❛ 𝐂𝐇𝐀𝐏𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐇𝐑𝐄𝐄 ❜

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𝐴𝑉𝐼𝑆𝑂.

Esse capítulo possui gatilho de 𝘢𝘶𝘵𝘰𝘮𝘶𝘵𝘪𝘭𝘢𝘤̧𝘢̃𝘰

— 𝐄𝐑𝐀 𝐍𝐎𝐈𝐓𝐄. O Yamada não havia ido para a escola, não levantou da sua cama por um segundo, e o pior de tudo, não havia comido nada durante todas essas horas.

Não tinha vontade para fazer nada, não tinha forças nem para praticar atividades básicas do dia a dia. Apenas passava o dia inteiro deitado nessa droga de cama, como o mesmo dizia. Não ter Vance ali com ele, fazia um grande estrago em sua vida.

Estava esfriando. Logo o garoto pôde sentir o frio percorrendo o seu corpo. Decide então ir até o guarda-roupa para pegar algum moletom.

Levantou-se e sentiu uma forte tontura, teve que segurar na cama para não cair. Ele sabe que isso é uma consequência por não ter se alimentado o dia inteiro, mas decidiu ignorar.

Foi até o guarda-roupa e começou a procurar por qualquer moletom, mas não encontrava nenhum, sua visão meio embaçada também não estava facilitando muito. Até que ele encontra um, mas não era seu, era de Vance.

Vance havia esquecido o moletom na casa do Yamada, e ele iria buscar o seu moletom naquele dia, mas o garoto de cabelos loiros não apareceu.

O moletom ainda estava com o cheiro do loiro, o cheiro que Bruce adorava e sempre comentava com Vance o quanto ele era cheiroso. O Yamada nem se esforça para segurar suas lágrimas, ele apenas as deixa caírem.

Quando menos percebe, já estava deitado em sua cama novamente,. Mas agora ele estava soluçando de tanto chorar, enquanto abraçava o moletom contra seu peitoral.

Yamada não aguentava mais suportar essa dor, ele tinha que descontar em alguém ou algo. E esse alguém seria ele mesmo.

Levantou-se novamente e sentiu uma tontura mil vezes pior, mas ele não se importou de novo. Foi até a escrivaninha onde estudava, e pega um estilete. Nem ele mesmo sabe se tem consciência do que vai fazer agora. Ele só quer parar de sentir isso. Bruce sabe que fazer isso não vai ajudar em nada, mas ele não queria mais sentir uma dor psicológica, talvez a dor física fosse melhor de se sentir.

Vai até o banheiro de seu quarto e fica em frente da pia, ele levanta as mangas de sua blusa comprida, e começa a fazer algo que nunca se imaginou fazendo. Bruce Yamada começou a se cortar.

Na primeira vez que a lâmina entrou em contato com sua pele, sentiu uma dor aguda, que foi impossível não fazer uma expressão de dor. Mas depois, já havia se acostumado com a dor. E quando se dá conta, a pia já estava repleta de sangue, e seus pulsos... bom, cheios de corte, como o esperado.

Ainda praticando tal ato, escuta o barulho da porta de seu quarto abrindo, era sua mãe. Seus reflexos imediatamente funcionaram, e a primeira coisa que fez, foi esconder seus pulsos, o que não daria muito certo, já que sua mãe é uma mulher muito observadora.

- Bruce? Querido o que está fazendo? - A mulher pergunta em um tom preocupado, percebendo o rosto inchado do filho, logo se dando conta que o mesmo estava chorando.

- Tá tudo bem mãe, não tem com o que se preocupar. - Um dos defeitos de Bruce Yamada, era que ele não conseguia mentir, e nem sabia como, então é claro que sua mãe não acreditou.

- Bem? Bruce, você não está saindo desse quarto por nada! Eu nem te vi colocando um pedaço de comida na boca. - Termina de falar e percebe o Yamada com a cabeça abaixada, encarando o chão. Ela sabia que o filho fazia isso para não chorar. Com isso, ela nota a pia do banheiro repleta de sangue.

- Bruce... mas que diabos aconteceu com sua pia? - A mulher pergunta com total preocupação. - Você não fez o que eu estou pensando, fez? - A mais alta pergunta já sentindo seus olhos lacrimejarem, não suportava ver o filho assim.

Sem mais desculpas, o garoto apenas mostra os pulsos. Agora os dois se encontravam chorando.

A mãe rapidamente o puxa para um abraço apertado, que logo foi retribuído.

- Por que fez isso meu amor? - Pergunta enquanto passa a mão pela cabeça do garoto, ambos ainda chorando.

- Mãe, eu só não aguento mais sentir essa dor, eu tinha que descontar isso em algo. - O garoto diz com a voz falha.

- Mas por que logo em você mesmo filho? Você sabe que pode me contar tudo! Não estou suportando te ver desse jeito meu filho, assim depressivo. Eu sei que dói muito não ter Vance aqui, e nós vamos encontra-lo. - A mulher diz em uma forma positiva, tentando animar o filho.

- Mãe só me desculpa... - Após falar isso, o garoto sai correndo. Nem ele mesmo sabia o porquê de ter saído correndo. Mas ele sentia que estava incomodando, não queria ver sua mãe assim por sua causa.

Ainda correndo, ignorando toda a tontura, chega na garagem da casa e pega sua bicicleta. Ele não sabia para onde iria, mas sobe no assento e começa a pedalar, com a rua totalmente deserta, fazendo um frio absurdo, o que poderia acontecer de ruim?

𝐈 𝐖𝐈𝐋𝐋 𝐅𝐈𝐍𝐃 𝐘𝐎𝐔 - BranceOnde histórias criam vida. Descubra agora