A dor da culpa age.

67 11 4
                                    

Ao sair daquele corredor para seguir o mesmo caminho que havia chegado até ali, Jungkook encontrou Daehy no caminho, encostado numa parede. Ele fez algumas perguntas, que Jeon não tinha condições de responder, pedindo apenas para ser levado para um local que pudesse descansar.

O mestiço levou ele até o mesmo quarto que havia acordado antes.

Jungkook já havia tido muitas noites mal dormidas, mesmo com todo seu cansaço infinito sua mente nunca o deixava descansar. Dessa vez estava em um ambiente isolado, onde podia fechar uma porta e não se preocupar com uma possível chuva fria. Era claro que seu cérebro ficaria trabalhando sobre os recentes acontecimentos com Jimin, criando pesadelos de todos os tipos. Tirando tudo isso, seu sono foi considerado bom, que se tornou mais fácil a medida que o sol nascia.

Na manhã seguinte, Seokjin entrou em seu quarto, fazendo seu corpo saltar em alerta e imediatamente acordar em um susto, seu coração acelerando como se a qualquer momento tivesse um derrame.

— Calma, irmão. — disse o mais velho, se aproximando para acalmá-lo. — Tá tudo bem, estamos seguros.

O caçula cerrou os olhos, respirando fundo para relaxar.

— Me desculpa por ter entrado assim, achei que já estaria acordado. — falou Jin, sentando no colchão extremamente fino.

— Não tem problema, eu só preciso me acostumar.

Sabia que o irmão queria perguntar alguma coisa, via a curiosidade estampada nos seus olhos. Não o culpava, Seokjin não tinha uma ação social fazia anos.

— Então? — começou ele. — Como foi com o Jimin?

Ah, Jimin. Sua cabeça latejou e um suspiro pesado saiu do seu nariz.

— Não vamos casar. — riu sem humor algum, esfregando seu rosto sonolento com as mãos.

Jin fez uma careta. — O que isso quer dizer?

— Quer dizer que ele me culpa por aquele dia. — explicou, balançando a cabeça. — E sabe... Eu não consigo nem ao menos me sentir injustiçado com isso, porque ele pode estar certo, Jin. Eu abandonei ele. Nós passamos por muitas coisas mas estávamos juntos, e ele não. Jimin sobreviveu sozinho por sabe se lá quanto tempo.

— Você não teve culpa daquele dia, Jungkook! Nós vimos quando o papai o desacordou. Vocês dois foram vítimas disso. — apontou.

— Eu só queria ter feito algo. Evitado tudo. — olhou para suas mãos, sentindo o quão inútil elas foram quando seu homem mais precisou. — Eu amo ele, Jin... — sua voz falhou, sentindo seus olhos arderem. — Pensar que fui a causa do seu maior sofrimento é muito pior do que não ser correspondido mais. Muito pior.

O irmão mais velho suspirou, esfregando as costas do homem fragilizado. Ver Jungkook dessa forma quebrava seu coração em pedacinhos, pois estavam em um apocalipse e essa era a primeira vez que via o mais novo tão exposto.

— Ninguém pode mudar o passado. O que passou, passou, Kook. — disse Seokjin. — Vocês precisam superar isso e não diga que ele nunca vai perdoar você. Ele poderia muito bem ter nos mandado embora, mas ainda estamos aqui, certo?

Jungkook levantou os olhos. Ainda não tinha pensado nisso.

— Agora vamos, ouvi dizer que temos café da manhã. — sorriu, se levantando e esticando a mão para encorajá-lo.  — Ter uma refeição decente vai te ajudar a pensar melhor.

Concordou, aceitando o gesto do outro.

Quando Jimin saiu do seu quarto, já tinha em mente as olheiras fundas no seu rosto, resultado da noite em que não havia dormido nem um minuto. Não foi surpresa o modo como Namjoon o olhou.

fingers crossedOnde histórias criam vida. Descubra agora