A campanhia da mansão Manford soou e dois dos galgo afegão idênticos, com pelos caramelados e escovados, correram para cheirar o visitante atrás da porta. Um dos criados correu para atender o Dr. Dionísio, um dos maiores fisioterapeutas especialidados em recuperação pós-guerra. O homem foi direcionado para um salão, onde reconhecia se passar as sessões com o duque.
Um ambiente com uma esplêndida vista para o jardim e iliminado naturamente pelo Sol, sempre escondido atrás das nuvens de poluição que cercavam as cidades perto da fronteira.O duque parecia desalento em um canto, com o olhar vazio e desesperançoso. Ocorria que, nessas tardes, não havia mais do que perca de tempo, pois em seis meses não havia melhoras em seu quadro. E como todas as outras, essas sessões terminavam por deixar um buraco maior no peito do duque, que comprendia que deviria ter morrido em campo, do que estender essa agonia torturante pelo resto de sua vida.
-Bom, vamos começar com o de sempre...-apontou o Dr, ganhando plena atenção de seu paciente, impaciente-Quero que tente mexer os dedos...-estavam sentando em cadeiras paralelas com as sombras das cerejeiras manchando o assoalho do estúdio.
-Você sabe que isso é impossível...-murmurou esfregando as pontas dos dedos em sua testa-Eu não consigo!-respondeu.
-Como você sabe que não consegue se não tentar?-provocou cruzando as mãos sob o colo.
-Porque eu já tentei por seis meses fazer isso, doutor. E nunca, sequer ouve resposta, não seria hoje que funcionaria...-suspirou lançando-lhe uma careta.
-Exatamente, você tentou por seis meses, porém, hoje não. Eu quero que tente hoje...-pediu condescendente esperando pacientemente em seu lugar, como se tivesse todo o tempo do mundo para encoraja-lo.
Nicholas apertou os punhos segurando o grito de protesto que tentava persoadir por sua garganta e limpou sua cabeça de todos os xingamentos destinado ao outro homem. Suspirando, olhou para seus pés como se tivesse tentado a resolver o mistério que os cercava. Parecia quase como olhar para os pés de outra pessoas, simplismente não estavam conectados. Era uma parte de seu corpo e ao mesmo tempo não era.
Tentou se lembrar como era a sensação de mexer os dedos, mas seu cérebro parecia te-lo apagado. Simplismente, não funcionada.-Bom...-murmurou o Dr.
-Eu não acho que isso parece bom doutor!-apontou indignado.
-Você pelo menos tentou. Não são todos que se recuperam rápido de um acidente tão terrível quando o seu. Seu corpo foi muito machucado e está se recuperando aos poucos. Isso levará o tempo que for necessário...
-Eu não acho que sentar aqui por mais seis meses, tentando mexer a porra de um dedo, me levara para lugar algum-acusou.
-E o que você sugere?-questionou sem perder um movimento sequer de suas afidas expressões.
-Talvez, tentar andar, faça com que meu corpo se lembre...-propôs. Não que não tivesse tentado seis meses atrás. Todos os dias, mesmo que não fosse indicado, Nicholas corria o risco de se machucar tentando fazer seu cérebro releembrar como era andar. E todos os dias, ao poer do Sol, terminava com manchas vermelhas e roxas pelo corpo, se assim fosse encontrado rapidamente pelos criados que ouviam o terrível barulho. Se não, permanecia longas horas observando os móveis de uma perspectiva diferente.
-Você esta tentando dar um passo maior que a perna...-refletiu-Mas se quiser provar algo para si mesmo...-o doutor levantou-se e foi para a porta chamar mais dois criados. Nicholas era enorme e impossível de lidar com apenas um par de mãos.
Os homens se alinharam perto da cadeira e levantaram-no em um impulso, segurando o peso de seu corpo todo para si. Nicholas então tentou estender sua perna, em um passo, mas nada realmente acontecia. Seu rosto estava vermelho de tentar e já estavam longos minutos nessa dança que parecia congelada desde o início. O cheiro de cravos e mel inundou seu olfato e quando desviou os olhos de suas pernas, encontrou Catarina encostada no batente da porta, analisando-o com olhos minuciosos. Então Nicholas não precisou olhar duas vezes para Arthur, que permanecia perto das janelas, para que fizesse sua vontade. O ruivo caminhou em direção as portas e antes que a duquesa pudesse prostestar, elas foram fechadas de imediato em sua cara.
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Entre Amor e Guerra
RomanceEntre Amor e Guerra conta a história de Nicholas, o duque de Manford, que após casar-se com Caterina, filha de um dos condes mais ricos da Inglaterra é convocado para a guerra. No entanto, Nicholas sofre um terrível acidente que o deixa sem movimen...