Maria

Capítulo 18

Saco cheio!

Eduardo-

Ouvi, mas algumas besteiras da galera de minha turma, Luísa veio me cobrar do porquê eu não fui à festinha dela, fui até grosso com ela, se não fui foi porque eu não quis, na verdade eu nem me lembrei da festinha tive assuntos mais interessantes para me preocupar esses últimos dias, minha cabeça anda em outro lugar e não em festinhas com um monte de vagabunda, mulher eu tenho a hora que eu quiser e sem contar que nessa festinha só tem gente interesseira e estou querendo me afastar disso e desse tipo de gente.

Me concentro na aula e quase tudo que o professor falou estar no livro que eu li, prestar atenção na aula até que não é ruim assim, toda hora alguém tenta me atrapalhar jogando uma bolinha de papel ou uma tampa de caneta, só agora eu percebo o quanto eu era um verdadeiro babaca, pois eu participava disso até uns dias atrás e realmente é chato demais isso, isso realmente incomoda, imagino o quanto eu incomodei as pessoas que realmente veio em busca de algo sério de uma formação.

Nós filhinhos de papai realmente não temos noção das coisas e achamos que o mundo gira em torno de nosso umbigo, eu imagino quantos alunos nós atrapalhamos com nossas brincadeiras sem graça e sem noção, agora entendo bem o que minha mãe e Maria estavam falando, realmente eu sou um carinha mimado que não quer nada da vida.

Ou eu dou um rumo em minha vida ou vou ficar estacionado na linha do tempo e meus planos são maiores do que isso, maiores do que uma turminha de faculdade, nossa aula acabou estou juntando minhas anotações quando Lucas se aproximou e me questionou;

- E aí maluco, qual foi?

- To de boa, apenas isso;

- Tu tá afastado da galera;

- Tô com uns problemas aí;

- Tu sabe que pode contar com a galera né?

- To ligado!

- Bora lá pro mambo bar a galera vai toda pra lá;

- Putz, não vai dar, tenho que trabalhar cara;

- Desde quando Eduardo virou trabalhador?

- Desde quando eu acordei pra vida;

- E a lá a do cara;

- Na moral, eu tenho que chegar lá valeu mano! Falei e me levantei saindo e o deixando ali parado me olhando sem entender nada, escutei ele me chamando, mas não dei ouvidos e continuei andando.

- Qual foi Eduardo? 

To cheio dessa galera, meu foco é outro e não vou desistir, ou eu faço isso ou daqui a pouco eu estarei morando na rua, meus pais me avisaram um monte de vez e pode ter certeza de que dona Natália teria coragem de me colocar para fora de casa, e meu pai não faria nada para mudar minha situação, então ou eu desgarro dessa turma ou vou me afundar e tenho certeza de que quando eu estiver na merda nenhum desse será capaz de me estender a mão, pois eu sei que só presto enquanto eu não preciso de nenhum deles, entrei em meu carro e saí apressadamente antes que mais alguém viesse me questionar mais alguma coisa, estou sem paciência para esses questionamentos, será que é tão difícil entender que estou em outra.

Cheguei no hospital e fui direto para o quarto de Maria Helena, mas não achei Maria, fiquei aguardando e nada, fui atrás e descobri que ela estava no cti visitando a mãe, se quiser vê-la terei que esperar, queria conversar com ela, aquela situação da faculdade me deixou um pouquinho chateado e conversar com Maria é muito fácil, pois se eu estiver certo ela me apoia, mas se eu estiver errado ela puxa minha orelha e conversar com alguém que está de pra que ver o assunto com outros olhos é sempre muito bom.