Amando Em Madrid

dardos, maçã do amor e pelúcias

Onze 🦢👑

Só quem já perdeu alguém ou sabe que vai perder, entende a dor, a dimensão, o pesar que é. É algo profundo, como um eterno buraco escuro e que você só se afunda. É como se estivesse caindo dentro de si e não pudesse fazer nada; você só aceita! Não sabe em que momento você vai cair, mas sabe que quando acontecer será doloroso demais e que vai ser difícil levantar. Mas enquanto o impacto não vem, você só cai, sente esse vazio, esse lugarzinho que falta no peito e que você não pode fazer nada para mudar.

Você só aceita e espera.

Perder uma pessoa amada, seja amiga, parente, família, ou em algumas situações somente uma conhecida, mas que sempre existiu um respeito e admiração, um tipo de amor, essas perdas podem te destruir. Para alguns é menos difícil, você vê aquilo indo embora e sente, sente a queda, ver o escuro do buraco, sente o vazio no peito mas a queda é mais rápida: apesar de ser com o mesmo impacto.

Tem momentos que você pensa: Não, eu sei que isso vai acontecer, estou pronto. Mas então você se encontra em transe, a respiração desregulada, seus olhos marejados fixos em um ponto qualquer, coração batendo forte. De início você não está pensando em nada ou só não se dá conta dos pensamentos reais – o subconsciente numa falha tentativa de te proteger - até que a pessoa vem a cabeça e tudo desmorona.

A pessoa que você ama e sabe que nunca mais vai ver. É como um estalo na mente, a pessoa aparece e só então você se dá conta, sua ficha cai e você desaba.

Calafrios.

Coração descontrolado.

Respiração pesada.

As lágrimas quentes descendo pelas bochechas e molhando as roupas.

As mãos trêmulas.

Você só desaba e não pode fazer nada para controlar. Você só espera que a sensação passe em algum momento.

A mesma sensação é quando você sabe que vai perder um alguém importante e não pode fazer nada para impedir. Você pensa: Estou tendo tempo, estarei preparado. Mas não, você não vai estar e só percebe quando tudo desmorona bem na sua frente sem poder fazer absolutamente nada. Você sente culpa por pensar que poderia ter feito mais, você se sente impotente por perceber que não podia fazer mais.

É uma coisa tipo cara, eu amo essa pessoa e ela tá mal, tá indo embora e eu não posso fazer nada. Você tá de mãos atadas.

Seus olhos já não são os mesmos, você observa o estado pessoa e não consegue controlar a dor tão explícita no olhar.

Os olhos não mentem.

E a sensação permanece, um nó na garganta incapaz de ser desfeito e respirar de repente se torna cada vez mais difícil – e você pensa que uma coisa natural não poderia ser tão difícil algum dia. Mas então se dá conta que poderia sim, e percebe que talvez nem precise mais respirar com tanta frequência e quer parar, sente essa vontade. Você, inconscientemente, sente essa necessidade de parar e saber o que vai acontecer.

Será que veria essa pessoa novamente...?

Apesar dos pensamentos, você volta a inspirar e expirar na falha tentativa de se controlar rapidamente. Aí se passa uma semana, duas, três e então se foram meses: e você continua respirando. Ainda com dificuldade, mas continua.

Saber que vai perder uma pessoa é destrutivo.

Perder uma pessoa é algo que te destrói.