colocar no pão, comer tomando coca cola. Tem um quintal grande na parte de trás, umas árvores, é bem ventilado.

Fui pro quarto, tirei a camisa, queria tomar um banho. Quando olhei no espelho que notei: tinha sangue na minha boca, o lábio inferior tava quebrado, embaixo do cílio direito, uma marca vermelha com pontinhos roxos e algumas outras marcas vermelhas pelo rosto, meu peito e ombro também.

—Filho da puta! - Falei em voz alta olhando no espelho.

Fiquei embaixo do chuveiro enquanto a água caía, tava pensando nessa briga e no por quê deste arrombado ter encarnado comigo. "Playboy", como ele disse, meu pai tem dinheiro, mas nunca me gabei por isso, nem humilhei ninguém, nem fiz nada disso. Vesti um desses calções de futebol, afinal, eu só tinha desses e alguns moletons. Como sou muito calorento, prefiro usar em casa roupas com tecidos finos. Sem falar que não apertam, e deixam o cara mais à vontade.

Fiquei deitado na cama de costas, mexendo no celular durante um bom tempo. Não olhei pra trás, mas sabia que era o Gabriel, o único que ousaria entrar assim no meu quarto, e o único com passe livre em casa. 

Ele deitou, em cima de mim, encaixando o quadril dele na direção do meu. Em casa não uso cueca, então senti a rola dele encaixar na minha bunda por cima do short.
Sei que vão achar estranho talvez, talvez nem achem pelo tema da história, mas era muito comum eu ter esse tipo de brincadeira com o Gabriel. Pra gente era normal, julguem como quiser.

—MAS QUE PORRA GABRIEL! - Falei me esquivando dele.

—Aaaa, Então tu sabe quando teu macho chegou né. - Disse ele, rindo e dando um tapinha na minha bunda.

 —Sai porra, tô pra brincadeira agora não. Vai bater uma punheta mano, tá muito atiçado hoje. -Falei num tom sério.

Gabriel estendeu na minha direção as sacolas com os 2 x-saladas e a coca cola, dizendo:—Trouxe o lanche pra ti mano, tu nem comeu nada, ainda bem que a tia do lanche embalou. Sei que tá estressado, mas quero saber o que rolou lá com o meu primo. - 

—Mano, primeiro: o cara me quebrou no futebol, -mostrei o joelho pra ele,— depois vi a mensagem que ele mandou pra ti, sem falar que tava sempre me encarando no jogo com cara feia, e depois no banheiro, fui tirar satisfação né, saber qual era do embasse comigo, aí deu no que deu.

—Pô mano, tava esperando que vocês se dessem bem. Ele vai morar lá em casa agora, vou dividir meu quarto com ele. - Disse Gabriel abrindo o refrigerante que trouxe pra mim e tomando um pouco.

Abri a sacola, peguei um x- salada e disse enquanto comia: —Puta merda mano, que saco, vou ver esse mlk sempre agora.

Gabriel, abaixou a cabeça, escondendo uma risada:

 —Mano, ele vai pra nossa faculdade também, e vai com a gente de carro. 

—Ah velho, não mereço isso não, puta merda! Bora mudar de assunto. Deixa esse trouxa pra lá. - Falar desse cara já tava me dando nos nervos.

Conversamos mais um tempo, sobre a Amanda dessa vez, Gabí teve a ideia de pedir ela em namoro no dia do aniversário dela. Queria fazer uma surpresa, decorar o quarto dela com fotos deles e balões.

O Fut de SábadoOnde histórias criam vida. Descubra agora