1. Tonight.

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Multidões, espaços fechados e pessoas bêbadas.

Joshua evitava ao máximo situações em que tivesse que lidar com qualquer um dos três itens, especialmente o primeiro e o último quando combinados, o que acontecia com uma frequência assustadora entre as fraternidades de sua universidade. Infelizmente era colega de quarto de um extrovertido, que se tornou seu melhor amigo em um curto período de tempo e agora o arrastava para uma festa na casa de algum playboy.

— Faz quanto tempo que você não pega alguém? — Perguntou Mark, na intenção de provar seu ponto. Passara o caminho inteiro listando motivos pelos quais o Dun deveria comparecer no local, tentando convencê-lo de que era uma boa ideia. — Calma, você sequer já beijou na vida? — Adicionou com certo deboche.

— Isso não é da sua conta, mas pra sua informação, já. — Fugiu da primeira questão, afinal nem ele mesmo sabia quando foi a última vez. Ainda não via o ponto em sair de casa para aquilo, não estava planejando nada do tipo e mesmo se estivesse, uma festa seria o último cenário em que tomaria iniciativa para tal.

Conheceu o rapaz ligeiramente mais baixo através do irmão, Jordan, quando passou no processo seletivo da universidade e não tinha condições para alugar um apartamento sozinho. Mark procurava uma pessoa que aceitasse dividir aluguel e, unindo o útil ao agradável, trocaram algumas mensagens e se resolveram, no começo do ano. Passaram-se sete meses desde então e era como se o conhecesse a vida toda, mesmo sendo praticamente opostos em todos os sentidos possíveis. Era grato por toda a ajuda que recebia do garoto, mas em momentos como aquele o xingava mentalmente de todos os nomes possíveis.

—... Tudo que eu tô dizendo é que vai ser bom pra você, cara. — Talvez tivesse saído do ar por alguns minutos, voltando à tempo de capturar o fim da fala alheia. — Conhecer uma gatinha, ou um gatinho, ume gatinhe… Falei certo?

A flexão de gênero pronunciada erroneamente tirou uma risada alta do cacheado, que apreciou em silêncio a tentativa. Um detalhe importante é que não ligava para gênero e pronome, isso valia tanto para os outros quanto para si mesmo. Joshua não se rotulava em quesito algum, encarava rótulos como caixinhas obsoletas e desnecessárias nas quais a sociedade forçava quem fosse diferente.

— Eu já aceitei ir, pode por favor diminuir o sermão e aumentar a velocidade? Nesse ritmo, a gente só chega amanhã. Não que eu esteja reclamando. — Entoou a última parte em volume mais baixo e quebrou a quarta parede, como um rodapé ou uma observação aos telespectadores do sitcom que era sua vida.

Mark resmungou algo ininteligível e pisou no acelerador, ainda respeitando os limites daquela estrada específica. No rádio tocava um pop qualquer que Josh detestava, era quase uma preparação para o que viria assim que chegassem no destino. Sabia que o companheiro de quarto era sensível ao álcool e procuraria os outros amigos no momento em que estivesse bêbado o suficiente para esquecer de sua existência. Não o culpava por isso, faria o mesmo em seu lugar, mas não deixava de ser um incômodo. Tentava planejar de antemão o que faria quando acontecesse, provavelmente encontraria alguma forma de fugir o mais rápido possível e voltar para casa. A parte da carona é que seria complicada.

Não demorou muito até o carro decrépito estacionar, do outro lado da rua devido à movimentação enorme no local. A vizinhança era visivelmente superior, casas e carros que valiam mais que os órgãos internos dos dois garotos juntos, o que deixou ambos boquiabertos e de olhos brilhantes, como crianças visitando a Disney pela primeira vez. Sabiam que os Joseph eram dotados de uma fortuna considerável, mas aquele era o tipo de cenário que só se via em filme. Desceram do veículo — ou seja, Mark desceu e arrastou Josh para fora — e caminharam em direção à residência tomada pelos jovem-adultos embriagados — um deles sendo novamente arrastado. O mais sociável cumprimentava a todos calorosamente até passar pela porta, enquanto o outro o seguia como se fosse sua própria sombra. A música eletrônica em volume estrondoso abalou os ouvidos do Dun, que demorou alguns segundos para se livrar do chiado que o acometeu devido à pressão sonora. Numa questão de cinco minutos tivera um copo enfiado em sua mão, contendo um líquido amarelado que se assemelhava a cerveja, porém sem espuma por cima.

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⏰ Última atualização: Sep 08, 2023 ⏰

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