𝑐𝑎𝑚𝑖𝑠𝑎 01| 𝘼𝙡𝙞𝙨𝙨𝙤𝙣 𝘽𝙚𝙘𝙠𝙚𝙧

𝘾𝙝𝙖𝙥𝙩𝙚𝙧 023

Bianca

Hoje era o dia que iríamos pro nosso segundo round de férias, eu mesma não queria ir.

Passar pela segunda perda mais importante da minha vida me fez repensar tudo, minha família sempre me ajudando, me dando apoio mas as vezes me pego pensando se queria mesmo ter contado pra eles sobre o bebê. Também o fato dos pais do Alisson não saberem de nada me deixava com uma puta culpa, eu deveria contar.

—Senta aqui. - falei pra ele batendo no espaço vago do sofá - EU vou contar pro teus pais sobre nosso filho.

—Sério? - falou surpreso - Você que sabe amor, você sabe de tudo. Tu prefere falar pessoalmente, né?

— Sim.Prefiro assim. Como tu tá?

— De saúde eu to bem mas em relação a isso eu não sei te dizer, só sei que tô mal.

—Já disse que tu pode se abrir pra mim, né? - falei chegando mais perto e ele concordou com a cabeça.

Alisson se levantou pra ir ao banheiro e meu celular tocou, rapidamente atendi. Era minha sogra. Parece que sabiam quando queria falar com eles.

—Oi, tia. - falei assim que ouvi sua respiração - Quer falar com o Ali

— Oi Bi. Eu quero falar é contigo mesmo.

- Eu?

—É. você! Tu acabou de ter um aborto espontâneo e já quer viajar.Isso pode atingir tua saúde, o Ali não pensa nisso? Você tá se recuperando ainda.

— Eu to  bem. Prefiro não pensar muito nisso, tia. Não traz ele de volta. - disse cabisbaixa.

—Mas não pode. Você ainda tá de resguardo da curetagem. Cadê o Alisson?

— Ele não tá.... - mal terminei de falar que ele não tava no quarto quando ele abriu a porta do banheiro— Ele acabou  de chegar.

— Passa pra ele.

Sem pestanejar entreguei meu celular pra ele, o fazendo me olhar confuso, falei sem emitir som que era a mãe dele e ele estranhou assim como eu, colocou o aparelho no ouvido e mal falou que era ele e já ouvi a voz dela e ele fazendo caretas. Alisson logo saiu de perto já que provavelmente ela lhe dava uma bronca.

Alisson

Conversei com minha mãe que me deu um puta sermão, ela tinha razão em muitas coisas, Bia acabava de se recuperar de um aborto espontâneo e eu não medi isso. O lado protetor falou mais alto, eu só pensei em não fazê-la sofrer pornoelo menos um tempo, não pensei nas consequências.

—Amor, a gente vai ficar. Não vamos mais! Me desculpa. - falei voltando pro quarto e sentando na cama.

—Relaxa, amor. Vamos sim! Vai ser bom pros dois. - ela disse fazendo carinho no meu rosto.

—Não, não! Vamos conversar com seu médico. Quero fazer tudo diferente!Janta comigo hoje?

—Mas eu vou jantar com você, já. Não vou dormir aqui? - falou fazendo bico e eu ri.