- Dança de espadas? Como seria isso? - pergunta curioso.
- É uma dança que usa tanto as habilidades de luta quanto a graciosidade da dança tradicional das terras daqui. - fala meio emocionada. - Porém, o que realmente desejava era participar das lutas iguais aos meus irmãos. - suspira.
- Mas por que quer tanto lutar?
- Porque eu amo lutar! Eu posso usar todas as minhas energias em segundos e descontar todas os meus sentimentos em casa golpe que lanço!
- Apenas?
- Como assim? Não basta eu gostar, seu cristão?!
- Claro que tem que fazer coisas que gosta, mas se faz por algo tão raso, uma hora pode acabar se cansando e todo o seu aprendizado se tornando sem valia alguma.
- Então o que acha que posso fazer para continuar tendo prazer na arte das espadas?
- Procure uma fonte de força. Sua família, suas crenças, coisas realmente profundas e que mesmo com as circunstâncias, será como uma pedra que permanecerá ali eternamente.
- Entendi. Aliás qual é sua fonte de força?
- Deus.
- Ah, claro, - revira os olhos. - mas além dele, qual a sua outra fonte de força?
- Minha família.
- Sério? Você tem parentes? Quem são eles?
- Você não os conhece. Eles não moram aqui.
- Espere, então você não é daqui dessas terras?
- Sou dos reinos de norte. Bem distante daqui.
- E o que veio fazer aqui? Por que sua família abandonou você nesse caminho?
- É um longa história, teria que ter mais dias de prisão para contar-lhe tudo, mas resumidamente sou um missionário e minha família está cuidando de uma igreja longe daqui.
- Missio... o que é isso? - pergunta curiosa.
- Sou um mensageiro, - ele percebe as palavras difíceis que disseram e exclarece. - levo boas novas para as pessoas.
- Entendi, é como se fosse um trabalho...
- Sim, mas cheguei aqui na prisão. Pelo visto, terei que terminar meu serviço.
- E a sua família sabe que está preso?
- Eu não os contatei isso. No entanto, já os alertei que caso parasse de mandar-lhe cartas significaria que estivesse ou preso ou morto.
- Minha nossa! Isso é palavra para se dizer a quem ama?!
- Mas é a verdade, ou iria preferir que eu os enganasse? Afirmando que estivesse passeando com os imperadores e ensinando a apunhalar espadas?
- Tem razão. - Min-suk tem uma ideia - Não gostaria de mandar uma carta?
- Eu desejaria muito, mas... - ele se silencia e fica pensativo.
- Senhor Ji Ho, - segura as mãos do velho. - eu escrevo para o senhor, ninguém irá desconfiar já que escrevo normalmente para minhas irmãs.
- Será muito perigoso, vossa alteza!
- Não se preocupe! Amanhã mesmo irei trazer o material!
O idoso derrama algumas lágrimas e as enxuga sujando o rosto.
- Obrigado, minha princesa. - ele beija suas mãos trêmulas e molhadas.
- Não será nada.
[...]
Min-suk treina a sua dança e lembra da noite anterior, era primeira vez que viu seu velho amigo chorar na sua frente, ele devia estar com saudades e preocupado de sua família. Mas por que fez isso com sua vida? Viajar para tão longe abandonando tudo e todos?
Ela derruba a espada e vê alguns guardas trazendo mais um homem, curiosa, a moça os segue sem a perceberem. Eles chegam até o local onde aconteciam julgamentos, haviam vários sacerdotes reais, o imperador e alguns guardas. O homem é jogado no chão como se não fosse nada, a princesa espanta-se por tamanha crueldade.
- Mais um? - pergunta o imperador.
- Sim.
- Eles estão crescendo... - murmura irritado. - Já chega! Nos diga, como vocês enganam as pessoas?!
- Se for sobre isso, eu fui um dos enganados. - murmura o "criminoso".
- Quem é você da seita?
- Mais um. Talvez até o pior de todos.
- FALE A VERDADE!
- A verdade? - o homem encara o poderoso rei. - Tem certeza que compreenderá?
- Está me chamando de burro?! Seu inconsequente!
- Não, meu senhor, mas... A Verdade está sendo pregada. Por isso há mais seguidores! Ah, se meu senhor pudesse experimenta-la!
- JÁ CHEGA! - ele levanta-se.
- Essa é a verdade! Ela é única e verdadeira! Não falha e não tarda! Não importa quantos mate, ela ainda será a mesma! - o homem cospe palavras desesperadamente já notando o que lhe aconteceria.
O imperador vai ao encontro do homem, espanca o seu rosto e o cospe. Sua filha, que estava escondida, treme de medo ao ver o ódio de seu pai.
- Calado! Antes que eu arranque sua língua fora!
Jaen entra e seus olhos encontram o homem caído aos pés de seu pai.
- Não adianta desperdiçar suas energias nele. Nunca resolverá meu pai. - Min-suk se acalma por ver seu irmão tão racional.
- O que quer dizer?
- Precisamos assusta-los. E a única maneira é colocando eles em exposição.
- O que está querendo dizer? - pergunta, mostrando a dúvida de todos os presentes.
- Lembra-se da festa da lua? Podemos colocar eles na arena e usamos eles como ovelhas em um matadouro. - Min-suk sente suas pernas tremerem, talvez até mais do que o homem jogado no chão. - Assim todos que pensarem em seguir a estes, irão desistir.
- Não pode fazer isso! - exclama o "criminoso".
Jaen bate no crente fazendo o ficar desacordado. No momento em que a reunião acaba, Min-suk corre ao seu amigo prisioneiro.
- O que está fazendo aqui? É perigoso! - alerta o velho homem.
- Precisamos arrumar alguma forma de alertar aos seus companheiros sobre o que eu acabei de escutar!
- O que aconteceu?
- O império vai fazer uma grande matança de cristãos na próxima festa do luar!
- O quê...? - o homem paralisa.
- Nós precisamos fazer alguma coisa!
- Cartas!
- Envie uma carta à todos os líderes das vilas para proteger a todos que puderem. Mas onde eles se localizam?
O homem pensa e faz alguns riscos no chão formando um mapa, colocando a localização de cada um dos quais conhecia.
- Vá pela madrugada. Vista um casaco cobrindo a cabeça para que não lhe reconheçam. E quando chegar diga: que a Graça e Paz do nosso Senhor Jesus Cristo esteja convosco!
- E se me reconhecerem?
- Tenho certeza que não se importaram.
A menina sorri e corre ao quarto, escreve cartas para cerca de 14 líderes cristãos de acordo com o mapa que Ji-Ho escreveu no chão, o qual conferiu através de um mapa do próprio palácio. Depois de muito tempo, retornou a sua rotina como se nada houvera acontecido, para que ninguém suspeitasse do que desejava fazer.
______________________________________
João 14:19
"Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais; mas vós me vereis, porque eu vivo, e vós vivereis."
![](https://img.wattpad.com/cover/301025644-288-k624917.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre A Cruz E A Espada
Ficção HistóricaMin-suk nasceu sendo a filha de um imperador. Era a representação a qual todos admiravam e contemplavam até conhecer um... cristão? Sua visão do mundo e a sua vida é alterada. Será se ela conseguirá salvar o cristianismo numa Era onde era odiado, ou...