O Garoto Temporário

Capítulo 9: Quer Dormir na Minha Casa?

Eram quase seis horas da manhã quando Anthonny e Piers saíram da balada. Os dois estavam exaustos por conta do tanto que dançaram e se divertiram. Anthonny não estava bêbado de fato, até porque Piers tomou conta de si e o ajudou a controlar o tanto de álcool ingerido, afirmando que sua primeira noite da balada deveria ser memorável e associada à diversão e não a uma enorme ressaca no dia seguinte.

O "casal" estava dentro do carro do loiro, que dirigia atentamente olhando para a estrada, mesmo que esta não tivesse muitos carros por conta do horário, enquanto Anthonny estava com um pouco de sono sendo tomado pelo cansaço e exaustão da noite.

— O que acha de irmos pra minha casa olhos negros? — Piers questionou de forma tranquila, ainda focando na estrada, pegando Anthonny completamente de surpresa pela pergunta aleatória, ou talvez nem tão aleatória assim.

Depois de ouvir a pergunta do mais velho, Anthonny que até aquele momento estava com sono e cansado, olhou para Piers com os olhos arregalados enquanto sentia o nervosismo tomar conta de si e o sono se esvair completamente de seu corpo.

— E-eu... — O moreno gaguejou, não sabendo como terminar a frase ou o que pensar a respeito da proposta, chamando a atenção de Piers, que sorriu, olhando para o "gay panic" do namorado.

— Não precisa ficar com medo olhos negros, eu não estava lhe convidando com segundas intenções. Eu só pensei em dormirmos um pouco para descansarmos, já que mais tarde ainda vamos almoçar juntos e tal. Eu não tinha segundas intenções para com você nesse pedido. — Piers explicou tentando tranquilizar Anthonny que virou o rosto para a janela novamente a fim de evitar o olhar alheio por conta da vergonha que sentia de si mesmo dada a sua reação. — Mas já que você ficou nervoso, não tem problema, eu levo você pra sua casa.

— Não! — Anthonny falou com desespero visível, o que fez Piers sorrir novamente. — Digo... Tudo bem Piers, não tem problema. — Respondeu sentindo suas bochechas queimarem, mas ainda assim sorrindo de forma discreta e com um pouco de expectativa.

— Tem certeza Pequeno? Eu não quero que você se sinta desconfortável ou pressionado em relação a isso. — O loiro insistiu, vendo o mais novo concordar com um pouco mais de convicção. — Tudo bem então. — Piers, concordou pegando um desvio seguindo para uma nova direção com o carro.

Alguns minutos se passaram e Anthonny começou a reparar que o caminho não era conhecido por ele, o que lhe deixou um pouco curioso e intrigado. Piers estava em silêncio enquanto dirigia de forma tranquila, porém Anthonny o interrompeu, não conseguindo controlar sua curiosidade.

― Onde é que a gente tá indo? ― Pediu tentando reconhecer o caminho, afinal sabia onde era a casa dos Nivans e tinha certeza de que não estava indo pra lá.

― Confia no pai, olhos negros. ― Piers brincou ainda sem encarar o moreno.

― Não disse que não confio em você, apenas quero saber onde você está me levando. ― Anthonny explicou tentando camuflar o nervosismo.

― Para o céu. ― Respondeu finalmente olhando para o menor enquanto se divertia com sua inquietação.

― Vamos morrer por algum acaso? Acho válido avisar que não é pro céu que eu vou. ― Anthonny tentou brincar, porém o loiro lhe encarou incrédulo com o comentário.

― Que horror pequeno. ― Piers deu um sorriso descrente.

— Desculpa, eu costumo falar muita merda quando eu to nervoso. — Anthonny explicou envergonhado, fazendo Piers rir alto do comentário.

— Não precisa ficar nervoso, já estamos chegando. — Piers garantiu voltando sua atenção na direção do veículo.

Depois das palavras alheias, Anthonny se reteu em suspirar, dando-se por vencido. O moreno apenas inclinou a cabeça para a direita e se aconchegou no banco do passageiro, bocejando vez ou outra por conta do sono e observando a paisagem através do vidro do carro. Realmente não demorou muito para que Piers começasse a diminuir a velocidade do veículo para entrar numa espécie de condomínio, onde os portões se abriram automaticamente e o loiro dirigisse com pouca velocidade até entrar numa garagem pertencente a um enorme sobrado que este nunca conheceu.