Amando Em Madrid

Carlos Sandoval

Quatorze 🦢👑

Emma (on)

Por mais que eu queira enrolar, não posso ficar na casa de Regina enquanto David tem seu momento de luto e de me culpar. Além disso ainda tem Mary, não posso deixá-la sozinha.

—Swan... — oculto o sorriso e olho para Regina, seus olhos estão ansiosos e um tanto preocupados. —Você tem certeza? Não tem problema ficar mais um pouco por aqui...

Largo o celular e me aproximo dela, afasto suas pernas com o joelho e me encaixo melhor, seguro suas mãos e respiro fundo.

—Não posso ficar retardando, em algum momento vou ter que falar com ele e voltar pra casa. Cariño, eu vou ficar bem. David não vai fazer nada.

—Eu só...

—Está preocupada, que fofa.

—Deixa de implicância. — fica emburrada me fazendo sorrir. —Eu sei que ele nunca faria nada mais grave, mas as palavras podem ferir bastante, Swan. E ele não está medindo a maneira de falar.

—Ele só está...

—Você também a perdeu, Emma. — fala mais suave interrompendo minha fala. —Ele não foi o único que perdeu a Bianca, mas é o único que está sendo rude e culpando os outros, principalmente você.

Ficamos em silêncio. Não tenho como retrucar, é a verdade.

—Confia em mim? — ela assente sem hesitar e isso me causa uma sensação estranhamente boa. —Eu ficarei bem. Mas eu não vou reclamar se quiser ir comigo, na verdade vou gostar bastante. Se for ficar mais tranquila é só vir comigo, Cariño.

—Não... não precisa, confio em você e sei que ficará bem.

—Então tá... — selo seus lábios e sorrio. —Agora eu vou...

Beijo-a mais uma vez e pego minha mochila.

Descemos juntas em meio a assuntos diversos – que Regina consegue conciliar facilmente – mas suas palavras frearam ao olhar para Zulema. Se encaram por alguns segundos, foi bem breve, mas pareceram horas. Então Zahir desviou sua atenção até fixar em mim e acenou brevemente com a cabeça, um gesto quase invisível e eu retribuí da mesma maneira. Ela passou por nós e subiu as escadas.

—O que tá rolando? — pergunto franzindo a testa.

—Não sei... — dá de ombros e sai andando, me apresso até ficar na sua frente.

—Regina, você tem tido problemas com sua irmã por minha causa?

—Não, Swan.

—Regina.

—Swan! — ela para de andar e cruza os braços.

Espero que algo seja dito, mas ela permanece calada e de cara feia. Por fim, balanço a cabeça e dou as costas.

—Até amanhã.

—Swan...

Não paro até estar fora da mansão Mills e sentir sua mão em meu braço, forçando minha parada.

—Eu não quero que nosso envolvimento interfira nas suas relações, principalmente com sua família.

—Não está. Zulema tem que parar de agir como uma criança e aceitar as coisas como são.

—E como as coisas são? — pergunto de propósito só pra ver ela embaraçada.

Sua boca abre e fecha algumas vezes até a ficha cair e ela perceber que só estou provocando.