O Julgamento

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Muito além de toda a compreensão humana, muito além de tudo que se possa considerar, de todo o ceticismo, crença ou qualquer outra limitação que seja, num local do divino absoluto coexistiam os Deuses, mais precisamente os da Grécia antiga, entretanto, não é sobre eles que essa história se desenvolve, talvez possamos até afirmar que tudo seria mais simplista se essas divindades não atrapalhassem os novos Deuses com suas guerras pré-históricas, tudo sempre se repete, homens velhos traçando o futuro de recém nascidos para se matarem em vossos nomes enquanto repousam em conforto absoluto, eles apenas se esqueceram que algumas dessas imaculadas crianças se tornaram sobreviventes e estavam cansadas de apenas sobreviver, e quando uma chama se acende, não tarda para o incêndio se iniciar.

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– Park Jimin, filho de Afrodite, você tem consciência de seus atos e as consequências que eles acarretam para sua divindade? – Indagou o soberano do Olimpo, Zeus, com seu tom de voz imponente que amedrontava até os maiores heróis.

– Oh vossa excelência, sou pleno de meu juízo, sei o que fiz e em minhas ações não restam nenhum rastro de arrependimento ou amargura – Respondeu o mais belo do Olimpo com seu sorriso sacana, fitando o Deus dos raios com seu olhar felino, pois como dito antes, Zeus conseguia causar medo até nos maiores heróis, uma pena que Park Jimin era um vilão.

– BASTA PARK! – Gritou a Deusa da sabedoria, Athena – Assim como seu pai Ares, você toma decisões impulsivas e agressivas, seus atos ofendem ao Olimpo e precisam ser punidos com a mesma gravidade que são cometidos, o mínimo que deveríamos fazer seria expulsar você daqui – Prosseguiu a Deusa com a voz firme, mantendo sua postura firme e fria de uma comandante de guerra, uma postura que na visão de Jimin era repleta de ego e soberba.

– Não acha que está sendo extremista demais minha sobrinha? – Questionou o Deus dos mares, Poseidon, sendo próximo do jovem do Amor, sabendo de sua real índole e que havia algo de errado em toda aquela história, porém também sabia que o mesmo jamais cederia, uma vez acusado, levaria aquilo até o fim, nem que lhe custasse a vida.

– Tinha que ser você para discordar de mim – Disse Athena revirando os olhos, havendo uma fagulha de ódio em seu olhar, algo que passou despercebido por todos, exceto pelo filho de Afrodite, ser um dos Deuses do amor tinha suas vantagens – PARK JIMIN ARRANCOU UM CORAÇÃO E O DEVOROU, ME DIGA SE NÃO ESTOU SENDO MISERICORDIOSA POR APENAS ESCOLHER PELO EXÍLIO! – Se exaltou, aumentando seu tom de voz.

– Não, não está sendo, ele é apenas um garoto e convenhamos, muitos aqui já fizeram coisas piores – Falou uma voz pouco ouvida entre os Olimpianos, o Deus do Submundo, Hades estava ali – Olá querido Park, acertei seus pronomes, não é? – Perguntou de certa forma adoçando seu tom de voz, ninguém saberia explicar o porquê, porém o soberano do Tártaro possuía um grande carinho por Jimin.

– Acertou sim tio Hades, uso qualquer pronome, pode ir alternando se preferir – Respondeu o filho de Afrodite sorrindo amavelmente, recebendo um beijo na testa por parte de seu tio.

– Tudo bem minha querida, caso isso mude, não hesite em me avisar – Afirmou Hades caminhando até onde os outros Deuses estavam naquele julgamento, se sentando no trono pertencente a si – Onde paramos senhoras e senhores? – Questionou retornando a sua postura gélida e sem emoção.

– Mas que porra acabou de acontecer aqui?! – Indagou a Deusa da sabedoria, perplexa com a cena presenciada.

– Não xingue querida, é tão feio uma divindade do seu porte profanar palavras tão chulas – Implicou Poseidon com um sorriso sacana nos lábios, provocando a Deusa, que apenas não respondeu por ter sido interrompida por seu pai.

– Basta! Parem já os dois de discutirem, parecem duas crianças, vamos voltar ao foco desse julgamento – Se pronunciou Zeus antes daquela conversa nada amigável de Athena e Poseidon se tornar uma disputa – Bom, como Hades veio aqui pessoalmente conferir o que estava sendo feito e aparenta ter proximidade com o Park, ele cuidará da tutela do mesmo, e claro, por vias de segurança para todos, seus dons serão retirados, momentaneamente claro – Completou o soberano do Olimpo estalando seus dedos, fazendo com que correntes se enroscassem no corpo do neto, podendo ser ouvido um grito de angústia e dor.

– O que?! Isso não é justo, vários aqui fizeram coisas piores e não tiveram seus dons retirados, eu peço que reconsidere isso vovô – Suplicou o filho de Afrodite em meios as lágrimas não de tristeza, porém sim de dor e ódio, tendo seu corpo não aguentado e caído de joelhos ao chão, sua respiração descompensada e suor em excesso denunciavam o que estava por vir.

– Não estamos falando dos outros Park Jimin, estamos falando de você, e aqui eu não sou seu avô, sou seu soberano, aqui você me obedece e acata minhas ordens – Respondeu com firmeza, se pondo de pé – Todavia, se acha essa punição é realmente tão injusta, lhe proponho então uma outra, ficará com seus dons, entretanto, sua tutela será do Deus Hefesto e ele decidirá o que acontecerá com vossa divindade – Com tal fala do Deus dos Deuses, um sorriso maligno se abriu no rosto do Deus do fogo e um olhar de desespero se apossou do rosto do filho de Afrodite.

– Pare já com isso meu irmão! – Interviu Hades, tendo notado o que se passava ali, sentindo seu coração apertar com o estado do seu sobrinho neto, ciente de que algo em toda aquela trama estava mais enganosa do que aparentava – Park Jimin ficará sob minha tutela, eu cuidarei de sua sentença, Hefesto não passa de um simples ferreiro e que divindade seria melhor para cuidar de uma punição se não o Deus do Submundo? – Argumentou tentando manter sua frieza habitual, mesmo que não fosse aquele o caso, tendo algo desconhecido para si dizendo que deveria proteger seu sobrinho neto a todo custo, ciente que Afrodite e Ares foram banidos daquele julgamento, ou seja, todos que pudessem ajudar o jovem de alguma forma, estavam impedidos.

– Hades tem razão meu irmão, ele é a melhor divindade para cuidar deste caso, peço que mantenha sua primeira decisão – Pedia agora Poseidon, algo que gerou estranhamento não só em Hades, porém em diversos dos presentes ali, algo verdadeiramente estava errado.

– CHEGA, QUEM DECIDIRÁ AGORA SEREI EU! – Ordenou a Deusa do casamento, Hera, sendo a primeira vez a se envolver naquele julgamento, tendo observado tudo em silêncio – Park Jimin, ao que parece a Deusa da justiça se perdeu em seu papel e meu marido está beirando a insanidade, portanto, manterei a primeira decisão, você ficará sob os cuidados de Hades e Perséfone, estando temporariamente banido do Olimpo, só poderá retornar na presença de um dos Deuses do submundo, se tentar retornar sozinho, resultará numa punição pior, seus poderes serão retirados de si, porém não por completo, você usará um artefato criado pela Deusa Tríplice a séculos atrás, ele não drenará sua essência divina, apenas irá contê-la e quem questionar a minha autoridade, conhecerá a ira da soberana do Olimpo – Explicava Hera com seu olhar de superioridade, tendo observado todo o salão para saber se alguém a questionária, porém naquele momento todos se aquietaram.

A Deusa Tríplice Hekate logo adentrou o salão, tendo um grande manto negro lhe cobrindo não só o corpo, mas também o rosto, caminhando vagarosamente até o corpo quase incosciente do jovem do amor com uma pequena caixa em mãos, se agachando de frente ao jovem, tendo a sua face de mãe levado uma de suas mãos até o cabelo do Park, acariciando os fios cor de rosa e descendo para seu rosto, um toque bem recebido por Jimin, já a sua face da donzela cantarolava baixinho uma canção antiga e jás esquecida pelas areias do tempo, tal canção capaz de cessar temporariamente o sofrimento do rapaz, enquanto sua face anciã retirava de dentro da caixa um bracelete de ouro preto em formato de espinhos, o mesmo possuia dois tipos de pedraria, uma de um tom de roxo escuro e intenso, já a outra pedra era em tom de amarelo vivo, forte e marcante, tendo a tal peça assim que colocada no pulso da divindade, se fechado e adquirido um pingente de uma caveira e uma rosa negra, como se apartir daquele momento algo houvesse sido selado.

– Não se preocupe, você ficará bem minha criança – Disseram as três faces em uníssono, sendo a última coisa que o filho do amor ouviu antes do restante de sua consciência se esvair para um lugar distante e jamais habitado por si.

➷Continua...

Como (NÃO) Conquistar o AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora