cap 2

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   Sabe aqueles dias que você levanta por pura obrigação ?! aquele que você sente que não vai ser um bom, que deveria ficar deitada mas sabe que precisa viver, hoje estava sendo um desses dia.
Suspirei olhando para meu despertador e percebi que acordei meia hora antes dele, voltaria a dormir mas o sono ja tinha passado. Levantei desanimada e a caminho do banheiro chutei a quina da cama. Dei um grande de um grito enquanto sentia minha alma saindo do corpo.

- Sua inutil função no corpo é ser atraido por moveis? - choraminguei apoiada na parede enquanto segurava o pé

Dizem que quando um dia começa ruim ele tem duas vértices, uma é que algo bom acontecerá e a outra é que será de mal a pior , então se serve de conselho, não saiam de casa, porem depende.
   Depois de minha alma voltar ao corpo fui ao banheiro e fiz minha higiene pessoal. Era aula pratica e precisava usar branco mas como uma pobre raiz, usar branco é uma pessima combinação com andar de ônibus lotado, então vesti uma calça de malha fina preta, a blusa e o tênis brancos, deixando a calça pra hora da aula.
    Olhava no espelho satisfeita com a roupa e com o pente comecei a pentear os cabelos, meus cabelos eram lisos de uma coloração rosa natural mas tinha lá seus dias de mal humor e hoje não tinha quem o fizesse ficar assentado.

- Quer saber? Foda-se - amarrei em um cocó mal feito cansada de tentar arrumado.

  Fui a cozinha, liguei a cafeteira e arrumava minha bolsa desligada do tempo, olhei o relogio e vi que ja estava em cima da hora, desliguei a cafeteira e bebi um gole do café, com a pressa queimando a lingua.

- ninguem me julgaria se eu desistisse de ir pra aula. Que zika do inferno - reclamei bebendo agua tentando amenizar o ardor.

Peguei a bolsa, tranquei a casa e andava apressada para parada de ônibus. Chegando a esquina vi que o ônibus ja estava em cima da parada.

- Ta de sacanagem. Essa locomotiva do inferno ta passando mais cedo por qual motivo? - Gritei frustrada e corri atras acenando. Acredito que o auge da humilhação do pobre é correr atrás do ônibus para que ele te espere. "Por que kami?! "

O motorista me reconhecendo esperou que eu chegasse e sorriu quando eu entrei. Minha cara ao contrario se contorcia em derrota, estava suava, com o cabelo todo esvuaçado, a lingua queimada, o mindinho dolorido mas me permiti abri um breve sorriso, afinal ele me esperou.

- obrigada motorista - agradeci

Recuperei o fôlego e levantei a cabeça foi quando notei que o ônibus estava quase vazio. "Kami do céu, é um milagre" , Pensei com um sorriso largo.
Meu rosto brilhou quando vi que não havia ninguem em pé e todas as cadeiras estavam ocupadas, menos uma que estava no fundão, não pensei duas vezes e fui as pressas sentar no lugar mas antes de chegar na cadeira ouvi um som de rasgo e uma leve brisa na coxa. "Que seja a sensação de um derrame, kami" .
Parei e respirei fundo, olhei para onde sentia a leve brisa e vi um rasgo medio que vinha da polpa da bunda até quase meia coxa na frente , quase arranca a perna na calça, ela havia engatado em um ferro solto dessa locomotiva desgraçada e rasgado, algumas pessoas me encaravam e outras disfarçavam . "Acho que vou descer e pedir para o motorista passar por cima de mim, seria menos constrangedor" .
  Ja tinha batido minha cota de humilhação do dia, fingi demência e sentei logo na maldita cadeira. "Pelo menos estou sentada". Estava de cabeça baixa evitando notar que me olhavam na tentantiva de diminuir o constrangimento.

- Deveria processar a transportadora, esta coisa está caindo aos pedaços - escutei uma voz masculina, grossa e sensual ao meu lado e se tem algo que une o pobre é a reclamação, é mandamento "onde tiver 2 ou mais pobres reunidos em uma situação desagradavel, reclamarão juntos e acabarão amigos".

  Abri um sorriso sem graça e levantei a cabeça pra começar a reclamar daquele maldito ônibus quando notei que era meu crush do ônibus, meu sorriso tentou morrer e se deformar em uma face de desespero, mas engoli seco e parecer uma transtornada mais do que ja estava parecendo definitivamente não estava nos planos, me obriguei a manter o sorriso e nervosamente coloquei a bolsa no colo pra cobrir o rasgo. " Não me surpreenderia se caisse uma raio da minha cabeça agora"

- Ah, essa transportadora deve conhecer meu nome muito bem de tanto que reclamo no site deles - virei o olhar fixamente para minha bolsa e passei a mão no rosto, com sorte ele não lembraria de mim e me ignoraria pra sempre.
- Pega  - o ouvi falar e olhei para ele. Ele segurava um casaco preto em minha direção - Enrola na cintura
- Nã-não precisa... e-eu - gaguejava e ficava vermelha como a bela lerda indiscreta que eu era
- relaxa, pegamos o mesmo ônibus todo dia, pode me entregar amanhã - sorriu leve de lado. Senti meu coração querer parar, parecia que ele reluzia como o deus que ele era. "Kami, pode me levar em paz agora" - se bem que amanhã é sabado mas pode me entregar segunda

A essa altura eu ja havia perdido os sentidos, o encarava com um sorriso bobo e olhos baixos, apaixonada, eu era facil demais.

- tudo bem? - Ele falou me acordando do meu transe
- ah, sim, otima, obrigada. Se-segunda eu devolvo, limpo eu juro - sorri sem graça pegando o casaco e amarrando na cintura.

   Ele sorriu gentil por fim e colocou o fone, voltando a olhar pela janela. Estava boba e constrangida e como todo jovem sem graça peguei o celular para me distrair, vi que havia algumas mensagens e como sempre as de ino eram musicas de 3 minutos, quem manda audio mais de 2 minutos, não é audio, é musica.
   Encostei o celular na orelha para ouvir o audio pois conhecia bem minha melhor amiga pra saber que seus audios jamais devem ser ouvidos altos mas meu celular tinha outros planos.

- Sakura, descobri sobre o moreno gostoso que pega ônibus com você , o nome dele é sasu...... - tirei o celular do ouvido e o desliguei e como travava mais que um video com pouca internet quase o arremessei pela janela . Fechei os olhos querendo chorar "kami, me dá um infarto agora de presente por favor".

  Funguei engolindo o choro e olhei discretamente para o moreno ao meu lado, que tinha um sorriso discreto ainda olhando pela janela. "Será se ele ouviu? Claro que deve ter ouvido. Konoha toda deve ter ouvido, por que isso ta acontecendo comigo kami? "
  Passei o resto sa viagem de cabeça baixa, desejando que o ônibus se partisse no meio e só eu caisse no buraco.
  Quando chegamos proximo a parada do meu crush,  ele levantou e puxou o sino.

- segunda eu devolvo - sorri acenando pra ele
- tudo bem Sakura - sorriu e desceu

"Ele é tão lindo, aquele sorriso perfeito, ele é tão ...... Sa-sakura? Ele me chamou pelo meu nome mas eu ...." Lembrei do audio e mais do que nunca pensava em me jogar daquele ônibus em movimento pra vê se morreria logo, sem duvidas na segunda pediria pra uma das meninas devolverem o casaco pra ele e sumiria do país.

- esse dia não pode ficar pior. - choraminguei baixo

O Crush do ÔnibusOnde histórias criam vida. Descubra agora