Parte 03
Com a voz embargada Yusuf tentava manter algum controle, quando Cenger contou sobre Sila ele não deu a menor bola, achou exagero quando Cenger lhe disse que ela se parecia muito com sua tia Seher. Yusuf deu-lhe de ombros como sempre, só que não esperava que iria ver o retrato vivo e fiel de sua tia bem em sua frente.
Sila se compadeceu ao sentir a tristeza na voz daquele garoto, e mesmo não o olhando diretamente agora, não pode evitar de vê-lo quando o mesmo abriu a porta de surpresa, era um garoto tão lindo, sentia muito por ele estar tão triste, aliás parecia que todos naquela casa eram tão tristes.
- Porque todos aqui estão tristes? Você está tão triste agora.
- Você não entende...você é igual a ela, é incrível...você, é ela.
- De quem está falando?
- Vem comigo, por favor, eu lhe mostro.
Yusuf abriu passagem para Sila entrar em seu quarto, mais ela teve receio, não moveu-se, e Yusuf percebendo isso tentou fazê-la confiar nele.
- Tudo bem não precisa entrar, espere um minuto que já volto.
Sila ficou exatamente no mesmo lugar, viu pelo canto do olho Yusuf se aproximando, ele trazia algumas coisas nas mãos.
Ele estendeu para Sila algumas fotos, e ela não tinha a menor idéia do que iria ver, até se atentar e sentir seus olhos lacrimejar e sua mente entrar em ebulição.- É...éé...essa sou eu...o que?
Sentiu-se confusa, como podia estar se vendo naquelas fotos, se nunca antes havia visto aquelas pessoas na vida.
- Entende agora? Você é igual a minha tia, é minha tia.
- Eu...euuu sou outra pessoa, outra...
- Sim, mais é como se fossem a mesma, é como se ela tivesse renascido em você.
- Não, eu não sou a mesma...não sou.
Sila começou a se alterar, sentiu seu coração bater muito rápido, Yusuf não entendia naquele momento que aquilo era tão estranho pra ela, quanto pra ele, e continuava a falar cada vez mais rápido, Sila tapava os ouvidos com as mãos, sentiu-se sufocada, acuada, começou a cantarolar novamente...
- Voa Joaninha, Voa Joaninha...
- Ei me escute...como você pode ser tão igual a minha tia?! Quem é você?
Yusuf insistia e sem se dar conta do que fazia tocou nos braços de Sila, tentando fazer com que ela tirasse as mãos dos ouvidos, e o escutasse, mais ela se retraiu encolhida, cantava cada vez mais alto, espremia os olhos tentando fecha-los, tentava se desvencilhar a todo custo das investidas de Yusuf, queria escapar daquele contato, daquele momento confuso, e foi quando tanto piscava em meio a lágrimas que viu surgir no fim do corredor a silhueta daquele homem alto, que era seguido por Cenger.
Yaman caminhava e ela não sabia se era em sua direção apenas, ou em seu resgate, e nem sabia o porque, mais só sentiu muita vontade de se proteger e por algum motivo desconhecido ela sentia que apenas nos braços dele encontraria a paz que precisava naquele momento, foi de encontro a ele e se jogou sem pensar nos braços de Yaman, ainda estava tampando os ouvidos e escondeu o rosto naquele peito forte que a recebeu confortávelmente, Sila se encolhia nos braços fortes que a acolhia com destreza, escutava ao longe vozes gritando, e de repente sentiu-se ser erguida por aqueles braços e aninhou-se ainda mais se escondendo no peito de Yaman, não abriu os olhos deixou-se ser guiada, e alguns minutos depois sentiu quando ele a colocou no chão, o barulho das vozes havia cessado, estava tudo calmo, e silencioso, ouviu apenas a voz dele que a chamava.
