O que se deve esperar?

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— Mesmo que eu tenha ficado encarregado de cuidar de você e seu irmão, não fique achando que sou babá não.

Jungkook caminhava ao lado do mestiço. Estavam dentro de um estabelecimento parecido com uma escola, que tinha uma ótima aparência perante às circunstâncias.

— Eu sei que deve estar confuso agora, eu também estaria. — disse o homem.

— O que é isso tudo? — perguntou Jeon, olhando para todas as janelas. Algumas com vidros quebrados, mas todas tinham grades de ferro.

— Isso era uma escola militar exclusiva para garotos. Quando cheguei aqui, o chefe estava começando as plantações para o inverno, foi a melhor coisa que me aconteceu. — explicava, sem deixar de caminhar pelo corredor cheio de portas com o novato no seu encalço. — É bom que já se conheçam. Quando o mundo acaba, não esperamos achar conhecidos.

— Jimin disse algo sobre nós? — estalou os dedos, ignorando as mãos trêmulas pela ansiedade. Não queria que pessoas desconhecidas soubessem sobre eles antes mesmo de se falarem depois de... tanto tempo.

— Disse que se conheciam. Na verdade, só dizendo isso o chefe falou até demais. Ele não costuma falar muito sobre... Bom, ele mesmo. Não que ele faça o tipo frio, longe disso, é completamente compreensível não querer falar da vida antes dessa. Eu, por exemplo, prefiro não comentar.

Daehy gostava de falar, Jungkook notou isso desde o momento em que acordou, o mestiço não calava a boca um segundo. Porém, não deixava de ser importante ouvir cada coisa que ele dizia, era bom ter as respostas antes de formar as perguntas.

— Por aqui. — Daehy abriu uma porta no final do corredor, onde revelou o irmão do Jeon sentado em uma maca, enquanto uma pessoa limpava os ferimentos da sua testa. — Trouxe a outra metade.

— Jungkook! — Seokjin se levantou, abraçando os ombros do caçula. — Jungkook, você não tem ideia... Esse lugar é incrível.

— Como você já está sabendo mais do que eu?

— Você dormiu tempo o suficiente para isso. — respondeu. — Ouvi falar que eles até tem chuveiros. — sussurrou por fim.

— É verdade. Temos encanamento e coletamos energia solar e de geradores. A água quente é uma delícia. — Daehy disse, encostado na parede. Parecia se gabar com orgulho.

Isso era surreal. Tão incrível que Jungkook ainda pensava que estava sonhando. Como era seguro crer que tudo aquilo era verdadeiro? Quais as chances de finalmente ter enlouquecido? De tudo não passar de uma alucinação e ele estar apenas largado em alguma valeta endoidando de vez?

Diria que havia muitas chances.

— Como-

— Acho que está sendo informações demais para ele. — a pessoa que antes cuidava do irmão mais velho se pronunciou. — Vamos com calma. Ele acordou, praticamente, em um mundo diferente.

Daehy, que claramente amava se gabar do lugar, concordou com a cabeça.

— A propósito, sou Jung Hoseok. — o homem estendeu a mão, apertando gentilmente a do Jeon. — Eu era enfermeiro. Cuido como posso das pessoas daqui.

— Jeon Jungkook. — respondeu com o sorriso mais simpático que conseguia dar no momento. Se perguntou se deveria falar sua antiga profissão também, talvez fosse um costume social depois do apocalipse. Na dúvida, decidiu ficar quieto.

Todos tinham uma aparência ótima naquele lugar. Os cabelos do enfermeiro podiam não parecer macios, mas certamente estavam limpos e sem o cheiro de mofo que Seokjin, às vezes, tentava tirar com água de algum riacho. Daehy tinha roupas limpas e botas fortes que serviam em si.

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