Capítulo 06: O baile dos Montmorency

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RENEGADE,
o baile dos montmorency

Era véspera de Natal.

A família Montmorency estava planejando um baile com a finalidade de mostrar para os convidados as riquezas e belezas da Corvinal. E Ophelia estava de prontidão para acabar com os planos deles, novamente.

— Esse vestido é simplesmente... — A loira falava se olhando no espelho

— Esplêndido — Pandora suspirou

— Ridículo! — Completou

Era sim um vestido lindo, tiraria suspiros de qualquer um que a visse nele. Era acinturado e com a saia pouco volumosa, destacava bem as suas curvas.

A única coisa que ela não gostara foi a cor, claro que tinha que ser azulado

Vestiu seu salto com dificuldade pelo volume de tecido da saia e soltou um suspiro de alívio quando conseguiu. Pandora também se arrumava, estava com luvas até o antebraço. Estava realmente linda, e seus cabelos encaracolados presos em um penteado luxuoso

— Eu não quero ir assim

— Mas você está tão linda, Phelia!

— Não gosto de me ver com a cor azul — Se virou novamente para o espelho arrumando-os para deixar alinhados

— Não seja boba, você fica bem com qualquer cor! — Se levantou e apoiou o queixo na mais velha, também a olhando pelo espelho — Está linda, Ophelia!

Suspirou e ficou segundos em silêncio se observando. Duas batidas foram ouvidas e o ranger da porta se abrindo fez com que as duas olhassem para trás, revelando o pai de Ophelia.

Vincent Montmorency não parecia ser a pessoa mais amorosa e carinhosa do mundo. Mas entre toda sua familia, Vincent não tratava a filha mal, como poderia? Ela é o seu maior amor

— Como estão minhas garotas?

— Estamos prontas — Pandora sorriu

— Diga por você — Ophelia franziu o cenho para a prima.

Pandora revirou os olhos e se retirou do cômodo, descendo já ouvindo a melodia suave do baile que se enchia aos poucos.

Ophelia se voltou para o espelho tentando ajeitar o vestido que já estava perfeito em seu corpo, suspirou frustrada e se virou para seu pai que havia se sentado em sua cama

Vincent riu da cara emburrada que sua filha possuía e bateu no espaço da cama, indicando que ela deveria se sentar ao seu lado

— Sei que finge não gostar de azul

— Eu odeio azul

— Você nem sempre é uma boa mentirosa, querida — Disse para a filha que revirou os olhos — Os Montmorency nunca foram um bom exemplo de família, isso muito antes de seu nascimento, sabia? — A garota loira levantou seus belos olhos curiosos para o pai, desconfiada do assunto — Quando se tem valores e aparências a serem mantidos, qualquer um que ande um pouco longe da curva acaba sendo tratado diferente

— Não me diga

— Eu tenho orgulho de você, Ophelia — A garota voltou o brilhante olhar para o pai — Orgulho de conseguir ser diferente deles e por enfrentá-los de cabeça erguida, por mais que doa! E eu sei que dói

Ophelia sorriu de lado e concordou com a cabeça, não gostava de falar sobre aquele assunto nem mesmo com seu pai que sempre a deu espaço para tal

— Olha, talvez eu tenho esquecido minha varinha aqui e sem querer você mudou a cor do vestido — Ele sugeriu sussurrando

— Não faria isso! — Ela riu

— Não deixe sua mãe saber sobre isso — Pegou em seu nariz, uma mania de quanto ela tinha poucos anos de vida

— Nunca deixo — Deu de ombros

— Vejo você lá embaixo, texuguinho — Sorriu antes de se levantar e fechar a porta dando privacidade para a garota

Algumas tentativas após, a mudança de cor do vestido estava completa. O sorriso da loira não poderia estar mais brilhante possível, não sabia nem quanto tempo ficou ali em frente ao espelho se olhando, mas ouviu novamente batidas na porta e uma voz a chamando

— Eu sei que você é feia, mas não acho que ficar se arrumando por cinco horas irá melhorar em algo — Seu primo gritou do outro lado da porta, fazendo os olhos claros de Ophelia se revirarem automaticamente

— Vai à merda, Laurent — Gritou de volta

— Tem como você sair desse quarto? Sua mãe está te chamando e só falta você

Respirou fundo e se olhou pela última vez, queria ter uma daquelas câmeras filmadoras dos trouxas para poder gravar a reação dos seus familiares quando a visse daquela forma. Abriu a porta e viu o exato momento que os olhos do seu primo se arregalaram, um deles estava roxo e seus lábios estavam cortados, até se preocuparia se por acaso se importasse com ele de fato. Na verdade, ela já sabia bem quem havia feito aquilo com ele

— Ophelia... você...

— Estou magnifica, eu sei — Sorriu orgulhosa de seu feito

— Eles vão matar  você, o vestido era azul! 

— Por qual motivo? Eu não fiz nada! Não posso usar magia fora de Hogwarts — Deu de ombros e deixou o outro Montmorency pensativo e confuso para trás

Ophelia respirou fundo e segurou o corrimão da grande escada da mansão onde morava. Se sentiu em um cliché trouxa enquanto descia as escadas e cada olhar voltava a si.

Conseguiu ver de longe o olhar espantado de sua família e o sorriso discreto de seu pai, ninguém além deles estava ligando muito para a cor do vestido da garota, mas todos viam o quão bela Ophelia Montmorency era

Estava prestes a chegar no último degrau quando viu Sirius dar um passo à frente, mas Regulus chegou nela primeiro e estendeu o braço como um verdadeiro cavalheiro

Ela agradeceu o garoto que sorriu para ela, encantado de fato

— O que está fazendo, Ophelia? — Sua mãe perguntou se aproximando

— No momento? Nada

— Espero que saiba que está de castigo pelo restante do feriado! Até voltar à Hogwarts!

— Tudo bem — Deu de ombros, não havia nada para fazer mesmo

— Você envergonha essa família! — Disse baixo para que a filha escutasse

Ophelia seguiu a mãe com os olhos e sorriu singelo para Regulus que ainda acompanhava a garota. Não sabia muito sobre o tratamento dos Montmorency com a garota, ela não falava sobre isso com ele.

— Sinto muito

— Não sinta — Falou sem o olhar — Já estou acostumada — Forçou um sorriso e o puxou levemente — Vem, vamos aproveitar o baile

Regulus concordou antes de começar a seguir a garota. Se perguntava como ela conseguia ser ela mesmo com todos os seus familiares a menosprezando.

E então pensou em seu irmão Sirius e no quanto os dois se pareciam.

RENEGADE | sirius blackOnde histórias criam vida. Descubra agora