Capítulo 3 - Bom para comer

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Observou a garota imediatamente levantar-se e correr para fora da enorme clareira do bosque, torcendo os dentes de leão conforme seus pés pisavam anciosos em uma corrida e a campina lavar os vestidos brancos que grudavam em suas curvas. Seus ondulados cabelos longos, frenéticos, pela brisa que corria pelos vales e seus olhos assustados, como o de um servo, arregalados, azuis com uma pequena falha negra os manchando permitiram ao duque um último vislumbre de seu maior desejo, partir para o desconhecido.

Perturbado com tal miragem, tratou de seguir o caminho de volta ao grandioso castelo de Guise, imponente e escondido entre as grandes copas da árvores. A voz de Frida alcançou seu ouvidos mais uma vez-Vossa graça acabou se perdendo?-questionou caminhando em sua direção com um novo buque de flores colhidas recentemente.

O duque não foi capaz de responder ou apenas acenar. Tal feito havia tirado suas habilidade cognitivas e o tornado apenas uma casca vazia. Sua mente a deriva não estava mais preocupada com seus homens nas fronteiras esperando que a qualquer segundo a guerra os alcançasse com seus tentáculos tenebrosos. Estava a mercê de uma garota cujo a pele gostaria de lamber e os cabelos puxar.

Não se permitiu pensar tão primitivamente em uma mulher, ele não era assim. Não dessa forma. Portanto seguiu a graciosa donzela que parecia inerte a sua confusão e continuava a citar todas as suas espécies favoritas da flora local.

-Como foi crescer aqui, tão afastada das maiores cidades da Inglaterra?-questionou curioso, reprimindo todas as suas maiores vontades, todas voltadas a tentar perseguir outra donzela.

-Eu adoro, embora minhas irmãs mais velhas não...

-Não consigo imaginar não gostar desse lugar...-refletiu observando o lago surgir ao horizonte, como um espelho paradisíaco, refletindo o imponente castelo e o jardim que o cercava.

-Embora eu as entenda, prefiro o ar fresco das montanhas, o trotar dos cavalos e o poer do Sol no vale. Não sei se vossa graça entende, mas aqui temos liberdade...-confessou abertamente apertando os ramos sob o peito.

-Suponho que não seria do vossa agrado abandonar o interior da Inglaterra e suportar toda a poluição das grandes cidades-o sorriso de Frida murchou como plantas amanhecidas após o corte de suas raízes.

-Papai não gostaria que dissesse isto, mas é a verdade! Eu não conseguiria largar esse lugar por nada no mundo, nem por um vislumbre do que é o amor...-suspirou desapontada-Contudo, se assim vossa graça desejar, entendo que sua presença se faz necessária nas fronteiras, eu posso tentar me adaptar...-murmurou.

-Você me parece uma espécime rara de flor, do tipo que raramente cresce e de adapta a outros lugares-especificou observando seu rosto angelical ser iluminado conforme deixavam o manto rosado das cerejeiras para os raios luminosos da estrela-E eu seria cruel se tirasse isso de você...-apontou.

A garota sorriu e estendeu um dos ramos para o duque que apreciou o jesto delicado-Aposto que você vai se encantar por uma de minhas irmãs!-disse sincera observando os patos brancos nadarem no lago-Elas podem ser complicadas e até mesmo superficiais às vezes, mas seus corações são puros e dignos de amor...-Nicholas sorriu, olhando para uma das almas mais puras que já havia presenciado. Não imaginava que existisse mais dessas. Não depois da guerra.

-Eu não duvido disso, Frida. Mas eu não estou em busca de amor. Apenas uma esposa dedicada e recatada. Algo para alimentar minhas esperanças de que eu possa voltar a ver as coisas como você, um dia...-suspirou o ar fresco das montanhas e deixou sua pele ser agraciada e aquecida pelos raios solares, aos quais, a muito tempo não apareciam na capital.

-Pois eu acho, vossa graça, que você não escolhe amar ou não. Isso está muito além de sua vontade própria, é natural, como a própria morte. Você não escolhe morrer, mas sabe que um dia isso irá chegar-pontuou enquanto caminhava em seu vestido lilás graciosamnete.

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