Capítulo 12

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A primeira tarefa do Grimmauld acaba sendo um quarto.

Holly passou muitas noites no sofá da sala de estar, com as costas curvadas e o rosto voltado para a lareira, e não tem interesse em voltar para lá. Ela também não quer voltar para o quarto que ela, Hermione e Ginny compartilharam, muitos verões atrás. Ela sente que é uma pessoa muito diferente para entrar lá, mesmo sabendo que isso não faz o menor sentido.

Seu primeiro pensamento é o quarto de Sirius, o que não o surpreende, mas ela pensa que a visita seja tão boa quanto da ultima vez.

A porta range quando ela se abre, sua mão pressionada contra a praga com o nome de Sirius, a outra enrolada em volta da maçaneta dourada e escura. O quarto de infância de seu padrinho é exatamente como Holly se lembra. Há desordem cobrindo o chão e aglomerando quase todas as superfícies, os pôsteres trouxas lascivos nas paredes. Ela passa por cima de uma pilha de roupas sujas antes de fechar a porta atrás de si, não querendo ser incomodada. Não é como se Monstro viesse aqui de qualquer maneira.

Holly se encosta na porta com um suspiro, as costas das mãos entre a madeira e as coxas. Ela esteve nesta sala pouquíssimas vezes, apesar de tudo. Nem uma vez ela esteve aqui com o próprio Sirius, mesmo sabendo que foi aqui que o homem ficou durante o quinto ano e naquele verão. Por que, ela não sabe. Talvez Sirius realmente não quisesse dividir a casa ( e seus segredos ) com ninguém. Até com ele mesmo.

Ela supõe que não pode culpá-lo. Holly também não queria que ninguém viesse a Rua dos Alfeneiros. Ela não teve esse luxo, porém, muito parecido com seu padrinho.

Mas as infâncias dela e de Sirius não poderiam ter sido mais diferentes, não importa o quão semelhantes fossem.

Pendurada no teto está um lustre, algo que os Dursley matariam para ter mas aqui está em um quarto de criança. Ela pode ver a forma de todas as lâmpadas finas acima como pequenas fadas, colocadas nos arcos de vidro esfumado. É um acessório simples, considerando todas as coisas, e não tipo o lustre sofisticado que Holly esperaria de uma família rica e antiga. Mas, ela supõe, este era o quarto de uma criança. Por que colocar coisas sofisticadas, caras e notáveis aqui quando se colocá-las no saguão, na sala de estar ou até mesmo no próprio quarto principal ?

Ainda é impressionante.

Os familiares estandartes da Grifinória pendurados no teto e em cima da cama, um forte contraste com o lustre, e ela sorri suavemente para ele.

Engraçado, ela pensa, que ambos os infernos, os dois trouxeram um pouco de Hogwarts de volta para lembra-los de tempos melhores. De quem eles realmente eram fora do ódio e do sigilo.

Do outro lado da porta há uma janela que Holly havia esquecido. Provavelmente por causa das grossas cortinas de veludo bloqueando-o. O veludo é um roxo rico, uma cor escura, mas ainda quente o suficiente para não ser de tom desagradável. Eles parecem macios e velhos e ela faz uma anotação mental para que Monstro os limpe mais tarde para que ela possa pendura-los em outro lugar.

Não é como se Sirius sentisse falta deles.

Ela contorna as coisas no chão, roupas e pilhas de objetos estranhos e livros esquecidos, para poder sentar-se em cima da cama, arrastando-se e caindo de costas. Ela olha para o teto e aperta os olhos.

São aquelas ... são estrelas neons que brilhavam no escuro ?

Eles são um pouco como os dos adesivos trouxas, impressões pálidas de estrelas de formato impreciso. Mas ao contrário da maioria das pessoas, que ainda colocam as estrelas em qualquer lugar que quiserem, Holly distingue o contorno vago de algumas constelações, memorizadas de seus muitos anos em Astronomia.

Claro, Sirius teria a constelação de Orion, e bem ao lado dela a estela canina do Canis Major.

As estrelas parecem novas, sem dúvidas graças à magia, mas Holly aposta que elas estão lá há muito, muito tempo. Provavelmente desde que Sirius era criança e tinha idade suficiente para entender o que seu nome significava. As constelações provavelmente foram uma parte inicial da educação inicial de Sirius.

Ela supõe que seja o caso da maioria dos filhos da família Black. Narcissa, Andrômeda e Bellatrix certamente aprenderam também. Eles continuaram essa tradição ? Narcissa provavelmente sim, porque o nome do Draco é o significado de Dragão pela constelação e deve tê-lo ensinado. Contudo, e Andrômeda ? Andrômeda que trocou a família por um nascido trouxa ? Que ajudou a Ordem, um grupo de traidores de sangue ?!

Tonks conhecia todas as estrelas antes de vir para Hogwarts ou isso também se perdeu para ela ?

Ela pisca para as pálidas estrelas de plástico e suspira, apertando os dedos ao redor dos lençóis vermelhos embaixo dela.

Talvez ela ensine todos eles para Teddy um dia. Talvez.

Holly rola para o lado, longe das luzes apagadas, e olha para o lado da cama. Deste lado há mais pilhas de roupas e roupões que ela definitivamente nunca viu Sirius usar. Ela vê uma capa escura pendurada na lateral de uma poltrona no canto e que ela pelo menos reconhece.

Ela também pode ver a cômoda, com os puxadores prateados soltos e as gavetas tão abertas que quase cai no chão. Meias e calças de pijamas espalhadas pela lateral, um cinto preso sob a madeira, e ela sorri levemente. Ali foi onde ela encontrou a carta de sua mãe.

Sirius definitivamente nunca foi uma pessoa organizada.

Ela se pergunta o que mais poderia encontrar aqui. Nesta casa.

Houve um tempo, quando Holly tinha onze anos e foi informada sobre Godric's Hollow, que ela pensou que encontraria como as coisas nesta casa. Ela pensou, antes de saber melhor, que a casa em Godric's Hollow, a casa que seus pais tiveram, guardaria pequenos segredos da vida que ela não se lembra. A vida que ela nunca terá.

Ela sabe agora, tendo visto a casa, que não havia como encontrar algo assim. O telhado havia desabado completamente, a maior cicatriz daquela noite de Halloween, e toda a estrutura parecia que somente sendo mantida única por feitiços cuidadosamente colocados. Sem dúvida, o Ministério queria preservar uma visão tão histórica.

Pensar na casa já não trazia nenhum conforto, nenhuma saudade de um lar há muito morto e vazio. Em vez disso, apenas trouxe uma espécie de raiva amarga, raivosa e crepitante sob sua pele, para nunca ser pronunciada. Seus pais morreram lá e tudo o que todos podiam ver era aquela casa arruinada pelos sacrifícios que todos consideravam garantidos.

Ela gostaria que eles simplesmente tivessem deixado cair.

" Pelo menos eu tenho Grimmauld " Holly resmunga em voz alta. Ela se inclina, apoiando os cotovelos nos joelhos e deixando cair a cabeça nas palmas das mãos.

Somente que o numero doze nunca foi a casa de seus pais, mas era a de Sirius. Talvez tivesse sido de sua avó Dorea Black, quem quer que ela fosse.

Certamente haverá mais aqui do que cabeça de elfos, cartas com os ponto dos is e do contorno dos Gs dela e sua mãe combinando e um retrato gritante de uma mulher racista e maluca.



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⏰ Última atualização: Sep 24, 2023 ⏰

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