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Lauren

Os dias que se seguiram foram de atividades intensas para Camila, pois ela precisou dividir seu tempo entre a loja, as pessoas que a procuravam em casa para alguma consulta e Louis, que aos poucos começou a se recuperar e inclusive a ajudá-la. Diversas vezes cheguei a sua casa e encontrei os dois no herbário. No princípio, sentia certo ciúme de vê-los tão próximos... Depois, minha preocupação passou a ser em relação a algo que ainda não sabia, mas que percebia que Camila e Louis escondiam. Inclusive comentei com Paulo, que me repreendeu imediatamente:

- Tá louca, Laur? - Depois riu da minha cara.

- Tudo bem... Posso estar vendo coisas, mas, algumas vezes, surpreendi os dois falando baixo e... Às vezes, sinto ela preocupada com algo, distante... Já perguntei, mas não me diz.

- Laur, não viaja.

- E os pesadelos? Quase toda noite... Acorda assustada, não me conta... Não consigo entender o que está acontecendo.

- Laur, vou conversar com Louis, vou ver se ela conversou com ele sobre algum problema... Mas não fica pensando bobagens.

Despedi-me dele e fui para a casa dela.
Aquele dia, eu cheguei um pouco mais cedo e não encontrei Camila na parte de baixo da casa, nem Louis... Resolvi subir para o quarto dela, imaginei que ela estivesse no banho. Quando cheguei na porta, sem querer, ouvi a conversa dos dois:

- Por que está agindo assim com ele, Camila?

- Estou preparando o terreno para poder contar, Louis... E será melhor se formos amigos, tenho medo.

- Conversou com ele? - Louis perguntou a ela.

- Sim... Estava me esperando na loja pela manhã.

- Não devia ter feito isso, Camila. Se foi ele, não vai te dizer. - Percebi que Louis estava alterado.

- Não. Eu sei. Mas queria perguntar e ouvir a resposta dele, perceber se mentia.

- E?

- Deu risada, disse que eu estava louca e, como sempre, tentou me beijar. Mas senti que estava nervoso e sinto que mentiu.

- Já contou para Laur?

- Não, por segurança acho que nem vou... Não agora... Algo me diz que tenho que evitar esse encontro.

Ficaram em silêncio e fiquei sem saber o que pensar sobre o diálogo dos dois. Me sentia culpada por estar ouvindo, ao mesmo tempo queria saber do que se tratava. Fiquei indignada por ela estar me escondendo algo e queria saber de quem falavam. Quem queria beijá-la? Quem ela não queria que eu encontrasse? Sem pensar muito e movida pelo ciúme, abri a porta. Os dois me olharam surpresos. Não tirei o olhar dela.

- Oi, Laur - Louis falou primeiro.

- Oi... Chegou cedo? - Ela ficou nervosa.

- Desculpa, deveria ter demorado mais? - perguntei demonstrando insatisfação.

Ela caminhou em minha direção e me beijou. Não correspondi.

- Meninas... Vou arrumar minhas coisas, amanhã vou para minha casa e deixarei vocês em paz.

Louis tentou descontrair e saiu, sem que nenhuma de nós respondesse.

- O que você ouviu, Lo?

A pergunta dela me fez rir.

- Por quê? Daí vai me contar somente o suficiente? - Encarei seus olhos, pois queria ver a resposta. Não somente ouvir.

- Não tenho o que te contar. - Desafiou meu olhar, sem se abalar, e respondeu com calma.

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