⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀ O quanto vale sua carreira?
Quando Bruna chegou a Liverpool seu mundo tornou-se pequeno, o ar que lhe faltou quando a notícia de que sua mãe tinha morrido a atingiu o suficiente para sentir-se culpada. Seguir com a carreira de modelo est...
⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀ ⠀O quanto vale sua carreira ⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀ ⠀— Richarlison Andrade៹
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09h30.
Olhei para o relógio na parede e me julguei mentalmente por está atrasado para o encontro que tinha marcado com uma empresária brasileira em um orfanato. Suspirei cansado e fui até o banheiro escovar os dentes, quem sabe passar uma água no corpo. Não demorei muito e logo escolhi uma camiseta branca qualquer e um jeans um tanto quanto largo. Mais uma vez conferir o horário e só então notei que tinha perdido completamente a hora.
Estava focado na estrada quando a sensação ruim bateu no peito, senti como se fosse um aviso de Deus para não seguir com a viagem mas, resolvi ignorar e seguir, fazia um tempo desde que visitei o orfanato e eu tinha algumas camisetas do time para entregar. Quando o taxi estacionou me dei conta de que tinha esquecido meu telefone, ignorei a sensação ruim mais uma vez e paguei o homem. Desci do carro e analisei a fachada do local, suspirei forte e sorri para mim mesmo. Adentrei no local e as crianças que conversavam com uma mulher logo saíram correndo em minha direção. A mulher levantou-se e me comprimentou com um sorriso, mas seus olhos inchados demonstravam que ela estava chorando antes.
— Richarlison! — Uma mulher loura me chamou. — É um prazer conhecê-lo, sou Angelina Hoffman.
— Prazer é todo meu. — Disse simpático.
Angelina estava lá para acompanhar a sobrinha com umas doações que ela estava fazendo para as crianças aproveitou para conversar com minha acessória para tirarmos algumas fotos para o catálogo se sua revista. Descobri algumas coisas sobre a sobrinha da dona dos fios louros. Bruna era seu nome, ela tinha cabelos castanhos, curtos e cheirosos de acordo com as crenças. Foi por Geórgia que descobri que a morena estava triste pela partida da mãe. Eu me senti mal pela garota, me fazia lembrar de que um dia perderia a minha, que tudo seria lembranças. Geórgia se atracou em mim e me levou até Bruna, que estava sentada nos bancos que ficavam em frente a casa principal. Bruna levantou-se e fez menção em sair quando meu corpo agiu por si só e a segurou.
— Não precisa sair. — Eu disse em um sopro.
— Olha, não sei quem é você, por favor me solte. — Ela disse em um tom agradável.
— Por favor. Não converso em português com uma mulher que não seja minha mãe tem um tempo, quero trocar um papo com você. — Menti.
— Fica, por favor. — Geórgia dissera em um tom fofo.
Bruna pareceu se dar por vencida e sentou-se outra vez. Geórgia pediu colo para a mulher que a pegou lançando um olhar sugestivo, eu ri confuso com situação e me sentei também. O tempo passou rápido, Bruna contava como veio morar na Inglaterra e como se tornou modelo, eu contava algumas coisas sobre o futebol e que estava esperando ser convocado para a seleção, algumas conversas banais. Bruna era um espetáculo de mulher, ela decidiu doar todos os presentes que um dia quis para as crianças do orfanato, ela também é dona de um sorriso encantador que estava mascarado pela dor tão eminente. Quando ela se levantou com uma Geórgia sonolenta nos braços eu pude apreciar seu corpo mas, logo tratei de focar na situação, Bruna sorria para Geórgia de forma genuína, com um carinho avassalador que fez meu coração palpitar rápido e descompassado.
— Eu tenho que ir, tenho um evento para ir com minha prima antes do jogo de hoje, pode levá-la pra mim? — Bruna me olhou com aqueles olhos pretos e grandes ainda cheios de afeto.
— Obrigado, Jogador. Por me fazer sorrir depois de uma noite ruim e cheia de dor — Findou ela, me entregando Geórgia.
Peguei a garotinha no colo mesmo sabendo que tinha que correr para o treino, mesmo sabendo que levaria uma bronca daquelas do meu treinador por chegar atrasado, nada importava, meu coração estava batendo rápido demais para pensar com clareza. Uma das cuidadoras logo chegou e me pedindo desculpas, apenas ignorei e me despedi indo atrás de um táxi. A viagem estava tranquila, a sensação ruim tinha passado, talvez nem mesmo tenha sido ruim, apenas uma coincidência. A viagem seguiu tranquila até o estádio, quando cheguei ao portão principal meu assessor me esperava com uma fúria inigualável no olhar, eu o ignorei, era a terceira pessoa que eu ignorava naquele dia e tudo isso pois estava feliz demais para ligar para qualquer um que tentasse acabar com isso.
Descobri por Son, que o jogo daquela noite seria beneficente, alguns digitais influencers e algumas modelos viriam para jogar. Pensei que talvez Bruna viesse e porra saber que naquela mulher tinha mais do que só um belo par de seios era incrível, era maravilhosamente reconfortante. Bruna parecia um caos mas, um caos perfeito que eu me atearia sem pensar duas vezes. Acho que me deitei com mulheres que hoje sequer posso me lembra do nome, nenhuma delas me encantou com uma conversa banal sobre a carreira, nenhuma delas estava em um orfanato doando presentes da mãe para as crianças.
Durante o resto da tarde foquei no treino e só notei que tinha perdido a noção de tempo quando um coreano cansado murmurou meu nome em meio a suspiros. — Vamos pro vestiário, cara.
Segui até o vestiário pensando em como o dia estava sendo aceitável, peguei meu celular e quando o abri a mensagem que brilhou na tela fora exatamente a que eu não esperava ou esperava.
"@brumachado99 está seguindo você."
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Notas da autora:
Bom, oi, eu sei que pode parecer que ele é emocionado ou algo assim, mas a fase 2 vai explicar melhor tudo isso. A aproximação repentina deles vai mostrar um pouco da visão dos dois sobre tudo isso. E mais uma vez, balbúrdia conta a história de amor entre duas pessoas confusas que querem superar seus medos e inseguranças juntas.
