𝓞𝓿𝓮𝓻𝓭𝓸𝓼𝓮𝓼 𝓹𝓽/2 - 𝓢𝓽𝓮𝓿𝓮𝓷

428 26 17
                                    

(N/A - Eu resolvi diferenciar um teco então uma metade do cap vai ser narrada pelo Stee e a outra pela S/N)

Dez minutos se passaram desde que a S/N saiu por aquela porta e eu ainda não acreditava na burrice que eu tinha acabado de fazer.

O pior de tudo é que eu não tinha coragem para ir atrás dela, não depois de ter dito que eu me arrependia de tê-la amado, expulsa-la e dar um tapa nela. Eu só permiti que as lágrimas rolassem pelo meu rosto enquanto cheirava algumas carreiras de cocaína em um prato de vidro qualquer.

Eu me entreguei completamente ao desespero naquela hora e a raiva tomou o lugar da tristeza que se alastrava por todo o meu peito. Então eu a coloquei para fora, começando por um vaso caríssimo que eu arremessei contra a parede mais próxima, depois despedacei um abajur, seguido de copos, pratos e socos na parede. Estava com raiva de mim mesmo, com raiva por não ter aguentado firme e por ter desprezado a única pessoa que ficou ao meu lado durante todos aqueles momentos difíceis.

A S/N estava completamente certa no fim das contas. Eu não sabia o que "nós" significava naqueles momentos todos e nem conseguia me lembrar se um dia eu realmente soube!

E querem saber de um segredo sujo? Eu menti para ela durante meses... Aquilo não era temporário, eu pretendia fingir algum tipo de melhora ou reabilitação e continuar me drogando escondido. Foi melhor nós termos terminado, porque ela merecia alguém melhor que eu, que a fizesse feliz e a mantivesse longe de dramas como este.

A última lembrança que tenho deste dia é a de ter me deitado no sofá depois de injetar uma seringa cheia e então apagar completamente.

Ao decorrer daquela semana tudo o que eu conseguia notar era a falta que ela fazia e o quão vazia a casa ficava sem ela. Eu não ouvia mais aquela risada doce, dormia e acordava sozinho naquela cama de casal - que parecia ser imensa agora - e não via mais por nenhum canto aquela figura de estatura mediana perambulando por aí com as minhas camisetas e nada além delas.

No auge da minha tristeza e arrependimento eu decidi ser um homem melhor, que a merecesse, me entendem? O primeiro passo era tentar ficar limpo, livre de tudo que me fizesse mal.

Estava fazendo aquilo por ela, por mim e pela minha família.

O processo de reabilitação de uma pessoa que tenta ficar livre das drogas sozinha e sem nenhum apoio de um profissional ou apoio emocional é humilhante, para dizer o mínimo. Resumindo da melhor forma possível eu estava extremamente fissurado pelas drogas nos primeiros dias sem usa-las, então corria nervoso atrás dos meus esconderijos, chegava perto de usar e então fazia um tremendo esforço para jogar fora ou colocar de volta no lugar e me afastar depois. Meus dias se resumiam a náuseas, dores em todo e qualquer músculo, vômitos e outras coisas bem piores. Comecei a melhorar depois de uma semana, que é o tempo normalmente previsto para que os sintomas de abstinência desapareçam.

Eu aguentei firme e para me confortar, revirei meu armário até encontrar um moletom meio surrado e antigo da S/N, estampado com um disco de vinil na frente e ainda com o cheiro do perfume dela. Abri um sorriso de orelha á orelha enquanto tinha aquele moletom nos braços.

(...) (seria apropriado eu dizer que todas nós estamos narrando agora?)

Não pretendo mentir e dizer que sair da casa de Stee deixa-lo sozinho mesmo depois de todas as brigas, - aquela última briga principalmente - aquele tapa e as palavras que ele praticamente cuspiu em mim, foi fácil, porque não foi.

Eu sei que pessoas que estão sobre o efeito de drogas ou álcool tendem a dizer muitas coisas da boca para fora, mas eu já tinha relevado coisas demais para deixar esta passar. Talvez ele acreditasse que fora realmente um erro enorme sentir amor por mim e também acreditasse que eu não tentei ajuda-lo e nunca fiz nenhum bem a ele.

𝓘𝓶𝓪𝓰𝓲𝓷𝓮𝓼 𝓮 𝓹𝓻𝓮𝓯𝓮𝓻𝓮𝓷𝓬𝓮𝓼 𝓖𝓾𝓷𝓼 𝓝' 𝓡𝓸𝓼𝓮𝓼Onde histórias criam vida. Descubra agora