O Tártaro

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Não se era possível saber quanto tempo se passou, onde estava, como havia chegado ali ou até mesmo o porquê de tudo aquilo, Park Jimin apenas sabia que estava desperto em um local desconhecido para si, uma forte enxaqueca lhe abateu assim que se levantou da cama macia que antes estava adormecido, de uma coisa tinha certeza, havia sido muito bem acomodado. O jovem caminhou lentamente pelo quarto, tentava analisar tudo com minúcia, até que em um momento, seu olhar caiu sobre um grande espelho antigo que estava no canto do quarto, se pondo a analisar seu estado atual, seus cabelos antes rosa agora possuíam certa coloração arroxeada, algo misterioso para si, suas vestimentas foram trocadas por uma que com certeza não o pertenciam, era a vestimenta padrão dos Olimpianos, o quíton, sendo o seu branco e felizmente, não haviam retirado nenhuma de suas joias de si, todas realmente estavam lá, seus anéis dados por seu pai Ares, cada um simbolizando algumas das infinitas guerras vencidas, uma joia feita com ouro e quartzo rosa na sua orelha esquerda dada por seu irmão mais velho Eros, sua tornozeleira feita com o ouro de Midas dada por seu irmão mais novo Beomgyun e em um dos seus pulsos um bracelete destoante de todas as joias delicadas e de ouro puro, era preta, ainda possuía sua beleza cativante, uma pedraria jamais vista pelo filho do amor.

– Mas o que é isso? – Indagou o garoto para si mesmo, tocando na joia com sua mão e acidentalmente ferindo seu dedo indicador nos espinhos que Jimin achavam ser apenas um mero detalhe, porém, foi o ferimento necessário para que recuperasse suas lembranças, sentindo sua dor de cabeça piorar com a enxurrada de memórias lhe invadindo a mente, acabando por cair no chão de joelhos em meio a um grito de dor.

– Mimi, você está bem?! – Perguntou a voz já conhecida por Jimin, era sua tia Perséfone, a mesma havia corrido até o quarto preocupada, sua respiração ofegante denunciava isso e assim que a Deusa viu o olhar de dor do Park, entendeu o que se passava com o mesmo, indo em direção ao sobrinho, se agachando de frente ao mesmo e o abraçando com a ternura de uma mãe – Oh Jimin, eu sinto tanto por ti meu pequeno, sinto tanto, Hades fez tudo que pode, contudo, não foi o suficiente, me perdoe, eu lhe suplico, me perdoe – Implorava a soberana do submundo abraçando fortemente o Park, apertando o corpo do outro contra o seu, se derramando em lágrimas, a sensação de incapacidade lhe afligia demasiadamente, a frustração era notória, como ela queria ter ajudado mais, queria tanto ter feito mais pelo seu pequeno.

E naquele momento, Park Jimin se permitiu chorar como nunca antes, se permitiu desabar nos braços daquela que era como uma mãe para si, para que aquela que sempre lhe acolheu tão bem, se permitiu sentir dor, contrariou tudo que lhe foi ensinado por seu pai Ares, ignorou toda a audácia, o atrevimento, a fúria, seu eu divino, renegou tudo e apenas chorou, se derramou como um mortal se derramaria, gritou em silêncio, pois as palavras lhe sufocavam e dilaceraram seu pobre coração, se sentiu sujo, imundo, e nada no mundo seria capaz de apagar tal sensação.

– Oh tia, a culpa não é da senhora, sei que meu tio fez tudo que pode, eu realmente sei disso – Se pronunciou Jimin em meio às lágrimas e soluços, se afastando minimamente para ficar cara a cara com Perséfone – Confie em mim, a culpa não é sua tia, acredite, pensaram até em me entregar para o crápula do Hefesto, porém, meu tio interviu antes, eu sou eternamente grato a vocês dois – Completou sorrindo minimamente, tentando não só tranquilizar a mulher, todavia, a si mesmo, mandando para longe as lembranças dolorosas e amargas de sua infância graças a Hefesto.

– Eu sei querido, reconheci pelo seu olhar, infelizmente temos algo amargo em comum, não é? – Respondeu a Deusa tendo cessado seu choro igualmente ao filho do amor, retribuindo aquele sorriso, deixando um beijo na testa do jovem logo em seguida – Eu te amo com a minha alma querido, você é como uma parte minha, um filho que pode até não ter o meu sangue, porém, tem todo o meu amor – Afirmou abraçando o Park mais uma última vez antes de se levantar, se pondo de pé e estendendo sua mão para o garoto.

Como (NÃO) Conquistar o AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora