7.início do pesadelo

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- Não acabou ainda, ou melhor, nem está próximo do fim - O desconhecido ao seu lado fala, ou melhor, o avisa.

Dazai vê sua figura de horas atrás correndo atrás de chuuya, tentando o alcançar.

- Há uma raiva abundante que roda chuuya, seu coração está repleto de mágoas e culpa de algo que nem se quer tem haver com o mesmo - A figura desconhecida ao lado de dazai comenta, não retirando os olhos dos garotos que estavam correndo para qualquer lugar. Dazai se vê confuso, nada nesse momento faz sentido.

O cenário de repente muda, eles estão em uma praça, a mesma praça em que horas antes dazai não se sentia confortável em estar.

Chuuya estava sentando em um banco, o mesmo banco que os dois estavam sentados antes. Ele batia suas pequenas e frágeis pernas freneticamente no chão e estralava seus dedos de forma ágil e impaciente.

- Chuuya - O moreno menor aparece no local o chamando. Aquele chamado não era exatamente tão expressivo, não era adequado para uma situação como aquela, era um "grito" um tanto vazio. A expressão do moreno, dono do chamado, estava neutra, porém com sua testa levemente franzida, talvez em um pequeno nervosismo.

Chuuya não responde, ele parece querer ignorar a existência de Dazai.

O moreno se senta ao lado de Chuuya. Os dois se mantém imóveis, por mais que o ruivo ainda esteja batendo seus pés e estralando seus dedos.

O silêncio era desconfortável para as duas figuras que observavam os garotos de longe. Dazai que observava a situaçao não estava reconhecendo sua versão desse sonho, ele parecia mais frio, quase como se não tivesse emoções, porém se o observa-lo bem pode se perceber alguns resquícios de emoção.

- Por que você fez isso? Chuuya, olhe pra mim.

O ruivo vira sua cabeça em direção ao moreno.

- Você sabe o porquê.

É óbvio que Dazai sabe, todos naquele local sabem, mas não é suficiente, tudo que Chuuya dissera sobre seus pais para o moreno foram coisas vagas, que não explicam exatamente o que aconteceu.

- Eu não sei o suficiente pra entender do porque você agiu daquele jeito. Não é a primeira vez que comentam dos seus pais porém é a primeira vez que você fica tão irritado.

- Por que você quer saber mais que isso? Já não é suficiente pra você? Meus pais foram embora quando eu ia fazer 7 anos, pronto isso é o que basta.

- Nakahara eu te conheço bem o suficiente, se a sua raiva fosse por isso eu saberia. Se você não quiser me contar tudo bem, só não quero que minta para mim.

Os dois garotos estão se encarando novamente, o clima está perfeito para situação. O vento gélido causando um atrito contra os seus rostos, tudo pareceu mais cinza, o mundo parecia sem cor e triste como nos sonhos que o próprio Dazai que observava os garotos tinha.

- As vezes.... - O ruivo hesita por alguns segundos antes de realmente terminar a frase - Eu quase não ligo para a partida dos meus pais, eu nunca gostei deles de qualquer forma. Eles não me tratavam como filho, lembro até hoje dos dias em que passei noites em claro ouvindo xingamentos de minha mãe...

Dazai permaneceu em silêncio. Chuuya prosseguiu com sua fala.

- Eu a amava muito, já meu pai eu o odeio... Ele sempre deixou bem claro em suas agressões e xingamentos que me odiava, era óbvio que não era para mim ter nascido afinal meu irmão é 12 anos mais velho que eu, se eu realmente fosse planejado eles não iriam me ter tao tarde. Voltando no assunto de minha mãe, até os meus infelizes anos de idade eu pensava que ela era minha salvaçao afinal ela era a única que me dava um pouco mais de atenção naquela casa.

Parou para respirar, e consequentemente arrumar forças para terminar seu pequeno desabafo. Dazai se mantinha encarando as orbes azuis do ruivo, atento em entender até os minimos detalhes de sua triste história. Chuuya deu um longo suspiro, voltando a falar logo em seguida.

- Mas ela foi um demônio, ela foi o pior demônio daquela casa. As pessoas costumam dizer que o demônio não existe, ou que ele é um homem macabro vermelho, porém quem já viu o demônio nos olhos sabe como eles são. Eles são pessoas que já te fizeram bem, porém são acompanhadas de mentiras para fazer você se ceder a elas. Minha mãe me olhava sofrer com um grande sorriso em seus labios, eu achava que ela sorria para mim, para me dar forças sabe, mas com o tempo percebi que ela ria de mim naqueles momentos. Depois de algum tempo ela simplismente parou de fingir que se importava e começou a agir pior do que ele. Ela dizia coisas horríveis, fazia questão de falar que eu sou um monstro que destruiu a vida dela, ela falava que nunca alguém ia me amar porquê eu não sou bom o suficiente, eu sou apenas a porra de um peso morto para todos à minha volta

Dazai ainda permanecia calado, não tinha porque ele falar nesse momento.

Chuuya vira sua cabeça para frente, incapaz de encarar dazai nos olhos. Seus olhos começaram a ficar em um tom avermelhado e, brilhavam mais do que as estrelas que surgem ao céu em uma noite limpa, livre de nuvens.

- 2 dias antes do meu aniversario de 7 anos meus pais me abandonaram, eles esperaram verlaine fazer 19 e deixaram tudo com ele, desde coisas mais simples como um pouco de dinheiro até a casa. Eu fiquei feliz de primeiros momentos que eles tinham ido embora porém verlaine não estava satisfeito com isso, eu vi que ele tentou não descontar sua frustração em mim por algum tempo, porém agora virou inevitável, virou rotina.

Era visível algumas lágrimas prestes a cair dos olhos do pequeno ruivo, ele carregava um fardo que uma criança da sua idade não merece carregar, ele de fato merece coisa melhor.

Dazai então sem dizer palavra alguma o abraçou, o abraçou como se fosse a última vez, Chuuya cedeu sem receio. O abraço se prolongou por longos minutos, Chuuya apertava dazai com força, sua cabeça estava deitada no ombro do moreno. Suas respirações estavam ofegantes, a respiração do ruivo falhava a todo instante, fazendo com que chuuya se apertasse mais no moreno. Por mais que não pareça, esse pequeno ato de um abraço singelo consolou o pequeno chuuya.

No final do abraço, quando os dois finalmente se separaram, tudo parecia vazio, porém mais calmo, o contato físico foi tanto que quando houve a separação os dois se sentiram solitários, por mais que estivessem ainda ao lado um do outro. Eles estavam se encarando, com as testas praticamente grudadas. O moreno separa sua testa da do ruivo e logo em seguida segura sua mão, Chuuya não hesitou nenhum dos toques do moreno.



Dazai observava a cena de longe e ficou brevemente encantado, a única coisa que não havia mudado nesse sonho fora a relação de Dazai com chuuya, eles se compreediam com pequenos atos.

Uma voz de um desconhecido se fez presente, novamente.

- Poderíamos ter tido algo tão belo.... - Comentou o desconhecido ao seu lado. Dazai por alguns instantes se esqueceu que estava ao lado de um completo estranho, que era tão familiar mas tão distante ao mesmo tempo.

Dazai não precisou medir esforços para descobrir que esse era ele do futuro, não é uma grande surpresa afinal.

Dazai não o responde, ele não quer conversar.

- infelizmente nos perdemos em nossas próprias loucuras. - O moreno, que antes era desconhecido, falou isso em um tom baixo quase como sussurrando, porém felizmente, ou não, Dazai conseguira ouvir.

Ele teme por essas palavras, a loucura o dominou, mas ele não devia se importar com isso, não é real, não é verdade.







Wasted time and dream's -soukoku AUOnde histórias criam vida. Descubra agora