Capítulo 03

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- Dança de espadas? Como seria isso? - pergunta curioso.

- É uma dança que usa tanto as habilidades de luta quanto a graciosidade da dança tradicional das terras daqui. - fala meio emocionada. - Porém, o que realmente desejava era participar das lutas iguais aos meus irmãos. - suspira.

- Mas por que quer tanto lutar?

- Porque eu amo lutar! Eu posso usar todas as minhas energias em segundos e descontar todas os meus sentimentos em casa golpe que lanço!

- Apenas?

- Como assim? Não basta eu gostar, seu cristão?!

- Claro que tem que fazer coisas que gosta, mas se faz por algo tão raso, uma hora pode acabar se cansando e todo o seu aprendizado se tornando sem valia alguma.

- Então o que acha que posso fazer para continuar tendo prazer na arte das espadas?

- Procure uma fonte de força. Sua família, suas crenças, coisas realmente profundas e que mesmo com as circunstâncias, será como uma pedra que permanecerá ali eternamente.

- Entendi. Aliás qual é sua fonte de força?

- Deus.

- Ah, claro, - revira os olhos. - mas além dele, qual a sua outra fonte de força?

- Minha família.

- Sério? Você tem parentes? Quem são eles?

- Você não os conhece. Eles não moram aqui.

- Espere, então você não é daqui dessas terras?

- Sou dos reinos de norte. Bem distante daqui.

- E o que veio fazer aqui? Por que sua família abandonou você nesse caminho?

- É um longa história, teria que ter mais dias de prisão para contar-lhe tudo, mas resumidamente sou um missionário e minha família está cuidando de uma igreja longe daqui.

- Missio... o que é isso? - pergunta curiosa.

- Sou um mensageiro, - ele percebe as palavras difíceis que disseram e exclarece. - levo boas novas para as pessoas.

- Entendi, é como se fosse um trabalho...

- Sim, mas cheguei aqui na prisão. Pelo visto, terei que terminar meu serviço.

- E a sua família sabe que está preso?

- Eu não os contatei isso. No entanto, já os alertei que caso parasse de mandar-lhe cartas significaria que estivesse ou preso ou morto.

- Minha nossa! Isso é palavra para se dizer a quem ama?!

- Mas é a verdade, ou iria preferir que eu os enganasse? Afirmando que estivesse passeando com os imperadores e ensinando a apunhalar espadas?

- Tem razão. - Min-suk tem uma ideia - Não gostaria de mandar uma carta?

- Eu desejaria muito, mas... - ele se silencia e fica pensativo.

- Senhor Ji Ho, - segura as mãos do velho. - eu escrevo para o senhor, ninguém irá desconfiar já que escrevo normalmente para minhas irmãs.

- Será muito perigoso, vossa alteza!

- Não se preocupe! Amanhã mesmo irei trazer o material!

   O idoso derrama algumas lágrimas e as enxuga sujando o rosto.

- Obrigado, minha princesa. - ele beija suas mãos trêmulas e molhadas.

- Não será nada.

[...]

   Min-suk treina a sua dança e lembra da noite anterior, era primeira vez que viu seu velho amigo chorar na sua frente, ele devia estar com saudades e preocupado de sua família. Mas por que fez isso com sua vida? Viajar para tão longe abandonando tudo e todos?

   Ela derruba a espada e vê alguns guardas trazendo mais um homem, curiosa, a moça os segue sem a perceberem. Eles chegam até o local onde aconteciam julgamentos, haviam vários sacerdotes reais, o imperador e alguns guardas. O homem é jogado no chão como se não fosse nada, a princesa espanta-se por tamanha crueldade.

- Mais um? - pergunta o imperador.

- Sim.

- Eles estão crescendo... - murmura irritado. - Já chega! Nos diga, como vocês enganam as pessoas?!

- Se for sobre isso, eu fui um dos enganados. - murmura o "criminoso".

- Quem é você da seita?

- Mais um. Talvez até o pior de todos.

- FALE A VERDADE!

- A verdade? - o homem encara o poderoso rei. - Tem certeza que compreenderá?

- Está me chamando de burro?! Seu inconsequente!

- Não, meu senhor, mas... A Verdade está sendo pregada. Por isso há mais seguidores! Ah, se meu senhor pudesse experimenta-la!

- JÁ CHEGA! - ele levanta-se.

- Essa é a verdade! Ela é única e verdadeira! Não falha e não tarda! Não importa quantos mate, ela ainda será a mesma! - o homem cospe palavras desesperadamente já notando o que lhe aconteceria.

   O imperador vai ao encontro do homem, espanca o seu rosto e o cospe. Sua filha, que estava escondida, treme de medo ao ver o ódio de seu pai.

- Calado! Antes que eu arranque sua língua fora!

   Jaen entra e seus olhos encontram o homem caído aos pés de seu pai.

- Não adianta desperdiçar suas energias nele. Nunca resolverá meu pai. - Min-suk se acalma por ver seu irmão tão racional.

- O que quer dizer?

- Precisamos assusta-los. E a única maneira é colocando eles em exposição.

- O que está querendo dizer? - pergunta, mostrando a dúvida de todos os presentes.

- Lembra-se da festa da lua? Podemos colocar eles na arena e usamos eles como ovelhas em um matadouro. - Min-suk sente suas pernas tremerem, talvez até mais do que o homem jogado no chão. - Assim todos que pensarem em seguir a estes, irão desistir.

- Não pode fazer isso! - exclama o "criminoso".

   Jaen bate no crente fazendo o ficar desacordado. No momento em que a reunião acaba, Min-suk corre ao seu amigo prisioneiro.

- O que está fazendo aqui? É perigoso! - alerta o velho homem.

- Precisamos arrumar alguma forma de alertar aos seus companheiros sobre o que eu acabei de escutar!

- O que aconteceu?

- O império vai fazer uma grande matança de cristãos na próxima festa do luar!

- O quê...? - o homem paralisa.

- Nós precisamos fazer alguma coisa!

- Cartas!

- Envie uma carta à todos os líderes das vilas para proteger a todos que puderem. Mas onde eles se localizam?

   O homem pensa e faz alguns riscos no chão formando um mapa, colocando a localização de cada um dos quais conhecia.

- Vá pela madrugada. Vista um casaco cobrindo a cabeça para que não lhe reconheçam. E quando chegar diga: que a Graça e Paz do nosso Senhor Jesus Cristo esteja convosco!

- E se me reconhecerem?

- Tenho certeza que não se importaram.

   A menina sorri e corre ao quarto, escreve cartas para cerca de 14 líderes cristãos de acordo com o mapa que Ji-Ho escreveu no chão, o qual conferiu através de um mapa do próprio palácio. Depois de muito tempo, retornou a sua rotina como se nada houvera acontecido, para que ninguém suspeitasse do que desejava fazer.

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João 14:19
"Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais; mas vós me vereis, porque eu vivo, e vós vivereis."

Entre A Cruz E A EspadaOnde histórias criam vida. Descubra agora