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Lauren

Dirigi até a casa dela com meus pensamentos em ebulição, me coloquei no lugar dela e entendia sua reação... Eu também não aceitaria e talvez minha reação teria sido pior.

Quando estacionei, meu celular chamou, olhei... Três chamadas de Lucy.

"Não! Lucy, agora não!"

E desliguei sem atender. Fiquei por algum tempo dentro do carro, tentando encontrar uma forma de começar a conversa. Como a convenceria de que não aconteceu nada do que ela imaginou?

Aos poucos, fui percebendo que não seria difícil, pois ela saberia... Desci do carro sorrindo com a conclusão a que cheguei, pois ia contra a tudo que eu mesma pensava, mas sabia que ela conseguiria ver em mim a verdade.
"Sim... Ela saberá!"

Bati na porta. Em pouco tempo, ela abriu. Ficamos por longos minutos nos olhando, até que ela falou:

- Entra...

Deu-me as costas... Entrei, empurrei a porta. Fui até ela, a fiz virar-se para mim:

- Camz...

- Não sei se quero conversar com você agora, Lauren.

- Eu preciso, Camz. - Me olhou. - Como acha que me senti ontem? Você me excluiu da sua vida.

- Não fiz isso, mas justifica assim ter levado Lucy pra cama?

Seu olhar negro me fuzilou. Respirei fundo.

- Não levei, Camz. Não dormi com Lucy, não fizemos nada... Eu... Eu bebi demais e ela me levou pra casa e dormiu lá. - Esperei e continuei: - Quando você chegou, eu estava dormindo.

- Quer que eu acredite que passou a noite com ela e não fizeram nada?

- Quero!

Silêncio. Me aproximei e a segurei pelos ombros com carinho:

- Olha para mim, Camz... Sei que pode ver. - Tentou se soltar, se afastar. Não deixei... Segurei-a com força e a puxei ao meu encontro: - Olha, Camz... Por favor. Me diz se o que vê é mentira? Me diz o que vê?

Ela encarou meu olhar... E por longos minutos nossos olhares se prenderam, percebi que sua expressão se alterou. Suspirou.

- Tenho medo de perder você. É uma sensação estranha - falou baixinho e uma lágrima caiu...

Abracei-a.

- Não vai... Amor.

Falei procurando seus lábios. Um beijo longo e revelador fez com que ela tivesse certeza e eu esperança... Se afastou.

- Me chamou de amor - disse nos meus lábios.

- Você é... E quero que divida comigo sua vida, me conte o que está acontecendo, não aguento imaginar que está com problemas e não divide comigo.

Me olhou com os olhos brilhando.

- Vou contar, Lo. Tudo... Eu... Eu te a...

Antes que pudesse terminar, ouvimos a porta abrir num estrondo. Reconheci o homem que entrou furioso, foi o mesmo em que esbarrei no shopping. Ela se afastou de mim. E se posicionou entre eu e ele.

***

Camila

O susto de ver Matthew entrar daquela forma me fez, por impulso e instinto, empurrar Lauren para trás... "Mantenha a porta trancada!" Foi isso que tia Vana falou. Era tarde demais.

- Matthew?

- Sua cigana vadia! Quando ia me contar? Quando?

Esbravejou. Lauren me empurrou para o lado... Tentou se aproximar dele, segurei-a pelo braço.

- Quem é você? Como entra assim na casa dos outros? - ela falou no mesmo tom dele.

- Lauren, por favor, não! - falei olhando firme em seus olhos, sabia que precisava afastá-la urgente. - Saia! - Tentei empurrá-la e olhei para ele, que nos olhava com ódio. Percebi o sorriso de sarcasmo em seus lábios.

- Como fui idiota. Mandei dar uma surra na pessoa errada.

- Quê? - Lauren gritou.

Fui em direção a ele.

- Eu sabia que tinha sido você. Eu tinha certeza... Seu doente! - falei com raiva.

- Você me enganou direitinho, cigana - ele continuou sarcástico.

- Nunca enganei você, Matthew, você que se enganou sozinho. Nunca incentivei nada... Agora saia da minha casa!

- Nunca imaginei que você fosse lésbica, Camila.

Lauren, num ímpeto, deu um passo em direção a ele, empurrei-a para trás.

Ele falava zombando e demonstrando o ódio que sentia... Fui em direção a ele e o empurrei para a porta. Algo me dizia que tinha que tirá-lo dali e logo... Assim que dei o primeiro empurrão, ele equilibrou-se para não cair e sorriu novamente.

Devagar, levou a mão às costas. Quando percebi, estava com uma arma apontada para nós...

Lauren tentou me puxar, mas ele foi mais rápido e me segurou pelos cabelos. Senti o cano frio na minha cabeça. O olhar de Lauren revelava o desespero que ela sentia.

- Por favor... Não faça isso. - Ouvi-a dizer baixo para ele... A risada dele foi a resposta. E disse:

- Está com medo que eu atire nessa vadia? Você a quer? - Empurrou-me em direção a ela com força. - Pegue... Mas saiba que não será sua.

Apontou a arma em direção a ela... Consegui chegar na frente dela e empurrei-a com as costas.

Ouvi o estouro, em segundos senti meu peito começar a queimar, meu corpo foi jogado para trás...

Olhei para ela. Para minhas mãos... O sangue escorrendo... Um sorriso.

"Não era dela".

Antes que meus joelhos atingissem o chão, ela me segurou... Ouvia a voz dela ao longe:

- Camila! Não!

Me abraçou. E... Mais dois tiros... O corpo dela ficou pesado e caímos juntas.

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a tensão dessa cena acaba com meus nervos :(

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