Dois anos depois.
O apocalipse chegou de maneira que o mundo nunca imaginaria.
Claro, mesmo que a maioria botasse a culpa em possíveis meteoros que destruiriam completamente a terra, todos — mesmo que no fundo — sabiam que o fim do mundo chegaria através das consequências humanas. E não poderiam estar mais certos.
Há quatro anos atrás, cientistas se preocupavam demais com a única coisa que ninguém poderia jamais escapar: a morte. A certeza desde o nascimento.
Na maioria, eram céticos demais para acreditar em vida após a morte, mais ainda em um Deus que os pegariam e levariam para um lugar melhor. Dadas a tantas dúvidas de uma das únicas coisas que eles nunca poderiam descobrir na vida, eles chegaram à conclusão que, sim, nunca poderiam escapar da morte mas talvez, apenas talvez, pudessem criar a própria vida após ela.
Através da ciência, é claro.
Depois de dois anos de estudos e mais estudos, misturados com experiências dignas de um maluco, eles conseguiram desenvolver o primeiro remédio pós vida.
Mas foi com sua primeira cobaia que tudo desabou.
Assim que o defunto ergueu o tronco, a comemoração dos cientistas foram imediatas, mas tudo acabou em uma imensa poça de tripas e sangue. Depois de o morto enjerir o remédio, tudo em seu corpo se tornava tóxico, como uma doença, podendo assim contagiar qualquer um com que tivesse contato através do sangue. E já que o canibalismo era o ato favorito do morto-vivo, não demorou para que o vírus se espalhasse por toda a Ásia.
Um ano depois, um jovem intelectual que sobrevivia ao apocalipse com seus amigos trancados em um grande laboratório, conseguiu através de uma autópsia muito bem feita em um dos infectados, descobrir que a única maneira de realmente matar os monstros, seria danificando seus cérebros. Aparentemente, os cientistas que criaram o remédio pós vida, apenas conseguiram ligar partes banais do cérebro humano, e todos os comandos que ele poderia fazer sobre o corpo seria a movimentação e o jeito mais agressivo possível de se alimentar.
Alguns meses depois, os defuntos invadiram o laboratório quando um dos moradores saiu para buscar suprimentos. Ninguém sobreviveu.
Agora, fazem mais de dois anos que o mundo ainda sofre com o apocalipse, causado por um desejo completamente egoísta e narcisista de um grupo de homens. As consequências desse grande erro nunca acabariam.
Jungkook nunca soube sobre nada disso. Provavelmente, nunca saberá.
Sua família saiu de casa fugindo de policiais e um morto-vivo pela metade no tapete da sua mãe. Desde então sua vida virou o inferno que permanece até hoje. E para ele, nunca teve ou terá nenhuma explicação de o porquê disso um dia ter acontecido. Talvez se tivesse conhecido o intelectual, pudesse ter salvo seus pais ao descobrir pela teoria que os mortos só morriam de verdade se o cérebro fosse danificado. Mas descobriu pela prática, e por causa disso viu mais mortes do que deveria.
Às vezes, quando conseguia um lugar no mínimo quente para dormir, se pegava imaginando que talvez acordaria em meio aos seus lençóis, com o ronco delicado do noivo ao seu lado.
Quando acordava, seu corpo estava dolorido e Jimin morto.
Já Seokjin, nunca nem ao menos teve um pingo de esperança, estava ocupado demais pensando no que comeriam no dia seguinte, isso se acordassem vivos.
— Quantas balas temos? — perguntou Jungkook, os cabelos grandes batendo no queixo.
— Cinco. Vamos ter que usar as facas. — Jin respondeu, enquanto colocava as mochilas nas costas.
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fingers crossed
FanfictionUm casal acaba de ficar noivos e uma das suas maiores preocupações até então seria como contar isso para pais conservadores. Mas apocalipse não espera ninguém se resolver, se preparar ou sequer adivinhar de que forma ele chegará. Apenas chega, não b...