RENEGADE | sirius black

Capítulo 07: O beijo de despedida

RENEGADE,
o beijo de despedida

Apoiada no parapeito da varanda, Ophelia mexia no canudinho da sua bebida. O gelo já havia derretido, já nem possuía o mesmo sabor.

Não estava mais tão entusiasmada como antes, já havia dançado com Regulus, o que gerou muitos olhares e murmurinhos. De ambas as família, a propósito.

Tampouco animada, seus familiares conseguiam ser bem desagradáveis quando queriam. E naquele dia, eles queriam muito.

Sentiu alguém se aproximando e também se apoiando onde ela estava. Pensou em fingir um sorriso, mas Sirius Black a conhecia como ninguém.

— Não sei como você aguenta

— Na verdade, sabe sim — Suspirou, voltando o foco para sua bebida

— Foge comigo — Sirius sussurrou 

A princípio, Ophelia se assustou, mas riu em seguida.

— O que?

— Foge comigo, Phelia — Ele repetiu — Vamos viver longe deles, vamos ser felizes

— E para onde nós iríamos, Six?

O garoto de cabelos pretos e cumpridos parou, olhando nos olhos azuis da garota. Eram tão lindos, que nem pareciam ser de verdade.

Ela não parece ser real.

— Não sei, mas... qualquer lugar é melhor do que perto deles.

— É, nisso você tem razão. — Suspirou. Ophelia queria estar o mais longe de sua família, há anos, mas não conseguiria fazer isso. — Só mais três anos. Eu consigo

— É mais corajosa do que imagina, minha proposta sempre estará de pé

Seus olhos se encontraram. Fixamente o preto encontrou o azul. Um misto de pensamentos dançavam em suas mentes e corações.

"Como ela pode ser tão linda?", ele pensava.

"Como eu queria ser corajosa assim", ela pensava.

— Então imagino que seja nosso último baile idiota juntos, não é? — Ophelia questionou, estavam tantos anos enfrentando aquilo juntos. Dividindo o ódio pelos pensamentos puristas e estúpidos de suas famílias que nunca se quer imaginou como seria sem o mais velho dos Blacks.

Sirius estendeu uma de suas mãos a loira que a segurou mesmo confusa.

— Me concede a nossa última dança?

— Da mesma forma que concedi a primeira — Ela apertou firmemente os dedos quentes do garoto.

Ambos se aproximaram, Sirius com sua mão na cintura da garota e Ophelia segurando no ombro dele. Balançavam lentamente ao baixo som da música que vinha do baile. Não se sabem ao certo quanto tempo ficaram ali, mas em um certo momento estavam abraçados, aproveitando o momento único em que eram apenas eles.

— Já sabe para onde irá? — Perguntou olhando nos olhos do garoto — É claro que sim

— Potter — Disseram juntos, antes de rirem baixo

— Você será muito amado, Six. Os Potter's te adoram, fico feliz por você

— Obrigado, raio de sol

Continuaram na mesma posição, encarando um ao outro enquanto a música abafada da festa tocava. Ophelia enrolava o dedo nos cabelos da nuca do garoto, enquanto Sirius acariciava a cintura dela.

Sirius se aproximou, não estava pensando em mais nada naquele momento em que estava hipnotizado pelos olhos claros e brilhantes de Ophelia. E Ophelia apenas aceitou, não podia negar que era um momento digno, íntimo e importante para ambos

Um choque passos entre seus lábios quando se tocaram. Não era a primeira vez, mas agora tinha um significado maior do que um jogo de verdade ou desafio.

Era uma despedida de Sirius. E por mais que eles ainda fossem se ver na escola, Sirius agora seria livre. A liberdade que Ophelia invejava e desejava profundamente, mas estava feliz pelo amigo, ele merecia liberdade

— Eu te amo, raio de sol.

— Eu te amo, Six — Respondeu com um sorriso — Se eu puder te ajudar com alguma coisa

— Você já ajudou — Ele sorriu para ela e selou seus lábios novamente com um selinho longo

Sirius não iria admitir, mas os lábios de Ophelia Montmorency eram os melhores que já haviam provado. Ele poderia facilmente se acostumar em beija-la.

— Feliz natal, Sirius

— Feliz natal, Ophelia

A notícia de que Sirius Black havia fugido de casa, chegou em um domingo a tarde. Ophelia ficou nervosa em caso de algo der errado, mas durante o recesso, foi apenas isso que ouviu.

Walburga Black pouco se importou, de fato. Mas escutou por aí que havia queimado o filho mais velho da tapeçaria.

Ophelia escreveu a Regulus, mas não obteve nenhuma resposta do garoto. Ela decidiu dar um tempo a ele, não sabia se tinha conversado com o irmão, mas conhecendo Sirius, tinha quase certeza de que não.

O dia de voltar a Hogwarts chegou depois de longos dias. Ophelia tomava café da manhã em silêncio quando Hamlet Montmorency se juntou a família.

— Bom dia — Declarou a todos

— Bom dia, querido — A mãe lhe respondeu — Ao menos alguém tem que ter educação aqui — Murmurou, como uma forma de atingir a filha que estava sentada à sua frente. Ophelia revirou os olhos já sabendo — Não revire os olhos pra mim, mocinha! — Ophelia então repetiu o ato, agora desafiando-a — Você deveria ter feito como o primogênito dos Black's — Giselle rosnou as palavras

O silêncio atingiu a todos. Vincent olhou para a esposa, repreendendo-a. Hamlet olhou para a irmã, a fim de saber o que ela faria a seguir.

Ophelia e sua mãe se encaravam arduamente. Mas para a surpresa de todos, a garota sorriu, de fato achando graça

— Não é como se eu não tivesse recebido a oferta, mamãe — Respondeu — E não é como se eu não tivesse futuras oportunidades — O ódio no olhar da mulher vacilou, mas ela manteve sua postura — Agora se me der licença, e mesmo se não der, irei me aprontar para a escola, acho que irei usar o suéter que você adora, aquele amarelo, sabe?

Sorriu irônica e saiu do cômodo. Ela sabia que era provocações, mas não deixou se atingir, estava voltando para sua verdadeira casa naquele dia. Nada mais importava.